Os dados realmente surpreendem. Se contar os últimos 12 meses, o volume operado nos terminais do rio Itajaí-açu foi de 11,98 milhões de toneladas. Entre outubro de 2011 e outubro setembro de 2012, por exemplo, sem paralisação, foram movimentados 11,03 milhões.
Já a movimentação de contêineres nesses nove primeiros meses do ano foi de 799,3 mil TEUs, que é uma medida internacional que leva em consideração aqueles caixotões menores, de 6,6 metros. Um crescimento de 5%, se levar for levado em conta janeiro a setembro de 2012.
Para Héder, os meses que antecedem o Natal sempre registram grandes movimentações, por isso a perda não foi tão grande para o complexo portuário de Itajaí durante a parada da navegação entre os dias 20 e 29 de setembro. Se não tiver nada de novo, vamos ter certamente uma excelente movimentação em outubro, talvez até de quebra de recorde, aposta o abobrão do porto público.
A meta, diz ainda o diretor executivo do porto Público, é que 2013 feche com algo entre 1,2 milhão de contêineres movimentados.
Outros fatores ajudaram, diz sabichão
Para o consultor em comércio exterior Robert Grantham, várias são as explicações para entender o motivo pelo qual o fechamento da barra, durante 10 dias, não provocou queda na movimentação nos terminais de Itajaí. Uma delas vai ao encontro das avaliações da direção da administração do porto Público: o entra-e-sai de mercadorias sempre é grande nesse período, que antecede as festas de final de ano. Isso influencia, sim, principalmente a carga do Oriente, oriunda da China, reforça.
Mas há um outro fator, explica Robert, ligado ao verão Europeu. Agosto é um mês em que sempre caem muito os negócios com a Europa. Muitas empresas dão férias coletivas e só retomam às atividades a partir de setembro em diante, diz.
O sabichão aponta, ainda, um terceiro fator: Provavelmente foram cargas represadas que foram recuperadas posteriormente. O negócio é simples de entender. A maioria dos navios não esperou pela abertura da boca da barra e tocou para frente. Com isso, outros cargueiros que pertencem ao mesmo armador e fazem a mesma linha pegaram essa carga na semana seguinte. Cada linha costuma trabalhar com seis a 10 navios, observa Robert.
Para consultor, Itajaí precisa ser mais eficiente do que já é
Para o consultor internacional Robert Grantham, que já foi dirigente da administração do porto Público, o momento no trade portuário de Itajaí deve ser mais de preocupação que de otimismo. E o recente fechamento da boca da barra para navegação de cargueiros tem a ver com esse alerta. No passado, o fechamento não preocupava tanto porque éramos a única opção de um porto que trabalhava com eficiência, mas agora essas opções estão se ampliando, como Imbituba e principalmente Itapoá, ressalta Robert. Ou seja, a concorrência está batendo na porta. Com certeza, o armador começa a pensar se vale mesmo operar por aqui, afirma.
Não que o trade portuário da foz do Itajaí-açu não seja eficiente. Pelo contrário, somos muito eficientes, faz questão de dizer o consultor. O problema é que os concorrentes também estão buscando essa eficiência. É o caso dos congelados: temos uma estrutura que não tem igual na América Latina, mas vai chegar uma hora em que os outros também vão se preparar com uma estrutura parecida, observa.
E como deixar o complexo portuário de Itajaí ainda mais competitivo? Só ampliar a bacia de evolução não adianta, porque isso vai resolver apenas parte do problema, avisa Robert, referindo-se à obra mais famosa pretendida pela administração do porto Público, para viabilizar a operação de navios de grande porte.
O que também é necessário, diz Robert, é criar um controle de qualidade que diferencie ainda mais os terminais e setores portuários daqui dos demais portos brasileiros. A minha tese é que cada vez mais Itajaí tem quer se superar e ser mais eficiente do que já é. Assim, o exportador exigirá que o armador opere aqui e não em outro porto, discursa.
O porto de Valência, na Espanha, criou algo parecido. Um tipo de selo de qualidade que o diferencia dos demais. E eles até vendem esse know-how (leia quinou rau, que quer dizer experiência) e ajudam a implantá-lo, comenta o consultor.