Mandaram que ele saísse do carro. Atiraram quatro vezes. Um tiro acertou o meu irmão, que já decidiu que vai abandonar o táxi. As palavras saíram da boca de Agenor Silva Cubas, 51 anos, num misto de lamento e revolta. Ele é irmão do taxista José Cubas, 62, que foi atingido com um tiro de revólver calibre 22 no final de semana. Dois assaltantes pediram uma corrida de Balneário Camboriú até Blumenau. Os criminosos fugiram, ainda não foram identificados e a corrida que o motorista de praça faz agora é pela própria vida, num leito de hospital em Blumenau .
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Agenor conta que o drama do irmão começou às 15h30 de sábado, quando o taxista levou a dupla até a rua Pedro Álvares Cabral, no bairro do Garcia, em Blumenau. A conta deu R$ 130, e os bandidos mostraram ...
Agenor conta que o drama do irmão começou às 15h30 de sábado, quando o taxista levou a dupla até a rua Pedro Álvares Cabral, no bairro do Garcia, em Blumenau. A conta deu R$ 130, e os bandidos mostraram duas notas de R$ 100. Quando o seu Zé Cubas pegou uma nota de R$ 50 e uma de R$ 20 para dar o troco, os falso clientes puxaram um revólver. Eles anunciaram o assalto, pegaram o dinheiro do meu irmão, mandaram descer do carro e atiraram, relata.
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O mano do motorista de praça acredita que os bandidos estavam perdidos. É que a dupla ligou o carro, andou 300 metros pra frente e voltou, passando pelo coitado do taxista, que estava deitado no chão, atingido com um balaço no peito e se esvaindo em sangue. Nem teriam olhado pra vítima e seguiram em frente. Como foram e voltaram, não há como não acreditar que não estavam perdidos, acredita Agenor.
Enquanto os ladões fugiam com o carro, o povão correu pra socorrer seu Zé Cubas. Os taxista recebeu os primeiros atendimentos dos socorristas do Samu e depois foi levado às pressas e em estado grave ao pronto socorro do hospital Santa Isabel. O coitado chegou a parar na UTI.
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Até ontem à noitinha, seu Zé Cubas continuava internado. A boa notícia é que ele já saiu da UTI e foi para um quarto. Ainda está com dreno no pulmão e hoje vai fazer uma ressonância. Os médicos disseram que a situação está um pouco melhor, mas não descartam que ele tenha que fazer uma cirurgia, detalha Agenor.
O táxi foi encontrado pela polícia Militar ainda no sábado, abandonado na rua Érico Hoffmann, lá mesmo, no bairro Garcia. O caso está sendo investigado pela divisão de Investigação Criminal (DIC) de Blumenau, que ainda não tem novidades. Os tiras estão atrás das imagens do Atlântico Shopping e também das câmeras de monitoramento do centro da maravilha do Atlântico. É que, antes do assalto, o taxista levou a dupla de falsos clientes até a Alvin Bauer, já que eles disseram que iriam ao shopping. Cerca de 40 minutos depois, seu Zé Cubas foi chamado novamente pelos dois pra corrida até Blumenau.
José vai abandonar o trampo
O taxista tem carro de praça há 30 anos, mas geralmente botava alguém pra trampar pra ele. Há dez anos, seu Zé Cubas assumiu de vez a boleia do táxi. Nunca tinha sofrido nenhum assalto. Ontem, depois que saiu da UTI, anunciou pra família que não vai mais ser motorista de praça, revela o irmão Agenor.
Taxistas têm medo de registrar BO
Ismael Rosa, que é presidente do sindicato dos Taxistas de Balneário, diz que os motoristas de praça são reféns do medo. Em boa parte dos assaltos, afirma, os taxistas não registram boletim de ocorrência (BO) na polícia. Eles têm medo da vingança dos bandidos. Registram o BO, a polícia vai lá, prende e em poucos dias eles estão soltos, por isso existe o medo de um novo encontro, argumenta.
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O caso de seu José Cubas, afirma Ismael, é o segundo mais grave do ano. O mais violento foi o de Luís Aires Souza, 30, encontrado morto logo depois do réveillon. Fora isso, o chefão do sindicato dos Taxistas diz que tem o conhecimento de uns três outros casos de assaltos. O número, acredita, é maior do que isso, mas o povo tem medo de contar pra polícia o ataque da bandidagem.
o sindicalista defende algumas mudanças nas regras para os táxis de balneário, a fim de aumentar a segurança dos motoristas. uma delas está num projeto que tramita na câmara de vereadores e diz respeito ao uso de película. o projeto que proíbe o uso já passou pela primeira votação. vai ser bom, pois facilita quem está na rua a ver quem está dentro do carro. até mesmo pra polícia, que já conhece a cara dos criminosos, vai facilitar.