Eles são muitos. Anônimos diante de uma tragédia. Rostos amigos que logo são esquecidos por aqueles que ajudaram. Marcelos, Pedros, Edsons, Carlos, Lúcios. Pessoas que deixam suas casas, muitas vezes alagadas, para ajudar outras que estão muito mais necessitadas. Voluntários que fazem a diferença em uma enchente como a vivida em Itajaí na primeira semana de setembro.
Uma semana após as águas baixarem, a vida retornando ao normal e o tempo firmando, o DIARINHO foi conversar com algumas pessoas que deixaram os seus afazeres de lado para ajudar o próximo. Chegamos ...
Uma semana após as águas baixarem, a vida retornando ao normal e o tempo firmando, o DIARINHO foi conversar com algumas pessoas que deixaram os seus afazeres de lado para ajudar o próximo. Chegamos aos voluntários por indicação. Um vai indicando o outro e não param de aparecer nomes. Todos preferiram permanecer no anonimato, na certeza que não fizeram mais do que a obrigação. Porém, diante da insistência, acabaram aceitando relatar os momentos vividos durante a cheia.
Faltaria espaço aqui para trazer as histórias de tantas pessoas que, por vontade própria, foram para os abrigos, ruas alagadas ou para o rio ajudar a quem precisa. A gratificação para estes voluntários é sempre a mesma: o sorriso, o agradecimento, o aperto de mão daqueles que estavam ilhados, perdidos ao redor de um mundaréu de água e foram amparados. Dar água para quem tem sede ou comida para quem tem fome eram também afazeres dos voluntários, que, muitas vezes, também tiveram que racionar e controlar os donativos para evitar que alguns atingidos ganhassem mais e outros de menos. Tarefa nada fácil numa situação de catástrofe.
A lição para todos que ajudaram os mais de 20 mil atingidos e três mil desabrigados pela enchente, que chegou a 60% do território urbano e 80% da zona rural de Itajaí, é quase sempre a mesma: aprimorar o planejamento, a comunicação, o espírito solidário do ser humano, para ajudar mais e melhor em uma próxima situação como esta.
Uma conta que não fecha
Contar quantos voluntários ajudaram na cheia é tarefa quase impossível pra prefeitura de Itajaí. Na quarta-feira passada, a administração municipal acreditava que 600 pessoas prestaram serviços no centreventos e na defesa civil, mas certamente este não é o número exato. A história do técnico em informática Lúcio Tassion Marques, que saiu sozinho pelas ruas, resgatando desabrigados com sua lancha, não está nesta estatística. A colaboração do irmão de Lúcio e do amigo Móises Vieira também não entrou nestes números.
Impossível prever quantas pessoas deixaram suas casas para dedicar apoio nas áreas alagadas como no Cidade Nova, Ressacada, Dom Bosco, São Vicente, Cordeiros, Vila Operária, São Judas, Nova Brasília, Espinheiros, Salseiros, São Roque, Cananduba, Campeche e Itaipava.
Contando as histórias que seguem, o DIARINHO presta uma homenagem a todos estes que continuarão no anonimato, mas com a certeza que a gratidão daqueles que receberam a ajuda.
O tempo levará as lembranças, mas o verdadeiro agradecimento permanecerá no coração.