Emancipar para crescer. Esse é o slogan da campanha de independência da zona rural de Itajaí, que corresponde a praticamente 70% do território do município. A ideia parece que tá convencendo uma boa quantidade de pessoas, principalmente empresários, proprietários de terra e políticos da região, que juram que a criação de um novo município seria a solução pra melhorar as condições de vida do povão que vive nas localidades de Canhanduba, Rio do Meio, Itaipava, Km 12, Baía, Paciência, Arraial dos Cunhas, Laranjeiras, Campeche, Brilhante 1, Brilhante 2, Limoeiro e a colônia dos japas no Rio Novo.
O pontapé inicial da campanha foi dado sexta-feira, 25, quando o grupo que pleiteia a emancipação organizou uma reunião no salão da igreja do Arraial dos Cunhas, na estrada de Brusque, com a participação ...
O pontapé inicial da campanha foi dado sexta-feira, 25, quando o grupo que pleiteia a emancipação organizou uma reunião no salão da igreja do Arraial dos Cunhas, na estrada de Brusque, com a participação de umas 300 pessoas. Na ocasião, os 19 membros da comissão de emancipação foram apresentados e alguns políticos da região aproveitaram pra dar pitacos, apesar do telão destacar que o povo unido não precisa de partido.
O empresário Vendelino Raimondi, 55 anos, considera que o lado de lá da BR-101 tá esquecido pela prefa, e que a criação de um novo município poderia melhorar a qualidade de vida da população. Ele é o presidente da comissão de emancipação e afirma que o movimento é popular e não político. Somos todos representantes da comunidade e acreditamos que a emancipação vai possibilitar o nosso desenvolvimento. Ninguém aqui quer ser candidato, discursa.
Apesar da ênfase em dizer que o movimento não é político, a reunião contou com a presença dos vereadores de Camboriú, Ângelo Gervásio (PMDB) e Jane Stefenn (PSDB), que apoiam a independência do distrito de Monte Alegre, em Cambu, o ex-deputado estadual José Luiz Cunha, o Boca Cunha (PMDB), o secretário de Obras de Itajaí, Tarcizio Zanelato, e o ex-vereador peixeiro, Nilson Germano (PP), vice-presidente da comissão de emancipação.
Boca Cunha, que já foi vereador em Brusque e deputado estadual, diz que todos os municípios que viu se emanciparem acabaram se desenvolvendo mais. Ele fala que tava na reunião pra ajudar no trânsito com as otoridades. É muito trabalho que tem pra ser feito. Não é nada fácil, mas eu admiro a coragem dessa comissão, discursa.
A vereadora Jane Stefenn ressaltou que a emancipação seria uma alternativa diante da omissão do poder público. Moradora do distrito do Monte Alegre, em Cambu, e amiga de alguns separatistas da Itaipava, ela salienta que nada vai rolar assim, de qualquer jeito. Antes de um estudo de viabilidade, pra saber se o distrito ou a localidade tem condições socioeconômicas e infraestrutura, nada vai acontecer, lembra.
Opiniões divididas
Genésio Testoni, 47, empresário que mora na Itaipava, conta que ficou sabendo da reunião pela rádio comunitária e também no boca a boca. Ele acredita que a emancipação é uma boa porque, segundo ele, o que o lado de lá da BR-101 produz pro município não retorna pras localidades, onde falta saúde, educação e segurança. Acho que a região vai crescer muito com a emancipação, afirma.
Já a presidente da associação de Moradores de Itaipava, Ana Francisca Demarch, tá desconfiada desse papo de independência, principalmente por causa da presença de tantos políticos discursando. Mas ela quer amadurecer a ideia e pretende fazer uma reunião com os moradores do bairro. Por enquanto eu acho que não é uma boa essa história de emancipação. Vou fazer uma reunião com os moradores pra ver o que eles tão achando, ressalta.
O presidente da comissão de emancipação comemorou o resultado da reunião, que contou com a presença de umas 300 pessoas. A partir dessa semana a comissão vai começar a reunir assinaturas pra solicitar na assembleia Legislativa da Santa & Bela (Alesc) um estudo de viabilidade, conforme determina a lei 98/2002. Agora temos esse trabalho de convencimento da população. Esperamos conseguir no mínimo 1600 assinaturas de moradores das localidades e entregar na assembleia até 20 de dezembro, explica Vendelino.