A determinação para ajustes nos trampos dos peões saiu da reunião do último dia 13, na procuradoria Regio­nal do Trabalho da Santa e Bela, em Floripa.

A DMX garante que a regulariza­ção dos trampos já está sendo feita. No entanto, alguns caminhoneiros acreditam que o perrengue tá longe de ter um fim.

O motorista autônomo J.S., 60 anos, reclama que a APM está ten­tando fechar monopólio com a DMX e não autorizar a entrada de outras transportadoras no pátio. Pro traba­lhador, motoras deveriam escolher pra qual empresa trabalhar. De acor­do com o presidente do sindicato dos Transportadores Autônomos de Con­têineres e Cargas em Geral de Itajaí e Região (Sintracon), Ademir de Jesus, a APM pode fechar contrato de pres­tação de serviços com quem bem en­tender. Isso é ruim pra categoria, mas não ilegal, acredita.

A esposa do motorista, M.S., ajuda o maridão nos trampos e tá revolta­da com o boato que circula entre os caminhoneiros. Pra ela, a DMX não oferece segurança aos motoristas e ga­rante que vários deles já registraram boletim de ocorrência por terem peças furtadas dos caminhões. Além disso, M. diz que é desumana a forma como estes profissionais são tratados. Sem direito a ir ao banheiro ou almoçar, trampam num regime de escravidão. “Se ficar só a DMX, todos os moto­ristas autônomos terão que trabalhar para esta empresa, tendo que se su­jeitar ao que ela definir”, comenta a muié, que é motorista de bruto há seis anos.

A APM Terminals não quis se pro­nunciar sobre o assunto e o contador da DMX Logística, John Artmann, li­mitou-se a reconhecer a existência de alguns problemas com motoristas de caminhão, mas que, segundo ele, já estão sendo solucionados. John ainda enfatiza que de agora em diante a em­presa “manterá a casa em ordem”.

Presente na reunião com o MP semana passada, o presidente do Sintracon, Ademir de Jesus, revelou que após explanação sobre as denún­cias de motoras trampando 24 horas sem intervalo, sem carteira assinada e em condições desumanas, o pro­curador do MP, Anestor Mezzemo, responsabilizou a APM pela falta de fiscalização dos serviços da empresa terceirizada. Nenhuma penalidade foi aplicada, mas até 10 de novembro tudo deve estar regularizado.

Sobre o monopólio da DMX, Ade­mir revela que a melhor opção pra categoria seria se a cooperativa do sindicato, Logcooper, realizasse os serviços de movimentação das car­gas. “Cooperativa não repassa verba pra político e não tem caixa dois, por isso temos dificuldade pra negociar”, lamenta, comentando ainda que a DMX deve ter outros negócios com a APM, além do transporte.