O velejador Torben Grael era uma das lendas da vela que estavam presentes nesta sexta-feira em Alicante, na Espanha, acompanhando os últimos preparativos para a largada da Volvo Ocean Race, na tarde deste sábado (11h no horário de Brasília). Torben, junto com Horácio Carabelli e Joca Signorini venceu a última edição da Volvo Ocean Race 2008/2009, mas este ano está fora da competição. Ele falou ontem com a reportagem do DIARINHO em Alicante.

O brasileiro não quis arriscar um palpite sobre quem será o vencedor da edição 2011/2012 da competição, mas admitiu que o barco de Abu Dhabi pode ser uma surpresa. Torben também falou da importância de Itajaí ser uma das passagens da Volvo e da anunciada construção da marina em Itajaí. Confira o bate-papo.

DIARINHO – Como é a expectativa dos velejadores para a largada?

TORBEN GRAEL – Tem sempre um pouco de nervosismo nessa hora, faltando pouco tempo para largar, mas já está praticamente tudo pronto. Aí bate aquela ansiedade de querer começar logo. Isso é normal de qualquer competição.

DIARINHO – O mau tempo pode interferir na largada? - ontem chovia em Alicante.

TORBEN – A previsão do tempo muda pouco. Vai ter um vento bom, o que é legal para a largada. É melhor largar com vento forte do que com fraco. Da última vez largamos com um vento forte e foi bem legal. Tendo vento é bom porque fica um espetáculo mais bonito, mais plástico, mais dinâmico para quem está assistindo, e deixa uma imagem boa da regata.

DIARINHO – Nessa primeira etapa, qual o momento mais difícil para os velejadores? É a largada mesmo ou tem algum trecho mais difícil nessa primeira perna da competição?

TORBEN – A largada tem aquela tensão do começo da regata, mas influencia pouco no resultado final, porque a etapa é comprida. É mais uma questão psicológica, de largar bem aqui, na frente do público. Mas a influência na regata em si não é muito grande. O trecho difícil é a passagem nas águas equatoriais. Vai descendo para o sul e chega uma hora que você vira rumo à Austrália. Se você virar muito cedo, corta caminho, mas pega menos vento. Essa hora de fazer a curva é uma hora muito importante.

DIARINHO – Já dá pra arriscar quem será o vencedor da competição?

TORBEN – Muito difícil, porque eu não vi os barcos velejando em etapas maiores. A regata do porto dá pouca indicação de performance. Ela é mais da tática, da largada, das manobras. A primeira etapa tem até uma tradição: quem ganha a primeira etapa geralmente ganha a regata.

DIARINHO – O barco de Abu Dhabi venceu a regata do porto com uma larga vantagem para o segundo colocado. Este barco pode ser a grande surpresa da competição?

TORBEN – Eu acho que será uma boa surpresa. Se ele vai ter condições de ganhar, são outros quinhentos. A vitória da regata local não é determinante para a competição.

DIARINHO – Qual a sua expectativa para a chegada da regata em Itajaí? É a primeira vez que um evento como este passa por Santa Catarina. Qual a sua impressão da movimentação da cidade?

TORBEN – Eu acho que será muito bom para Santa Catarina. O evento vai crescer por ser lá em Itajaí. É um evento importante, mas quando passou pelo Rio de Janeiro, uma cidade tão grande, com tantos eventos simultâneos, a Volvo ficava um pouco apagada lá. Eu acho que em Itajaí será o contrário, será “o evento”. Tem tudo para ser muito bom.

DIARINHO – A passagem da regata por Itajaí deve desenvolver a prática da vela na cidade ?

TORBEN – Eu acho que não vai desenvolver assim de uma hora para a outra, mas eu acho que vai atrair interesse. Se a marina for para frente, eu torço para que aconteça, eu acho que isso vai causar um avanço grande. A gente precisa de lugar para colocar os barcos. Tem muita gente que gostaria de ter barco, mas tem que ter onde colocar. São poucas as opções no nosso litoral todo.