Sempre que falo de palhaços reafirmo que os vejo como poetas em ação, representando, na verdade, a própria história. Quem me conhece sabe de minha desmedida admiração por palhaços. Sempre vi neles a mais perfeita definição para o artista, qualquer um. Todo artista vive permanentemente o dilema entre ser ele mesmo e ser o outro.
É o palhaço quem traz em si as emoções que fazem o outro rir, mesmo sabendo que jamais levará o espectador à plenitude da alegria. Por isso, o palhaço vive exilado na imperfeição e sofre, porque ...
 
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É o palhaço quem traz em si as emoções que fazem o outro rir, mesmo sabendo que jamais levará o espectador à plenitude da alegria. Por isso, o palhaço vive exilado na imperfeição e sofre, porque, ao servir ao outro, esquece de si mesmo.
Sempre que falo de palhaços reafirmo que os vejo como poetas em ação, representando, na verdade, a própria história. A mesma história que se repete. Os palhaços nos ensinam a rir de nós mesmos e estão separados do mundo não pela gargalhada homérica, mas pelo riso silencioso que nasce da tristeza. Tudo o que foi dito acima talvez esteja mais bem explicado no retrato da capa, do palhaço Piolin - Abelardo Pinto -, que desenhei muitos anos atrás, depois de assistir a uma apresentação dele em seu próprio e pobre circo na Barra Funda, São Paulo.
Já estava bem velhinho. Naquela noite, não deu para rir de suas trôpegas brincadeiras. Mas no camarim, aí sim, chorei bastante. Esse desenho é, portanto, um retrato fiel da solidão que vi disfarçada e mal escondida atrás de uma máscara feliz. Naquela noite, já tão longe no tempo, soube que os palhaços são a mais perfeita definição para o que é ser artista: servir ao outro e esquecer de si mesmo.
* Escrito por Elifas Andreato ao Almanaque Brasil