A grevona que parou todo o porto de Itajaí completou ontem uma semana. A direção da APM Terminals, empresa que administra berços de atracação no terminal, comunicou que fez uma nova oferta de acordo aos conferentes, que estão de braços cruzados desde o último dia 27. Pela proposta, os conferentes receberiam R$ 6.386,80 ao mês, mais benefícios. Os sindicalistas afirmam que não receberam nadica de nada pra analisar. Enquanto o rolo não acaba, 12 navios já deixaram de atracar na city e o porto já contabiliza mais de R$ 4 milhões de prejuízo.

A nova proposta pros trabalhadores foi apresentada em coletiva realizada pelos bagrões da APM, no início da tarde de ontem. “Ela aumenta o valor que a APM pagaria para os trabalhadores que não terão vínculo empregatício com a empresa, que são 30, dos 54 conferentes que o porto possui. A empresa precisa fazer estas mudanças para poder competir no mercado. Atualmente, a APM paga o maior salário do país para os conferentes, que se trabalhassem 44 horas semanais, como qualquer trabalhador normal, receberiam R$ 33 mil por mês. Ou seja, receberiam mais que a presidente da República e que os ministros”, lasca Marcos Mugnaini, advogado da APM.

Na coletiva, a empresa ainda revelou os números do prejuízo após sete dias de paralisação. “Já são 12 navios que deixaram de atracar no porto de Itajaí, totalizando um prejuízo de cerca de R$ 4,2 milhões. A quantidade de contêineres que deixaram de ser descarregados já supera 7500. E nem estamos contabilizando o prejuízo que o porto vai ter por causa da falta de credibilidade”, calcula o gerente comercial da APM, Paulo Pegas.

Não chegou nada

Perguntado sobre a nova proposta anunciada pela APM na coletiva de imprensa, o presidente do sindicato dos Conferentes, Laerte Miranda Filho, foi categórico na resposta. “Não recebemos nenhuma proposta. Se falaram que entregaram para o sindicato, é mentira. A greve continua, infelizmente”, afirma o bagrão.

Na quarta-feira, feriado de Finados, o navio inglês HS-BACK chegou a atracar no porto peixeiro, mas saiu do jeito que chegou: cheio de carga. De acordo com a assessoria de comunicação da APM, a embarcação esperou das 8h às17h, mas nenhum conferente apareceu pra trampar, mesmo com o chamado do órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo) do porto de Itajaí.

Entenda a bronca

No final de setembro, terminou o contrato entre o sindicato dos Conferentes e a APM. Os trabalhadores fizeram então o dissídio coletivo e deram entrada na delegacia Regional do Trabalho. Mas a empresa, ao invés de renovar o contrato com os peões, abriu um edital pra contratação de 24 conferentes. No edital, o salário era de R$ 6.386,80, mais R$ 530 de vale-alimentação. Os outros 30 conferentes receberiam uma ajuda de custo mensal de R$ 3 mil, por um período de seis meses. O valor seria 30% menor do que os conferentes recebem, em média.

Desde então, várias reuniões foram marcadas, inclusive uma que durou sete horas, na última terça, mas nenhuma terminou com final feliz pros trabalhadores e chefões. Na proposta que teria sido apresentada ontem, os outros 30 conferentes receberiam nos próximos 10 meses o mesmo valor dos contratados pelo edital. Pra receber a bolada, cada peão deve trabalhar, no mínimo, 10 turnos de seis horas de trabalho.