Em sua 87ª edição, a São Silvestre resolveu mudar. Mas, pra a elite queniana, sempre favorita ao pódio, isso pouco importa. Ao menos no discurso. Pegos de surpresa com as alterações no circuito, os africanos só foram avisados na coletiva de imprensa de apresentação da corrida. Confusos, arrancaram risos ao se mostrarem perdidos em relação a prova que é disputada no último dia do ano. Eles, porém, garantem que nenhuma mudança vai tirar o rótulo de principais candidatos à vitória nos 15km da tradicional corrida paulista, neste sábado. Os quenianos, além dos etíopes, serão os maiores rivais de brazucas como Marílson Gomes dos Santos, tricampeão, e Adriana Aparecida da Silva, medalha de ouro nos jogos Pan-americanos.
Primeiras atletas a falar, as quenianas, acompanhadas da etíope Wude Ayalew, da italiana Nadia Ejjafini e da marroquina Samira Raif, foram avisadas apenas na mesa das mudanças na prova, como o local ...
Primeiras atletas a falar, as quenianas, acompanhadas da etíope Wude Ayalew, da italiana Nadia Ejjafini e da marroquina Samira Raif, foram avisadas apenas na mesa das mudanças na prova, como o local da chegada, agora no Obelisco do Parque do Ibirapuera. Apesar da confusão, elas, que terão o desfalque da atual campeã, Alice Timbilili, garantiram que nem as fortes descidas, outra característica do novo percurso, vão atrapalhar. Principal nome do pelotão masculino, Martin Lel, tricampeão da Maratona de Londres e bi na Maratona de Nova Iorque, afirmou, porém, que a prova será um desafio. Tem muito tempo desde que vim ao Brasil pela última vez. É minha preparação para a Maratona de Dubai, em janeiro. A prova já era rápida na última vez que vim, há três anos. Hoje eu soube que mudou o percurso, especialmente nos últimos minutos (descida da Brigadeiro até o Obelisco do Parque do Ibirapuera). Estou muito forte nas subidas, mas pouco aquém nas descidas. Acho que vai ser difícil para cada um, mas, para mim, vai ser um desafio. Precisamos ver quem vai se sair bem.
Campeão em 2003, 2005 e 2010, Marílson não fez uma preparação específica pra São Silvestre, já que resolveu participar da prova apenas neste mês. Ainda assim, chega como principal nome brazuca na busca pelo pódio. Campeão no Pan de Guadalajara neste ano, o atleta se diz pronto, embora reconheça que não está em sua melhor forma.
Não fiz nenhuma preparação específica, a exemplo de todas as outras vezes que disputei. Agora, nos encontramos no período de base (preparação para os Jogos de Londres). Acho até que se tivesse mais 10 dias, seria melhor. Estou preparado, mas seria melhor para mim. Estou apto, não sei como vai ser com os outros corredores. Mas vou ter muita raça, vontade e vou tentar fazer uma boa prova.
Marílson afirmou que as mudanças no percurso podem prejudicar um pouco seu rendimento na busca pelo quarto título na prova.
Um dos mais prejudicados fui eu. Entre as sete São Silvestres que fiz pódio, (conhecer o percurso) era uma vantagem que eu tinha e deixei de ter. Mas tem de estar bem. Não adianta conhecer o percurso e não estar bem. Acho que a mudança é válida se for para dar um conforto maior. Espero que tenha o sucesso dos anos anteriores.
Um dos principais nomes brazucas entre as minas, Marily dos Santos, terceira colocada em 2008, brincou com as mudanças na nova corrida.
Com essa mudança que teve no percurso, não existe favoritismo. Eu até agradeci a essas pessoas inteligentíssimas que pensaram nesse percurso [risos]. Gosto de descida. Meu nome é Marily dos Santos, todo santo ajuda na descida. É bom correr assim, sem pressão de ser favorita. Essa mudança deixou todo mundo meio pensativo. Estamos aí pra brigar de igual para igual. Acredito que tenha pelo menos um pódio entre as brasileiras.
A prova larga do Masp, na avenida Paulista, cartão postal da cidade, e passa por outros pontos históricos como estádio do Pacaembu, Theatro Municipal e Viaduto do Chá. A chegada será no Obelisco do Ibirapuera, onde estão os restos mortais de Cásper Líbero, idealizador da corrida.
Horários de largada
15h - Cadeirantes
15h10 - Atletas com deficiência
17h10 - Elite Feminina A e B
17h30 - Elite Masculina e demais corredores
Empresário naturalizado peixeiro vai representar Itajaí em Sampa
O administrador de empresa Roberto Sarli Jr, 50 anos, desde 1984 disputa a São Silvestre, em Sampa. A mais tradicional maratona internacional do país e que sempre rola no dia 31 de dezembro. A partir da terceira participação a figuraça decidiu fazer o percurso fantasiado. Este ano não vai ser diferente e Sarli, natural de Sampa, mas morador da city peixeira, já está com a fantasia pronta: faxina contra a corrupção.
Muita coisa motivou essa escolha, mas foram principalmente as quedas dos ministros do governo Dilma [sete já foram demitidos] e toda essa corrupção em Campinas. Tenho casa ali perto e tá uma verdadeira vergonha, lasca o corredor. A Câmara de Vereadores de Campinas estuda o impeachment do segundo prefeito em quatro meses. O importante é fazer algo que as pessoas olhem e já entendam a mensagem que quero passar, completa.
Recorde
Com 27 corridas de São Silvestre (contando a deste ano) e outras corridas feitas, Sarli Jr vai ultrapassar a marca dos mil quilômetros percorridos. Vou chegar a 1037 quilômetros, contabiliza. Com isso, o corredor espera realizar seu sonho e entrar pro Guinness World Records, o livro dos recordes mais respeitado do mundo, antigo Guinness Book. O empresário vai dar entrada nos papélis em fevereiro. Não é de graça não. Dá quase mil reais de despesa, já que vem um auditor da Inglaterra. Ele vai me ver correr, vai olhar minhas provas e conversar com testemunhas, explica.
Pra comprovar seu recorde, Sarli guarda os resultados oficiais de todas as provas que participa, além de comprovantes de pagamento de taxas de inscrição e matérias sobre ele que saem na imprensa. Os registros também estão em sua saite (www.sarlijunior.com.br).
Mais catarinas da região
Outras duas citys da região vão estar representadas na mais tradicional corrida do país: Balneário e Itapema. A Maravilha do Atlântico vai ser representada pelo guarda patrimonial da prefa, João Luiz Ramos Filho, o Luiz Corredor. O tiozinho de 64 anos é natural da city peixeira, mas mora há 40 anos no Balneário. A São Silvestre deste ano vai ser especial pra Luiz Corredor. Vai ser sua quinta e última participação na prova.
Jurandir da Silva é quem vai levar as cores de Itapema pras ruas de Sampa. Armador de ferro na construção civil e morador do bairro Tabuleiro, Jurandir corre nos findes em provas da Santa & Bela e vai pra sua segunda edição de São Silvestre. No ano passado, Jurandir ficou em 11° lugar na categoria de 30 a 34 anos, no percurso de 15 km. Marca que ele pretende superar este ano.