Pra quem suou pra comprar a baia própria, e ainda nem acabou de pagar, a frustração de morar num lugar que alaga só pode ser combatida com reza braba. “Depois do alagamento de março, vários vizinhos resolveram mudar. A água chegou a uns 30 centímetros e eu cheguei a perder alguns móveis. Em setembro, não ficou quase ninguém aqui na rua, só eu e minha mulher rezando para que nada de ruim acontecesse”, desabafa Milton Joaquim de Jesus, expedidor, 49, que mora no residencial Buganvília desde setembro de 2009. Ele financiou o imóvel pela Caixa.

A revolta é ainda maior pra quem acompanhou cada passo do sonho de ter a baia própria. “Eu comprei a casa ainda na planta em 2007 e vinha todo dia ver o andamento da construção do condomínio. Já estranhei quando alagou em 2008, mas a sorte é que não tinha ninguém morando na época. Mas em março deste ano, muita gente perdeu coisas. Eu só não sei como a prefeitura libera uma obra dessas em um local que alaga”, questiona, revoltada, a moradora Jaqueline Farias, 26, agente de saúde.

“Isso aí virou piada com os meus colegas (da Fatma) que dizem que é o condomínio sub-aquático. Dizem que lá nós teríamos que ter exigido condicionantes como garagens náuticas pra que eles pudessem sair quando o rio enche”, comenta o servidor Carlos Roberto. O fiscal da Fatma vai além no alerta. Ele diz que uma pessoa adulta dificilmente morre num caso de alargamento. “Mas se a água chegar e tiver uma criança dormindo dentro de um berço e não tiver ninguém pra tirar ela de lá, certamente esse bebê vai morrer”, avisa Roberto.