Na madruga de ontem, Eliane Boos, a Lili, 45 anos, ligou pra polícia pedindo socorro. Ela acusou o ex-presidiário Milton Moacir Sothe, o Alemão, 38, que seria seu companheiro, de ter tentado matá-la. Alemão teria ateado fogo nas pernas dela. Lili sofreu queimaduras de segundo grau e até ontem seguia internada no hospital Nossa Senhora dos Navegantes. O rapaz, que foi preso pela manhã quando se apresentou na delegacia, jurou inocência. Ele garantiu que Lili não é sua companheira e disse desconfiar que ela teria colocado fogo nas próprias pernas depois uma crise de ciúmes. “Sei lá. De certo é porque eu sou muito bonito, né!?”, carcou Alemão, referindo-se a uma possível crise de ciúmes de Lili que teria motivado toda a maluquice. Até uma irmã da mulher defende o rapaz acusado e acha que a história é invenção da mana.

As versões são contraditórias. Pelo relato de Lili à polícia, Alemão teria ateado fogo nela porque ficou bem louco de ciúmes. Ela chamou a PM por volta das cinco da madruga, enquanto era levada por vizinhos ao hospital dengo-dengo com queimaduras nas duas pernas. A polícia fez rondas na tentativa de capturar Milton, mas não encontrou ninguém em casa. Lili tava na baia de Alemão, no número 397 da rua Alécio Olímpio Silva, no centro de Navega, quando sofreu as queimaduras. Ela jurou que era companheira de Milton.

Pra surpresa dos homidalei, o acusado bateu na porta da depê algumas horas depois pra saber o que tava rolando. Era perto das 8h da matina quando recebeu o teje preso por tentativa de homicídio. “Eu vim aqui ver o que tava acontecendo”, disse ele ao DIARINHO, ainda meio assustado com a voz de prisão. “Sou inocente, não devo nada, eu nem tava em casa. Quando cheguei meu vizinho falou que ela tinha tacado fogo nas pernas”, alegou.

Alemão afirmou que Lili é viciada em crack e cachaça. Por isso, acha que ela tacou fogo contra si mesma. O motivo: ciúmes. “Vai ver que é porque sou bonito demais”, repetiu. O álibi de Alemão seria a amiga de uma vizinha, com quem passou a noite. Isso teria deixado Lili maluquete. “É uma louca drogada”, xingou o rapaz.

Viviam de rolo

Mesmo afirmando que a mulher que teve as pernas queimadas não é sua companheira nem namorada, Alemão admitiu que volta e meia ela dormia em sua casa, quando os dois tomavam uns gorós juntinhos. “Ia lá fazer uns programas comigo. Até um mês e pouco ela trabalhava na boate do Valdir, não é minha mulher”, fez questão de dizer, referindo-se a um inferninho próximo à casa onde mora.

Há cerca de um ano, Alemão foi preso por tráfico de drogas. Ficou no xilidró da Canhanduba por cerca de dois meses. “Foi horrível”, desabafou. Nesse caso, também jura inocência. Afirmou que era uma inquilina sua quem vendia drogas e a bronca acabou sobrando pra ele.

Irmã da vítima diz que Alemão é inocente

A artesã Arlete Boos, 57, é irmã de Lili. Ela não viu absolutamente nada, mas tava na frente do hospital se esgoelando ao afirmar que Alemão é inocente e que a mana não vale nada. Arlete disse pro DIARINHO que tá indignada com a suposta injustiça e vai fazer de tudo pra soltar o rapaz, pois as pessoas, segundo ela, nem imaginam do que Lili é capaz. “É injusto ele ficar preso”, discursou.

Arlete acusa a irmã de ter vendido uma filha há cerca de quatro anos e ter deixado as outras quatro meninas que pariu aos cuidados do pai e da avó. Por isso, carcou, a mana seria uma pessoa sem escrúpulos. “Nem a minha própria mãe aceita ela em casa. Ela incomoda há 11 anos”, afirmou.

Alemão, que se acha o bonitão, tem mesmo um time de fãs. Kaline Franca da Silva, 27, inquilina do ex-presidiário, também saiu na defesa do senhorio. Ela afirmou que foi Lili quem ateou fogo nas próprias pernas depois de ter quebrado toda a baia de Alemão. “Não sei se foi álcool ou gasolina, mas ela mesma fez isso porque o Alemão passou a noite com a Zéti, uma amiga minha”, revelou.

Kaline disse que Lili vivia fazendo barraco em frente à casa do bonitão, porque ela queria morar com ele e nada do rapaz aceitar. “Ela se bate toda pra dizer que era ele. Não vale nada. Mais de oito pessoas viram tudo. Nós vamos na delegacia dar depoimento, porque não é justo condenar uma pessoa com base na mentira”, mandou ver, completando: “Ele bebe, mas jamais faria isso”.

Pros agentes da depê dengo-dengo, o caso pode tá ligado ao uso de crack. A desconfiança é que os dois teriam brigado por conta de drogas. O DIARINHO tentou ouvir Lili no hospital, mas ela não quis dar entrevista.