A construção do mictório, que integra o projeto de urbanização da Hercílio Luz, gerou muita discussão. A vereadora Anna Carolina (PRB) chegou a encaminhar um ofício ao Ministério Público (MP) pedindo a reavaliação do projeto. Ela justifica que não é concebível o banheiro ser construído perto de obras tombadas pelo Patrimônio Histórico, como a casa da Cultura. Vai chamar mais atenção do que os nossos bens tombados, argumenta.
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A escritora Marlene Rothbarth, que faz parte do conselho do Patrimônio, também foi contrária. Para ela, a prefa desrespeitou o pessoal do Victor Meirelles. Achei uma afronta ao colégio, pois vai ficar bem em frente à porta da secretaria, por onde entram pais, alunos e professores, opina.
Dona Marlene acha que o banheiro deveria ser construído na praça Vidal Ramos, próximo ao píer turístico. Ela acredita que ele teria mais utilidade lá, sem prejudicar a escola e agredir os prédios históricos. Até porque na Hercílio Luz nós já temos o banheiro público no camelódromo, justifica.
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Segundo Antônio Carlos Floriano, presidente do conselho de Patrimônio Histórico de Itajaí e superintendente da fundação Genésio Miranda Lins, o MP pediu a suspensão da obra até que o conselho analisasse a situação. Nós fizemos uma reunião e encaminhamos a ata ao prefeito. O MP, então, a liberou, justifica.
De acordo com Floriano, a maioria dos membros do Conselho foi favorável. Alguns conselheiros, como a Luciana Ferreira, por exemplo, foram contra. Nós respeitamos, diz o presidente da entidade, que votou a favor. Não existe nenhuma lei que proíba construir um banheiro perto de patrimônio tombado. Além do mais, esse banheiro público é necessário, argumenta.
Apesar de concordar com a obra, Floriano pediu à prefa que tentasse amenizar a presença do banheiro para reduzir o impacto do sanitário no local. Nós solicitamos formas de humanizá-lo. Sugerimos que pintassem e colocassem adereços, como vasos de plantas e flores, conta.
Berreiro deu resultado
A construção do banheiro na entrada do colégio Victor Meirelles, na rua Hercílio Luz, foi motivo de um puta berreiro envolvendo profes e alunos no dia 13 de agosto. O pessoal exigia que a construção ficasse mais longe da parede da escola. Pelo projeto original, o mictório seria construído a apenas um metro da porta do colégio.
A gritaceira surtiu efeito. Deve estar a uns cinco ou seis metros de distância do muro. Pelo menos, conseguimos afastar um pouco da unidade escolar, conta Fabiane Feminella Fachini, diretora do Victor Meirelles.
Para ela, contudo, a distância poderia ser maior. Fabiane acredita que um banheiro público bem na entrada da escola é uma ideia de girino. Aqui é a entrada de escola. A rua Gil Stein Ferreira só tem acesso para os alunos no início e término de aula. Fora isso, é tudo pela Hercílio Luz, protesta.
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A xerifona do Victor acha que o mictório será conservado apenas para a chegada da regatona francesa, em novembro. Vai ter guarita, guarda, mas depois a gente sabe que fica tudo relegado ao esquecimento, descasca.
Fumódromo para mal-encarados
A dona de casa Lindacir da Silva, 48, é mãe de um estudante do Victor Meirelles e de uma menina que faz aula de violino na casa da Cultura. Ela diz que, todos os dias por volta das 20h, quando vai levar a menina ao curso, se depara com marmanjos fumando nas proximidades do banheiro. Como mãe, eu condeno essa obra, diz. Para ela, a construção também escondeu a entrada da escola. Ficou tão difícil entrar. Muito estreito, opina.
A assessoria de comunicação da prefa informa que a segurança da obra é de responsabilidade da construtora, a Policons. O DIARINHO não conseguiu contato com ninguém da empreiteira no fim da tarde de ontem.
O banheiro em frente ao Victor Meirelles é um dos três que a prefa espera terminar até novembro. Os outros ficam na beira-rio e no molhe da Atalaia. Juntos, estão orçadas em R$ 472 mil. O povão não vai precisar pagar para o uso. A limpeza dos banheiros vai ficar por conta de uma empresa terceirizada.
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