Muita coisa motivou essa escolha, mas foram principalmente as quedas dos ministros do governo Dilma [sete já foram demitidos] e toda essa corrupção em Campinas. Tenho casa ali perto e tá uma verdadeira vergonha, lasca o corredor. A Câmara de Vereadores de Campinas estuda o impeachment do segundo prefeito em quatro meses. O importante é fazer alto que as pessoas olhem e já entendam, completa.
O corredor bateu um papo com o DIARINHO em frente ao Centreventos, no caminho de sua casa pro aeroporto de Navega City, onde zarpou na tarde de ontem pra Sampa. No ano passado, a corrupção também estava em pauta. Roberto Sarli Jr e seu irmão, Renato, foram vestidos com uma fantasia alusiva a guerra contra a corrupção. Os dois fizeram o percurso empurrando um caveirão [blindado do BOPE do Rio] feito com papelões. Quando passamos em frente à prefeitura, nós apontamos o tanque pra ela, lembra Sarli, que vai repetir a dose este ano. Vou dar uma varrida ali na frente, ri, já com a vassoura em mãos.
Sua participação na São Silvestre começou em 1984, mas só em 1987 ele decidiu adotar uma fantasia. Foi de computador, uma alusão a polêmica Lei da Informática entre Brasil e Isteites, onde o corredor aproveitou e fez propaganda da empresa do irmão. Foi a única vez que fiz propaganda. Só este ano, três vieram pedir, mas não faço, garante Sarli Jr.
Duas corridas não saem da memória de Sarli. A primeira é a de 1989, a primeira São Silvestre que rolou durante o dia [antes a prova era de noite]. Erramos uma saída. Fizemos a curva, vimos que não tinha nada e percebemos que entramos no lugar errado. Chegamos quase em último. A outra corrida inesquecível foi a de 1992, quando o corredor foi vestido de cheque fantasma de PC Farias [tesoureiro do na época presidente Collor]. Teve gente que me xingou. Queriam me bater, recorda.
Recorde
Com 27 corridas de São Silvestre (contando a deste ano) e outras corridas feitas, Sarli Jr vai ultrapassar a marca dos mil quilômetros percorridos. Vou chegar a 1037 quilômetros, contabiliza. Com isso, o corredor espera realizar seu sonho e entra pro Guinness World Records, o livro dos recordes mais respeitado do mundo, antigo Guinness Book. O empresário vai dar entrada nos papélis em fevereiro. Não é de graça não. Dá quase mil reais de despesa, já que vem um auditor da Inglaterra. Ele vai me ver correr, vai olhar minhas provas e conversar com testemunhas, explica.
Pra comprovar seu recorde, Sarli guarda os resultados oficiais de todas as provas que participa, além de comprovantes de pagamentos de taxas de inscrição e matérias sobre ele que saem na imprensa. Os registros também estão em sua saite (www.sarlijunior.com.br).
Balneário e Itapema também presentes
Outras duas citys da região vão ser representadas na mais tradicional corrida do país: Balneário e Itapema. A Maravilha do Atlântico vai ser representada pelo guarda patrimonial da prefa, João Luiz Ramos Filho, o Luiz Corredor. O tiozinho de 64 anos é natural da city peixeira, mas mora há 40 anos no Balneário. A São Silvestre vai ser especial pra Luiz Corredor. Vai ser sua quinta e última participação na prova.
Jurandir da Silva é quem vai levar as cores de Itapema pras ruas de Sampa. Armador de ferro na construção civil e morador do bairro Tabuleiro, Jurandir corre nos findes em provas da Santa & Bela e vai pra sua segunda edição de São Silvestre. No ano passado, Jurandir ficou em 11° lugar na categoria de 30 a 34 anos, no percurso de 15 km. Marca que ele pretende superar este ano.
Principais fantasias de Sarli:
1987: Computador - polêmica lei de informática entre Brasil e Estados Unidos
1989: Urna Global - surpreendente eleição de Collor como presidente do Brasil
1994: Tetrairrealidade - contrastes de um país. Foi tetracampeão mundial de futebol, mas continuou a ter inflação, salário mínimo ruim, altos juros e muito ágio
1998: Telefone grampeado - durante as privatizações ocorreram os casos dos grampos, que foram uma grande armação política para derrubar o ministro das Comunicações
2000: Vanderlei Luxemburgo - investigação sobre o futebol brazuca e o então técnico da seleção brasileira
2002: Dengue - problema social em evidência no Brasil
2003: Fomiséria - inspirada na fome e na miséria da população mundial
2008: Crise global - pra lembrar a situação econômica no mundo