Itajaí

Dois tiras são afastados por suspeita de camanga na carteira de motora

Os policiais fariam vistas grossas pros barbeirões no teste prático; aprovavam até quem nunca pegou no volante. Polícia tá na cola de uma autoescola suspeita de integrar o esquema

Um inquérito policial tocado pela divisão de Investigação Criminal (DIC) do Balneário Camboriú e uma sindicância aberta pela corregedoria da polícia Civil apuram a suposta participação de pelo menos dois tiras e funcionários de um centro de formação de condutores da Maravilha do Atlântico num esquema de fraude nos testes práticos de volante pra obtenção da carteira de motora. Os dois policiais investigados tão afastados das funções que exerciam na circunscricional de Trânsito (Ciretran) da delegacia Regional de Polícia Civil do Balneário Camboriú.

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Pelo o que o DIARINHO apurou, a denúncia foi feita por uma ex-funcionária da autoescola Stop, que é a empresa acusada de fazer parte da camanga. Quem pagasse uma graninha a mais passaria no teste ...

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Pelo o que o DIARINHO apurou, a denúncia foi feita por uma ex-funcionária da autoescola Stop, que é a empresa acusada de fazer parte da camanga. Quem pagasse uma graninha a mais passaria no teste, mesmo que fosse tão barbeiro quanto o mister Magoo, aquele personagem dos desenhos animados que, mesmo praticamente cego, fazia questão de dirigir um carango. Também teria os casos em que o candidato a motorista nem mesmo pegou no volante pra fazer a prova prática.

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O delegado Osnei Valdir de Oliveira, chefão da DIC, é quem toca a investigação. Ontem à tarde, ele confirmou que tá fuçando na treta, mas preferiu não se manifestar pra não atrapalhar o trampo da sua equipe na apuração do caso. O delegado Arthur Nitz, diretor de polícia Civil do Litoral, também confirmou o rolo e a sindicância que foi aberta pela corregedoria pra tirar a limpo a história que envolve um supervisor e um examinador da Ciretran.

Arthur Nitz disse que recebeu a informação sobre a denúncia da delegada regional Magali Ignácio Nunes. Foi a dotora quem pediu para que os dois tiras suspeitos fossem colocados em férias, pra garantir a lisura das investigações. Além do descanso forçado, os policiais também foram oficialmente afastados das funções que exerciam na circunscricional de Trânsito.

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O chefão da polícia Civil do Litoral fez questão de dizer que a sindicância da corregedoria é um procedimento preliminar de investigação. Ela só será transformado em processo administrativo caso o envolvimento dos tiras seja confirmado. O processo, explicou ainda o delegado, pode resultar num pé na bunda dos policiais, que ainda correm o risco de responder criminalmente se o esquema for comprovado. “Como está em fase de investigação, não tem como punir ninguém. Até agora o que temos são denúncias”, ressaltou.

O delegado Arthur não divulgou o nome dos policiais envolvidos e não relevou qualquer detalhe do que foi apurado até agora pelos corregedores, sob alegação de que qualquer informação vazada pode melar as investigações.

Veja o caminho legal pra tirar a carta certinho

Dono de uma autoescola há 40 anos em Itajaí, Tadeu Pereira Raimundo ficou dicara com a denúncia. “Uma carteira comprada é a mesma coisa que colocar uma metralhadora na mão de uma criança. Uma pessoa que não é avaliada na prática é uma arma que pode causar danos seríssimos à sociedade”, dispara o empresário. Segundo ele, o Brasil gasta 28 bilhões de reais da saúde pública com vítimas de trombadas ou atropelamentos e 65% dos leitos hospitalares são ocupados por pessoas que sofreram algum acidente.

A pedido do DIARINHO, o dono da autoescola Tadeu explicou o passo-a-passo pro povão tirar a primeira habilitação pra poder sair por aí na boleia de um possante, de uma cabrita, de um busão ou um bruto. A primeira exigência, lembra o empresário, é o candidato ter 18 anos completos. Aí, vai ter que apresentar identidade, CPF e comprovante de residência, além de passar no exame médico e psicotécnico agendado pelo órgão de trânsito. “O exame é feito por um centro de avaliação de condutores (autoescola), que é terceirizado e credenciado através do instituto da permissão do Detran de Santa Catarina”, afirma.

Depois do candidato ser aprovado naqueles dois exames, pra ver se não é cegueta nem pirandelo, aí sim é que começa a frequentar o curso teórico com 45 horas/aula. “Aprende a legislação, sinalização, direção defensiva, primeiros socorros e mecânica básica”, lista Tadeu. Depois disso, vai a uma circunscricional de Trânsito e precisa acertar 28 questões da prova teórica, que tem 40 perguntas.

Se o cara passar na prova, que consiste principalmente em conhecer sinais de trânsito e legislação, aí recebe uma Licença de Aprendizagem e Direção Veicular (LADV). “Com esse documento estará habilitado a frequentar o curso prático”, explica Tadeu.

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Feita a prova teórica, o aluno frequenta 20 horas de aula prática em cada categoria: carro, moto ou caminhão. Tem obrigatoriedade de fazer 20% das aulas à noite e é encaminhado novamente à Ciretran, onde vai ser avaliado na parte prática. “Essa prova tem uma série de itens que são verificados, tais como controle de direção, direção defensiva, obediência à sinalização”, diz. Quem não passa na prova prática tem que voltar a fazer as aulas.

Dono da autoescola jura que é inocente

Rodrigo da Silva, dono da autoescola Stop, jura de pés juntos que o esquema de facilitação nas provas práticas da Ciretran, envolvendo sua empresa, não existe. “Provavelmente quem denunciou foi um ex-funcionário que está com raiva”, carcou. O empresário garantiu que nem ele ou qualquer outro funcionário do centro de formação tentaram fraudar o processo de emissão dos documentos. “Não tem como a autoescola fazer fraude. Quem faz o exame é um policial”, defende-se Rodrigo.

O dono da Stop admite que sabia da acusação e confirmou que desde a semana passada não são mais os mesmos tiras que pintam na rua da autoescola pra aplicar a prova prática. “São apenas denúncias. Denúncias qualquer um pode (fazer)”, rebate.

A Stop funciona desde 1994. A sede fica na rua 2438, no centro do Balneário Camboriú.

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