Há três anos o mestre Anoar Schimitt, 32 anos, ministra aulas voluntárias de Taekwondo numa associação pro pessoal da melhor idade e pra jovens carentes, em Balneário Camboriú. Por falta de recursos, ele resolveu pedir uma ajuda do programa federal do Ministério do Esporte, o bolsa atleta. Porém, ele teve o pedido negado pela fundação de Esportes do município porque o mestre não conseguiu comprovar que mora na Maravilha do Atlântico.
Pra Anoar, a prefa não tá nem aí pra ele, que já fez muito pelo esporte da cidade. Acho que minhas medalhas não valem para este conselho. Não querem ajudar. Eles poderiam ter dito: Olha, consegue ...
Pra Anoar, a prefa não tá nem aí pra ele, que já fez muito pelo esporte da cidade. Acho que minhas medalhas não valem para este conselho. Não querem ajudar. Eles poderiam ter dito: Olha, consegue outro documento que esse aqui não vai dar, mas não. Isso é uma vergonha pra qualquer atleta, diz, revoltado.
O mestre, que há 20 anos se dedica ao esporte, fez questão de mostrar os títulos que ganhou representando Balneário em outras localidades. O trabalho voluntário que faz dando aulas de Taekwondo fez com que o atleta pensasse numa forma de ajudar seus alunos. Como na semana passada a prefa abriu o edital pro bolsa atleta, ele se candidatou ao programa. Eu apresentei duas cartas do correio [comprovando a moradia] e indeferiram meu pedido. Eu tinha certificado de competição também. Acho que isso é uma prova de que eu resido em Balneário, debulha.
Mesmo abatido pela desaprovação do Reino da Dinamarca, Anoar garante que vai continuar com seu trabalho voluntário e buscar outras alternativas. Minha atitude de atleta é continuar treinando. Se eu pegar oportunidade em Itajaí, vou voando, afirma. Nosso taekwondo está morrendo e foi o único ouro de Balneário. Só gostaria de ser reconhecido. Eu não tenho como ajudar meus alunos, não tenho nenhum tipo de recurso, nada. A minha intenção [com a inscrição do bolsa atleta] era ajudar meus alunos com a minha bolsa, lamenta.
Há critério
O superintendente da fundação Municipal de Esporte, Sandro Bernardoni, diz que Anoar não conseguiu comprovar residência e por isso seu pedido não foi aceito. O critério foi o mesmo pra todos. É dinheiro publico, lembra. O abobrão também disse que o mestre Anoar deveria ter apresentado documentos que comprovem os títulos. Ele trouxe medalhas, mas não é documento, não é certificado. É só um registro, explica.
Sandro comenta que o caso do mestre Anoar não foi o único a ser indeferido. Dos 107 atletas inscritos, apenas 68 foram contemplados. No entanto, ele adianta que a prefa tem o interesse de apresentar 300 atletas pro ano que vem. Os esportistas que tiverem títulos em modalidades vinculadas à Fesporte, como os da olimpíada Estudantil de Santa Catarina (Olesc), Joguinhos e os Jogos Abertos, terão preferência. O atleta também deve ser maior de 14 anos. Mestre Anoar pode tentar o bolsa atleta pelo edital que sairá ainda este ano e vai valer para 2012.