A idade avançou e Paulo, aos 22 anos, viajou milhares de quilômetros entre o Rio Grande do Norte e Santa Catarina. Parou em Porto Belo, onde foi morar com uma tia. Os estudos não estavam nos planos do jovem, que logo tomou gosto pelo mar. Foi moço de convés e chegou a motorista de embarcação. Mas faltava-lhe algo. Sempre gostei de ler. Mas tinha muita dificuldade, diz.
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A vida no mar não foi fácil, mas Paulo admite que adorava o que fazia. Foi por conta do trabalho que acabou chegando a Itajaí, onde vive até hoje, no bairro São Vicente. Casou-se, teve quatro filhos. Todos estudaram do ensino fundamental até o ensino médio. Paulo era feliz. Ou acreditava nisso. Mas a vida tratou logo de avisá-lo: volte para a escola, homem!
Torcedor do Flamengo e apaixonado por futebol, Paulo nunca dispensou as peladas de meio e final de semana. A prática do esporte, aliada ao trabalho pesado, lhe impuseram uma limitação: o joelho fraturado. Largou o emprego e passou os dias sozinho em casa enquanto o resto da família trabalhava. Paulo juntou um pouco de coragem e deu um pulo na escola Básica Aníbal Cesar, no bairro onde mora. Lá, sem ainda tomar conhecimento da educação para Jovens e Adultos (EJA), foi matricular-se no ensino regular. Dividiria a sala de aula com crianças e adolescentes. Isso o incomodava demais. Foi aí que eu conheci a professora Maristela. Ela me contou da EJA e minha vida mudou, fala.
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Já no primeiro dia de aula, Paulo teve uma baita surpresa: não estava sozinho. Havia outros como ele. Pessoas que largaram os estudos ainda jovens e depois de 20, 30, 40 anos, voltaram ao banco escolar. As limitações antes impostas pelas dificuldades em juntar letras em palavras transformaram-se num mar sem fim de projetos e desejos esquecidos. Quero me tornar um profissional qualificado e procurar um emprego bom, sonha. E olha que ele tem 59 anos!
Trechos da vida dele estão no livro Histórias de vida: coragem para continuar, organizado por professores e diretores da EJA de Itajaí. Além da vida de Paulo, outras 44 pessoas explicam, em textos carregados de verdade, suas dificuldades e as voltas por cima. Nos cantos das páginas desta reportagem, o DIARINHO traz trechos de 27 histórias. O livro é resultado de um trabalho de sala de aula: cada aluno deveria escrever sobre sua vida e sobre quando decidiu voltar a estudar.
Dois dias antes do lançamento do livro, que ocorreu na última sexta-feira, no auditório da prefeitura de Itajaí, Paulo conversou com a reportagem na escola Aníbal Cesar, onde ainda é aluno. Chegou alinhado, vestindo uma camisa cinza, calça jeans azul e sapato marrom. No pescoço, trazia a imagem de Nossa Senhora Aparecida e no pulso, um relógio prata. Carregava na mão uma folha de papel almaço com o discurso que daria no lançamento do livro. Leu as palavras em voz alta e clara, sem interrupções na fala e em um ritmo agradável. Nunca é tarde para estudar, encoraja.
Parou de estudar e quer voltar a encarar os livros? Matricule-se na EJA mais próxima da sua casa!
Gaspar da Costa Moraes (Fazenda)
Rodovia Osvaldo Reis, 54
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Telefone: 3348-5646
João Duarte (São João)
Rua Ernesto Kobarg, 372
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Aníbal Cesar (São Vicente)
Rua Estefano José Vanolli, s/nº
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Pedro Rizi (Cidade Nova)
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Centro Educacional do Cordeiros
Avenida Dr. Reinaldo Schmithausen
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Thereza Bezerra de Athayde (Espinheirinhos)
Avenida Atílio Dalçoquio, s/nº
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Judith Duarte de Oliveira (Itaipava)
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Três extensões de ensino
Centro de Tratamento Alternativo Pró-vida - oferece aulas para ex-dependentes químicos e viciados em tratamento
Carvalho
Centro de Recuperação Resgate dominante - atende mulheres dependentes químicas
Ressacada
Centro de Convivência do Idosos
São Judas