A contadora Daniela Pinheiro, 32 anos, acordou bem cedo no sábado. Já na véspera ela planejava levar Badinho, cãozinho de apenas 10 meses, pras ruas de Itajaí. A gente adotou ele porque era vítima de maus-tratos. Eu decidi caminhar para lembrar que existem outros cães na mesma situação, explica a moça, que não desgrudou os olhos do bichinho.
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Daniela conta que o filhotão contraiu uma virose grave e esteve à beira da morte. Foi a iniciativa de adotá-lo que o salvou. Ele chegou a ser internado e agora tá saudável e feliz, comemora.
A cachorrinha Amanda, de oito meses, também foi salva por outra boa alma. Há cerca de quatro meses, a secretária Melissa Menezes, 30, a encontrou perto do local onde trampa, no bairro Cordeiros. Mesmo infestada de pulgas e toda sarnenta, a cadela foi recolhida e tratada com carinho pela moça. Eu vim pedir que as pessoas deixem de maltratar e abandonar os animais, diz Melissa. Segundo ela, quase sempre aparece um cãozinho sem dono naquela região. O último que eu encontrei foi esse aqui, acrescenta, mostrando a foto de um cachorrinho.
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O operador de tecnologia da informação, Fernando Adão, 35, já levou o dobermann Zeus, de um ano e meio, a outras cãominhadas pela região. Ele acredita que, além de berrar contra o desrespeito aos animais, o encontro é uma oportunidade para socializar os bichinhos. Gosto de trazer porque ele encontra outros cães e fica mais calmo, comenta.
Pra estudante de ciências biológicas Mariana do Amaral, 20, membro da organização não-governamental (ONG) SOS Peludinhos, a ação fortalece o movimento que pede políticas públicas para os cães. Os humanos têm políticas públicas que asseguram a eles os seus direitos, lembra a moça, que foi à Cãominhada na companhia de Pitoco, um au-au de seis anos.
Comitê quer clínica digrátis
De acordo com Denise Pasqualini, membro do comitê Municipal de Defesa Animal, a caminhada chama a atenção pra necessidade de auxiliar as ONGs na promoção de ações em defesa dos animais. Nós queremos que as autoridades se mobilizem e também façam alguma coisa, pois a gente só vê as Ongs defenderem a causa, carca a ativista.
Um dos pedidos do conselho durante a Cãominhada foi a implantação de uma clínica veterinária gratuita na cidade. A ideia é atender, das 7h às 19h, os animais de estimação de famílias de baixa renda do município. Já foi implantada uma no bairro Itacolomi, em Florianópolis. A nossa ideia em Itajaí é que essa clínica possa atender a cidade toda, explica. De acordo com Denise, existem cerca de cinco mil animais de estimação abandonados nas ruas peixeiras.
Pro vereador Tonho da Grade, a instalação de uma clínica veterinária gratuita é viável e pode contribuir pra redução no número de animais em situação de abandono na city. O centro de Zoonoses pode bancar. Poderão ser feitos vários exames, inclusive a chipagem [implantação de chip de identificação], que permite diminuir os animais de rua, acredita Tonho.
A costureira Larissa de Almeida, 35, assistiu à manifestação do banco da praça da igreja Matriz. Surpresa com a disposição do pessoal que ignorou chuva e frio, considerou genial a ideia da clínica. Em Florianópolis, onde morei por um tempo, tinha uma que funcionava gratuitamente. Resolveu em parte o problema dos animais abandonados, conta.
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