A barriga roncou ontem no presídio Regional de Balneário Camboriú. No comecinho da manhã, os detentos do cadeião da rua Inglaterra iniciaram uma greve de fome como protesto por supostos maus tratos. Eles rejeitaram o café da manhã e também não quiseram o almoço, contou Leandro Kruel, diretor do cadeião. A situação voltou ao normal ao finalzinho da tarde e no começo da noite a janta foi servida normalmente, informou o chefão do xadrez. Ao DIARINHO, os presos mandaram uma carta manuscrita em duas folhas de papel, falando sobre o motivo do berreiro e apresentando suas reivindicações.
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Na carta, os presos disseram que pretendiam fazer um protesto pacífico. Leandro Kruel confirmou que não houve qualquer tumulto ou confusão nas celas ou corredores do presídio. A única coisa estranha ...
Na carta, os presos disseram que pretendiam fazer um protesto pacífico. Leandro Kruel confirmou que não houve qualquer tumulto ou confusão nas celas ou corredores do presídio. A única coisa estranha foi mais da metade dos presos, que tão nas alas internas, recusarem o rango.
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A direção do cadeião recebeu dos presos uma lista de reivindicações. Os pedinchos eram, em especial, por tratamento de saúde adequado, informações sobre o andamento dos processos dos detentos e direito às regalias pra quem tem bom comportamento. Parte dessas reivindicações constam da carta que chegou ao DIARINHO em forma de denúncia. Os presos relatam que, por conta da falta de atendimento médico, cinco colegas que tinham Aids, tuberculose ou pneumonia já morreram por lá nos últimos seis meses.
Leandro negou as acusações. Dois morreram naquele período, mas com atendimento e no hospital, disse. Tanto um médico quanto um dentista atuam às quartas-feiras, afirmou. Inclusive o médico esteve aqui hoje [ontem] e atendeu. Ele sempre trabalha a partir das 8h enquanto tem gente pra atender, mas tem alguns que dormem até tarde e não são atendidos, comentou.
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Toda manhã, contou ainda o diretor da cadeia, um enfermeiro também presta serviço no presídio. Além disso, afirmou, todos os programas de saúde preventiva da prefa são aplicados por lá.
Pro diretor, o berreiro pela situação dos processos e regalias não teria pé nem cabeça. No começo deste ano, houve uma mutirão carcerário da justiça e não há um processo em atraso, garantiu. Já as informações referentes aos processos dos presos não é de responsa da direção da cadeia, argumentou, e sim dos advogados de quem tá enjaulado.
Teria rolado violência em outros cadeiões
Outro motivo alegado pelos presos do Balneário pra protestar através da greve de fome é a solidariedade a detentos de outras unidades prisionais, como a de Itapema e a da Canhanduba, em Itajaí. Por lá, estariam rolando maus tratos e violências. A pior situação seria em Itapema, onde um detento teria recebido um balaço de borracha no queixo, dentro da cela.
Marco Antônio Caldeira, diretor da unidade Prisional Avançada (UPA) da Itapema, jurou de mãozinhas postas que as denúncias não são verdadeiras. Único mau trato aqui pro preso é não ter droga ou celular, descascou.
José Milton Santana, administrador do presídio da Canhanduba, também garantiu que por lá não rolou violência contra detentos. Mas como qualquer outra denúncia, essa também vai ser averiguada, afirmou.
Ontem, informou Milton, a situação tava normal por lá. Desde que os presos foram flagrados domingo fazendo uma pirâmide humana pra chegar ao teto do pátio, as TVs foram tiradas da cela como castigo.
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