Tava tudo às mil maravilhas. Mas o racha de opiniões, histórico no PT, pode acabar com a candidatura de Níkolas Reis (PT) pra prefa de Itajaí no ano que vem. O vereador e pré-candidato a prefeito defende a aliança com o PSDB peixeiro. A conversa entre as siglas já estava adiantada. Só que uma turma de petistas berrou contra a coligação. “A conversa com o PSDB é o que temos, até agora, de mais concreto. Sair com chapa pura seria um suicídio eleitoral”, afirma o menino de ouro do PT.

Os vermelhos que são contra a aliança com os tucanos se sentem calçados por uma resolução do PT nacional que, há dois meses, determinou que PSDB, DEM e PPS são adversários. Apesar do mesmo papéli deixar brechas pra acertos regionais, sem vetar alianças na proporcional, proíbe que petistas e tucanos estejam juntos na majoritária.

Níkolas conta que chegou à posição de pré-candidato a prefeito depois que o ex-chefão da prefa, o deputado estadual Volnei Morastoni (PT), tirou o dele da reta. “Na negativa do Volnei, sobrou a tarefa pra mim. Nunca pedi pra ser candidato. Entendo que vou pro sacrifício, mas sair sem qualquer perspectiva já é demais”, desabafa. Níkolas acha que só é possível derrubar a reeleição de Jandir Bellini (PP) caso todas as siglas de oposição se unam num mesmo bloco.

Neste novo cenário, que ficou mais evidenciado depois da última reunião do partido, no mês passado, Níkolas já cogita a possibilidade de, ao invés de disputar o comando da prefa, tentar a reeleição pro legislativo. “Sem o PSDB, dificilmente sairei, apesar de querer muito ser candidato a prefeito”, afirma o parlamentar. Ele diz que nem pensa somente no resultado das urnas, mas também nas discussões do período eleitoral. “Gostaria muito de disputar contra o Jandir. Ganhando ou perdendo, seria um debate bem qualificado”, imagina.

Prefere ficar neutro

O presidente dos vermelhos peixeiros, Davi Coelho (PT), não quer se posicionar sobre a divergência de opiniões dentro da sigla. “O que eu acho, não levo em consideração. O presidente acata o que a maioria decide, sempre fomentando o debate e lutando pra manter a unidade do partido”, discursa. Davi garante que, ao ficar em cima do muro, não está fugindo da responsa, apenas cumprindo a obrigação enquanto líder da legenda. Quanto ao berreiro contra a aliança com os tucanos, ele não ficou surpreso. “É um processo absolutamente normal quando se tem a liberdade de expressão”, conclui.

Tucanos não se importam com as diferenças ideológicas

O presidente do ninho tucano no Itajaí, Deodato Casas (PSDB), garante que a possível coligação com o PT não gerou nenhum tipo de manifestação contrária. “Dentro do PSDB entendemos que nossas ideologias são diferentes, mas que precisamos esquecer isso e ver que temos projetos e objetivos em comum pra cidade”, destaca Deodato. Ele também é pré-candidato a prefeito e, caso a aliança com os vermelhos se confirme, é quem deve estar na mesma foto que Níkolas na eleição do ano que vem.

Quanto ao berreiro dos petistas, Deodato já esperava. “Isso é normal, porque alguns filiados do PT são muito ferrenhos. Mas a política é dinâmica e por isso temos que ser sempre maleáveis”, ressalta o líder tucano. Na última eleição municipal, o PSDB estava ao lado de Jandir na luta pra derrubar a reeleição de Volnei. Mas, desde o meio do ano, os tucanos não querem ver o atual prefeito nem pintado de ouro.