A rua Israel de Almeida, que fica região conhecida como Toca da Raposa, no bairro São Viça, em Itajaí, por pouco não foi palco de uma tragédia. Ontem à tarde, aos gritos de vamos pegar vocês, cerca de 15 pessoas armadas com pedaços de paus e pedras detonaram dois carangos e tentaram invadir a baia da promotora de eventos D.N., 27, e do marido, P.F., 42. A ira do povão estava ligada a uma suposta encheção de saco do casal para cima dos vizinhos, por conta de barulhos na rua. Ninguém foi preso.
Continua depois da publicidade
Era perto das 17h quando a PM foi acionada, pela quarta vez em menos de uma hora e meia, para ir na Toca da Raposa. Dessa vez, no entanto, a razão do chamado não era para reclamar de som alto nem ...
Era perto das 17h quando a PM foi acionada, pela quarta vez em menos de uma hora e meia, para ir na Toca da Raposa. Dessa vez, no entanto, a razão do chamado não era para reclamar de som alto nem de xingamentos, como das vezes anteriores. O motivo era bem mais grave. Uma horda tentou invadir, botando abaixo um portão de ferro para entrar na casa do casal, que fica no número 500 da rua. Antes, já haviam quebrado vidros e amassado a lataria do Fox e do Astra e D. e N.
Continua depois da publicidade
Quando a polícia chegou, o povão já tinha se dispersado. Os possantes ainda estavam na rua, estacionados na frente da casa. Um sarrafo, usado no ataque, estava jogado ao lado do Astra, que teve o parabrisas e o vidro do motorista quebrado. A porta do motora também ficou amassada. O Fox, além do parabrisas destruído, ficou com o capô, a lateral esquerda e a parte de trás amassados e arranhados. No portão da casa, que é de ferro mas que tem uma proteção de acrílico, também ficaram as marcas da tentativa de invasão.
Três viaturas da PM e seis fardados foram mobilizados para garantir a segurança do casal. Os técnicos do instituto Geral de Perícias (IGP) também foram acionados para coletar digitais e outras provas que possam dar pistas dos autores da barbaridade. Se a gente tivesse conseguido pegá-los ainda em ação, iam ser autuados por crime de dano e responderiam a um termo circunstanciado (TC), disse o sargento Fábio Azevedo.
Continua depois da publicidade
O PM contou que esteve no local outras três vezes. A primeira foi às 15h30, quando a PM foi acionada por conta do som alto que vinha da casa de número 1520, quase na frente da casa de D. Em duas ocasiões, pediu ao dono de um Bora, que estava na casa, que baixasse o som, que estava alto demais. Como a ordem não foi obedecida, quando a PM voltou pela terceira vez o carango foi apreendido.
Depois dessa terceira ida da PM à Toca da Raposa, não levou cinco minutos prum novo chamado aparecer na central de operações policiais. Os moradores tinham se reunido e, num grupo aproximado de 15 pessoas, detonaram os dois carros e tentaram invadir a casa. Estavam revoltados porque o carro de um deles foi recolhido pela polícia, fala o sargento Fábio de Azevedo.
A polícia tem pelo menos um suspeito. Quando estávamos chegando, vimos o dono do carro se mandando. Mas ele vai responder por perturbação e por dano, informou o sargento.
O casal D. e P. mora no bairro há seis meses e diz que passou momentos de terror, ao ver a casa cercada pela vizinhança que, armada com pedaços de paus e pedras, tentava uma invasão. Eles estavam tentando derrubar o portão e gritavam que iam pegar a gente. O pior é que tudo aconteceu por causa de um som, disse a promotora de eventos. Os dois foram aconselhados pela PM a não sair de casa ontem, nem para ir à depê registrar a ocorrência. A intenção era de que os ânimos se acalmassem. O que vamos fazer agora? Estamos com medo, desabafou D. A vendedora Eleide Margarida dos Santos, 29 anos, dona da baia onde estava o carro com sol alto, contou que comemorava o aniversário de três anos de um filho. Era uma festa de criança e a gente botou som alto, mas uma vizinha pediu para gente baixar, e a gente baixou e botou o carro no pátio, relatou. Foi aí, pela versão de Eleide, que D. apareceu na rua e xingou a vizinha. Para ela o que aconteceu foi só implicância da vizinha da frente, a quem chamou de encrenqueira. É verdade que uns moradores se juntaram para tentar invadir a casa dela. E isso aconteceu por ela ser chata, concluiu.