O prefeito Jandir Bellini já chegou a Alicante, na Espanha, com a ideia de anunciar em grande estilo o lançamento do edital para a licitação da marina de Itajaí. Aguardando a resolução de entraves burocráticos, especialmente a liberação do licenciamento na Fatma, só na quinta-feira à noite Bellini teve certeza de que poderia fazer a surpresa conforme o planejado. Ontem, às 21 horas da Espanha (seis da tarde no Brasil), o prefeito falou publicamente sobre a abertura do edital numa cerimônia para jornalistas, membros do governo municipal e estadual.

Em 60 dias deve ser conhecido o nome do vencedor da licitação. Mas se engana quem acha que a marina ficará pronta para a etapa da Volvo que passa por Itajaí em abril do ano que vem. “Não tem nada a ver com a etapa da Volvo em si, mas é uma obra que vai ao encontro dessa vocação náutica que queremos despertar em Itajaí a partir da regata,” explicou o prefeito. Para Bellini, a marina deve ficar pronta cerca de um ano após a conclusão da licitação.

O vencedor da licitação, que vai ter que desembolsar cerca de R$ 40 milhões para bancar a obra, terá também que atender às várias exigências do edital. Bellini disse ao DIARINHO que está sendo atendida a maioria dos pedidos feitos pela comunidade durante a audiência pública que debateu a construção da marina.

Entre eles, está a construção de 80 vagas públicas para a atracação dos barcos da Associação Náutica de Itajaí (ANI) e dos pescadores artesanais. O edital também proíbe muros que impeçam a visualização da marina no trajeto da avenida Beira-rio.

“A vencedora da licitação ainda terá que construir, em contrapartida, a nova sede da polícia Federal em Itajaí,” completou o prefeito.

Quem também estava em Alicante e se mostrou animado com o anúncio da marina foi o secretário de Desenvolvimento Econômico de Santa Catarina, Paulinho Bornhausen. “Este anúncio desenterra uma caveira de burro que parecia estar enterrada naquele local. Surge hoje uma nova era para Itajaí”, disse Paulinho à reportagem do DIARINHO.

O velejador brasileiro Torben Grael, membro da equipe vencedora da última regata da Volvo, e verdadeira lenda da vela mundial, concorda que a construção da marina pode impulsionar a prática da vela em toda a região de Itajaí. Torben explicou ontem ao DIARINHO que a simples passagem da regata da Volvo não é capaz de desenvolver sozinha uma cultura náutica. Já a marina, acredita Torben, pode proporcionar o primeiro contato das pessoas com o mundo náutico. Ele também acredita que a marina permita que mais pessoas tenham barcos. “Faltam marinas em Santa Catarina. Para que as pessoas tenham barcos é preciso ter onde guardá-los,” opina.

O velejador acha que a preocupação exagerada dos ambientalistas com o impacto ambiental deve ser questionada. “É uma coisa sem sentido nenhum. O que você vê em terra, nas construções, na verticalização das cidades, tem um impacto infinitamente maior do que uma marina. Quem faz a marina tenta mantê-la num excelente estado, igual você vê aqui em Alicante: com água limpa, preservando o entorno. Isso não agride em nada o meio ambiente,” conclui.