O verão nem deu as caras, e a água do mar das praias da região já está emporcalhada. O relatório de balneabilidade da fundação do Meio Ambiente da Santa & Bela (Fatma) mostra que todas as citys da região possuem, pelo menos, um ponto impróprio para banho.

O último relatório foi emitido pela Fatma no dia 25 e mostra que Penha, Itapema, Porto Belo e Barra Velha são as citys com mais pontos cagados na região. Em Penha, a situação é alarmante. Dos 11 pontos pesquisados, nove estão cheios de cocô. Em Porto Belo, mais da metade das amostras também deram positivo: quatro dos seis locais pesquisados estão podres. Na outra ponta da tabela está Balneário Camboriú, com apenas um ponto contaminado.

O que chama a atenção é que as praias estão poluídas e impróprias mesmo antes da chegada dos turistas. De acordo com o doutor em recursos naturais, professor Leonardo Rörig, o alerta foi dado por especialistas há pelo menos 20 anos, e a situação só tende a piorar. Isso porque a maioria das cidades catarinas não tem tratamento de esgoto e os governos não fazem o planejamento adequado.

Segundo o profe, a cobertura de saneamento na Santa & Bela é comparável às regiões mais pobres do Brasil e de países africanos. Por isso, fica fulo da vida quando alguém se gaba do estado. “É ridículo chamar Santa Catarina de pedaço da Europa, uma grande mentira, só se for a Europa medieval”, lasca. Segundo o sabichão, a grande quantidade de pontos impróprios para banho é reflexo do aumento da carga de esgoto não tratado, aumento da vazão dos rios em consequência da chuva e a ausência ou ineficiência do sistema de tratamento.

Rörig diz que a piora dos resultados de balneabilidade é resultado do interesse desenfreado de políticos e de empresários, que pensam apenas em ganhar dinheiro na base da exploração imobiliária sem limites. “Existe limite pra tratabilidade de esgoto. Não dá pra deixar uma cidade crescer e inchar eternamente”, lasca.

Se continuar desse jeito, o profe diz que a poluição das praias vai afetar diretamente três setores da economia que dependem do mar limpo e da água de boa qualidade, que são a pesca, a maricultura e o turismo. “É uma contradição o estado fazer propaganda desses setores e não investir no que é prioridade que é em saneamento básico”, afirma.

O gerente de Pesquisa e Análise da Qualidade Ambiental da Fatma, Haroldo Tavares Elias, confirma que a quantidade de pontos impróprios na região surpreendeu os pesquisadores da Fundação. Ele alega que o aumento rolou por causa de correntes marítimas, que empurraram água contaminada com cocô pra cá, por conta do aumento populacional nas citys litorâneas e pela falta de tratamento do esgoto. Hoje, segundo o bagrão, apenas 13 das 27 cidades do litoral têm tratamento de esgoto.

Haroldo diz que nos últimos 10 anos os pontos impróprios cresciam a cada dia, mas que o perrengue foi estabilizado nos três últimos anos. Ele explica que o parâmetro principal para análise são os coliformes fecais e, quando positivo, a água e a areia podem ter outras contaminações. “É indicativo de outras bactérias, e isso é uma questão de saúde pública”, reconhece.

Atualmente, 200 pontos são pesquisados pela Fatma mensalmente. A partir do dia 4 de novembro até o final de março, as análises serão feitas a cada semana. “Apenas em Balneário Camboriú, as análises são semanais. É o único lugar do Estado onde acontece”, diz.