Eles poderiam estar em casa reclamando da vida, prostrados diante da TV ou depressivos numa cama. Mas preferiram dar um olé na dificuldade e são campeões na superação, no amor ao esporte e no exemplo de vida. A equipe de redatores deste Aprendiz conversou com Fábio Silva, Figue Diel, Fábio Reitz e Eliza para conhecer a vida de atletas e estudantes com necessidades especiais e entender que o bom da vida é vencer obstáculos e dificuldades.
O estudante da Apae, Fábio César da Silva, de 16 anos, ultrapassa as próprias dificuldades quando realiza atividades diferentes, tanto na área do esporte, quanto na dança. Ele se envolve com carinho em tudo que participa. Ultrapasso meus limites e vejo que sou capaz de realizar muitas coisas. Já no esporte, gosto de qualquer um que envolva bolas. Também adoro passeios: quando me levam pra passear, fico muito feliz. E o que eu mais gosto de fazer é dançar músicas alegres, conta Fábio com alegria.
Ela acha que ainda há descriminação por parte da sociedade: As pessoas acham que não somos capazes se realizar atividades como elas realizam. Também enfrentamos dificuldades no dia a dia, como pegar transportes públicos não adaptados e os outros não nos respeitam. Os hospitais também deveriam ter alas especiais para pessoas deficientes. Temos também o trabalho, que muitos pensam que o deficiente não consegue fazerdesabafa Fábio.
Uma vida dedicada à APAE
Maurício entrou na Apae com 10 anos de idade, quando a instituição se localizava na Vila Operária. Presenciou a mudança para o centro de Itajaí, assim como a ampliação de toda estrutura. Foi o primeiro funcionário registrado da empresa, e se orgulha muito disso. Com quase 30 anos na Apae, como aluno e funcionário, Maurício é uma lenda viva. É querido e amado por todos, e sabe que essa história de amor ainda vai durar muito tempo. Eu amo trabalhar aqui, a Apae é a minha vida.
O orgulho ao falar das medalhas impressiona: são várias espalhadas pela mesa. Em cada uma delas, uma história diferente. Foi campeão no atletismo, na dança e no futebol. Medalhas de primeiro, segundo e terceiro lugar. Era muito boa essa fase, né, menino? Só que agora eu não posso mais, porque agora eu sou funcionário.
Esporte, otimismo e fé
O para-atleta Fábio Reitz, que representa Itajaí na modalidade de salto em altura, não é apenas um saltador, mas sim um exemplo de superação, otimismo e fé em si próprio. O atleta teve uma grande barreira em sua vida quando descobriu que tinha um tumor em seu fêmur, e infelizmente teve que amputar uma de suas pernas. Mas não foi isso que o fez parar de praticar esporte . Em 2011 o atleta começou sua jornada no atletismo incentivado pela coordenadora do para-desporto Aline Barros.
Fábio hoje tem 27 anos e é um exemplo de superação. Prova que todos temos capacidade de alcançar nossos sonhos. Atualmente, é um atleta renomado mundialmente, conquistando vários títulos, participando de várias competições. Uma das mais importantes que participou foi a paraolimpíada em Londres. Ele também possui o recorde brasileiro do salto em altura de 1,69.
Surfe, yoga, escalada e alegria de viver
Atleta e instrutor de yoga, Figue Diel é um cara que, mesmo com dificuldades, nunca se deixa abalar. Aos16 anos, um acidente de carro mudou sua história por ter perdido a visão. Ele sempre foi muito motivado para o esporte, superando os próprios limites.
Com o tempo, ele foi ultrapassando os limites e retomou sua vida e seus projetos. Hoje em dia é instrutor de yoga, escalador e surfista e, acima de tudo, uma pessoa motivada e interessada pela vida. Como diz, temos que enfrentar nossos limites, nossas dificuldades e nossos problemas e sempre ver a luz no fim do túnel.
Eu fui obrigado a me reabilitar, pois temos que voltar a viver nossas vidas, voltar a fazer nossas coisas. Não dá pra ficar em casa, lamentando os problemas. É preciso enfrentá-os e superá-los explica Figue.
Nem a paralisia a paralisa
A para-atleta Eliza Graci Alves é nossa colega de escola. Ela tem paralisia cerebral, entretanto é exemplo quando o assunto é garra e superação. Ela representa a seleção brasileira na bocha alética. Mas ela não é apenas uma jogadora de bocha, e sim uma pessoa determinada e focada em seus objetivos. Hoje, ela tem 19 anos e é medalhista do Para-Pan de 2013 , ficando em 3°lugar.
Eu gosto de praticar a bocha, porque viajo bastante, apesar de que às vezes as viagens são cansativas e com pouco conforto. Minha maior alegria foi participar do para-Pan, onde conquistei o 3º lugar com mais duas brasileiras explica a campeã.
Um de seus maiores sonhos é ir para a paraolimpíada: Quero carimbar todo o meu passaporte até 2017. Agradeço minha família, meus amigos e minha treinadora Aline Reitz Barros, que estão sempre acreditando em mim e em minhas potencialidades.