Itajaí

Saudade

Visita ao cemitério do bairro Fazenda, em Itajaí, reuniu filhos, esposas, irmãos e amigos no dia de Finados

Com um pouco de esforço e a paciência de Jó, Celestina Machado, 54 anos, tentava manter viva a chama da vela que tinha acabado de acender. O vento, que teimava em roubar-lhe a oferenda, não apagava a luz, símbolo da perseverança e da virtude. Esta, sobre todas as outras, melhor representava a analogia com a passagem do personagem do Antigo Testamento. “Eu tenho fé e acredito muito em Deus” diz ela.

O dia de Finados, lembrado neste sábado, dia dois, levou a dona Celestina ao cemitério da Fazenda, em Itajaí, acompanhada de uma irmã. Juntas, rezaram pelas almas de quatro pessoas da família que ...

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O dia de Finados, lembrado neste sábado, dia dois, levou a dona Celestina ao cemitério da Fazenda, em Itajaí, acompanhada de uma irmã. Juntas, rezaram pelas almas de quatro pessoas da família que partiram, entre elas a mãe, Ida Menegazzi, o pai, Clemente Menegazzi, e a irmã, Osvandina Menegazzi. Estão todos enterrados ali. “A gente vem aqui visitá-los porque tem saudade”, resume.

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Mesmo oito anos depois, Celestina ainda chora ao lembrar do marido, Dalcir Machado, a quarta alma para qual as irmãs ofereciam orações. Vítima de um câncer no cérebro, ele deixou a devota esposa, crente em Deus e de que irá revê-lo. “O dia em que eu partir, vamos nos encontrar. Tenho certeza”, diz.

Prático deixou saudade e orgulho

O caminho até o túmulo do marido, Adolfinho Lindalvo Costa, lembra a via de uma procissão para a viúva, Laila Olinda Costa, 64. O jazigo onde o ex-prático descansa há 10 anos é visitado, pelo menos, uma vez por semana pela esposa. “Sempre há flores novas aqui, nunca fica abandonado”, conta, acariciando os crisântemos que deixara ao pé da sepultura.

A morte que separou o casal foi o desfecho de um capítulo doloroso pra família do prático, que descobriu o câncer na próstata durante um exame de rotina. A partir da descoberta da doença, passou os últimos 21 dias de vida internado. Laila, contudo, prefere lembrar que o esposo foi um bom pai e uma figura pública exemplar. “Eu me orgulho até hoje porque, além de um bom marido, era um homem que gostava de ajudar os pobres”, lembra, emocionada.

Quieto e discreto, o professor Edison d’Ávila, secretário de Educação de Itajaí, aproveitou a manhã de sábado para rezar. Solitário, lembrou do pai e de outros 20 familiares enterrados no cemitério da Fazenda. “Eu venho a cada dois meses. É um lugar que ativa as recordações”, disse.

O sorriso de satisfação no rosto contrastava com a emoção de quem foi afogar a saudade dos entes queridos. O fessor justifica o entusiasmo. “O cemitério não é o lugar lúgubre e tétrico, como muitas pessoas desenham. Eu vejo como um local de memórias. aonde você vai, como iria a um museu”, compara.

Comerciantes faturaram alto

O movimento nos arredores do cemitério da Fazenda era visível logo no início da manhã de sábado. Agentes da coordenadoria Municipal de Trânsito (Codetran) orientaram o povão e controlaram o trânsito na avenida Sete de Setembro, que não precisou ser desviado.

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Quem gostou desse entra e sai no cemitério foram os comerciantes locais. Marcos Roberto Imaí, 36, dono da floricultura Juliana, estava com sorriso de orelha a orelha quando conversou com a reportagem no sábado, às 10h da matina. Àquela altura, tinha vendido o dobro de flores da véspera. “De ontem [sexta-feira] pra hoje [sábado], as vendas cresceram 100%. À tarde, eu tô esperando um movimento ainda maior”, disse.

A autônoma Márcia Nascimento, 51, é dona de um carrinho de cachorro quente no bairro São Vicente. Há dois anos, acompanhada de uma amiga, vende flores em frente ao colégio Nereu Ramos, a 100 metros do cemitério, durante o dia de Finados. Márcia comemorou as primeiras horas de trabalho no sábado, principalmente porque o movimento na véspera ficou abaixo do que esperava. “Hoje deve dar uma reagida”.

Cemitério da Barra estava mais vazio no sábado

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Perto das 11h de sábado, poucas pessoas visitavam o cemitério Municipal da Barra, em Balneário Camboriú. Ambulantes como Orlando Metz, 53, que vende caldo de cana há seis anos por lá, apostavam em uma guinada ao longo do dia. “Todos os anos eu ganho R$ 2 mil num dia só”, diz.

A chuva fina e teimosa não tirou o ânimo da zeladora Ivonete Oliveira Rosa, 56, que saiu de casa bem cedo. Foi o carinho nutrido pelo cunhado, Vilto Vieira, morto no ano passado, vítima de um câncer, que a tirou da cama no sábado de Finados. “Além de meu cunhado, foi meu compadre. É uma pessoa de quem eu gosto muito, cunhado do coração”, conta.

“Abraço grátis”, dizia um cartaz pequeno, escrito em letras vermelhas. Além de um sorriso emanado do espírito, quem o exibiu trazia mensagem de esperança, oculta no gesto. “Muitas pessoas vêm pra cá tristes, pois é um momento difícil para elas. Viemos oferecer um abraço”, conta o missionário Daniel Siqueira, 22. Mariana Costa, 19, e Janaína Baltar, 25, ambas também missionárias, se dividiam entre os abraços distribuídos na entrada do cemitério.

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