Para quem acha que o verão chega trazendo os ladrões de carros, está enganado. Os períodos em que a PM de Itajaí mais registrou furtos e roubos de veículos foram, justamente, fora da temporada. Dos 15 meses analisados, setembro do ano passado (com 41 possantes levados) e junho de 2013 (com 39) foram os recordistas. Mas agosto dos dois anos também mandou mal. No do ano passado, 38 donos de carangos choraram as pitangas porque ficaram a pé. No mês do desgosto deste ano, foram 37.
Fevereiro e março deste ano foram os meses com menor atuação da bandidagem. No mês do Carnaval, os ladrões levaram 18 carangos; no mês da Páscoa, 20. Mesmo assim, alerta o delegado Rui Garcia, chefão da delegacia Regional de polícia Civil, não dá pra marcar touca. Vem gente boa e vem gente ruim, comentou o dotô, referindo-se à turistada que frequenta a região.
O tenente Luiz Antônio Pittol Trevisan, da PM peixeira, acredita que os carangos levados pela bandidagem em Itajaí têm destinos diferentes. Os mais velozes, afirma, costumam ser furtados ou roubados pra serem usados em assaltos. Os mais novos geralmente são clonados ou têm características de identificação modificadas pra serem vendidos. Neste ano, a PM chegou a desmanchar uma oficina em Itajaí que clonava veículos.
Os carangos mais antigos têm destino menos honroso: são desmanchados para que as peças sejam vendidas no mercado paralelo.
Furtos em veículos
O número de furtos em veículos, que é quando o bandido pega alguma coisa de valor que está dentro do possante mas deixa o quatro-rodas no local, também assusta. Foram 173 entre julho do ano passado e setembro deste. Nos primeiros nove meses deste ano foram 83, o que dá uma média de mais de nove crimes por mês. Neste ano, abril (com 13 casos) e julho (com 12) foram os meses em que mais a ladroagem arrombou carangos para furtar o que tinha dentro.
A boa notícia que vem com os dados da PM é que o tanto o número de furtos e roubos de veículos quanto os arrombamentos em carangos estão diminuindo. Nos dois casos, o levantamento aponta uma redução nas ocorrências registradas. Enquanto a média de possantes levados pelos bandidos no segundo semestre do ano passado foi de 33,5 carangos por mês, nos primeiros seis meses deste ano foi 29,3%, ou seja, quatro pontos percentuais a menos. Se incluir aí julho, agosto e setembro, a média deste ano sobe um pouquinho(30,4%), mas continua menor que a do segundo semestre de 2012.
Nem o velho Chevettinho siscapou
A família da cuidadora social Cláudia Cristina da Silva, 36 anos, tem motivo duplo pra ficar triste. Não só ficou a pé, como também perdeu o xodó de todos da casa: o empombado Chevettinho ano 88, placa ASC-7540 (Itajaí). O carango foi levado pelos ladrões em 27 de outubro, um domingo. O furto rolou no bairro São Vicente, o segundo bairro onde mais a ladroagem carrega possantes em Itajaí.
O carinho do povo da casa de Cláudia com o pau-velho era tanto que, recentemente, a família investiu R$ 10 mil numa garibada que deixou o Chevettinho nos trinques. E foi assim, orgulhosos do carango reformado, que a cuidadora, o marido e os filhos saíram para almoçar fora naquele domingo. Nem imaginavam o dia indigesto que teriam. Estacionaram o carango na rua Félix Malburg, uma das transversais da Estefano José Vanolli, perto do restaurante. Pouco antes das 14h, quando retornaram, acharam a vaga vazia.
O Chevettinho, diz Cláudia, até tinha alarme. Mas a sirene estava desativada. Por isso, ela não tem dúvidas de que o fato do possante estar numa rua de pouco movimento e com o alarme sem funcionar foi o que ajudou a bandidagem. O destino do xodó da família, teme Cláudia, é que acabe desmontado e com as peças em algum ferro-velho ilegal.
Olhaí as dicas dos homidalei
Todo cuidado é pouco. O alerta vem do delegado Rui Garcia dos Santos. Pro dotô, o povão deve fazer a sua parte e se prevenir das ações da bandidagem. Um exemplo é instalar equipamentos eletrônicos nos possantes, como os alarmes sonoros e luminosos. A bandidagem, afirma o delegado, saca logo os carangos que não têm os alarmes. Ainda pra Rui Garcia, é importante que se faça seguro do veículo pra que diminuir o preju.
Outra dica do chefão da delegacia Regional de Polícia Civil é não deixar o quatro-rodas em ruas e horários de pouco movimento. Esse é um dos motivos do por que muitos dos possantes são levados do centro durante à noite e finais semana, que é quando a circulação de veículos e de pessoas diminui.
O tenente Luiz Antônio Pittol Trevisan, da Polícia Militar de Itajaí, sugere ao povão que quando se aproxime dos semáforos que diminua a velocidade pra não ter que parar o possante e dê tempo pra que o sinal fique verde. Ele também indica que não se abaixe o vidro pra conversar com estranhos na rua. Melhor se passar por deseducado do que por vítima de roubo, argumenta.
Tanto pro oficial da PM quanto pro chefão da polícia Civil na região, pra evitar os furtos e arrombamentos em veículos as dicas são básicas: não deixar nada de valor dentro do carango nem deixá-lo estacionado em ruas de pouca iluminação e baixo movimento de pessoas.
Centro, São Viça e Cordeiros
Quem mora ou costuma deixar o quatro-rodas pelas ruas do centro de Itajaí, é uma vítima potencial da bandidagem. Apesar de ser a região da city com maior número de câmeras de monitoramento da polícia, é no centro onde rola a maioria dos furtos de veículos. Foram cerca de 60 (22%) só de janeiro a setembro deste ano. O São Viça (com pouco mais de 50 carangos levados) e os Cordeiros (com quase 40) vieram logo em seguida. A mesma colocação se repetiu no segundo semestre do ano passado.
Nos arrombamentos e furtos em veículos, aí a coisa muda de figura. A praia Brava é a campeã nos dois períodos pesquisados. Pelos registros da PM, neste ano foram 17 casos; nos últimos seis meses do ano passado, 24.