Pelo que entendeu a juíza Márcia Krischke Matzenbacher, da comarca dengo-dengo, faltaram provas para condenar o pedreiro. Sandro havia sido preso em março e teria confessado à polícia a autoria da barbaridade. As facas supostamente usadas no crime, bem como ferramentas que pertenciam ao marido de Keia e que sumiram da residência do casal, foram encontradas escondidas na casa onde o rapaz trampava, segundo a versão oficial dos homidalei. Ou seja, Sandro havia sido apresentado à lei como um assassino réu confesso, depois mudou a versão.
Na sentença que absolveu o pedreiro, as provas apresentadas pela polícia e a confissão inicial de Sandro não foram suficientes para incriminá-lo. O rapaz teria alegado para a dona Justa que foi torturado na delegacia e teria sido coagido a assumir a culpa de um crime que não cometeu.
A juíza considerou que as facas e as ferramentas que pertenciam ao casal, encontradas com o pedreiro, não foram provas satisfatórias para mantê-lo na prisão. Sandro ganhou a liberdade.
O promotor Diego Pinheiro não quis se pronunciar sobre o canetaço da juíza Márcia Krischke Matzenbacher. Através da assessoria, mandou dizer que ainda não havia recebido a intimação da sentença. O dotô Diego assumiu a 3ª Promotoria da comarca de Navega na semana passada.
Viúvo de Keia diz não ter dúvidas de que Sandro é o assassino
Se por um lado o pedreiro Sandro Roberto Cigerza pode respirar aliviado por conta da liberdade que passou a gozar a partir desta semana, por outro Fernando Theodoro, 33, viúvo de Keia, sente o gosto amargo da indignação pelo resultado do julgamento. O marido da ex-miss contou que ficou sabendo da absolvição do acusado na terça-feira mesmo e ontem, pela manhã, já se reuniu com seu advogado, que dava assistência à promotoria, para ver como fará para recorrer da sentença ao Tribunalão de Justiça, em Floripa. Como pode um mostro desse ficar solto por aí? Estou perdido, estou sem acreditar, disse Fernando, cabreiro com a decisão da dona Justa.
Para o viúvo de Keia, não há dúvidas de que Sandro é o assassino. Foi ele sim. Ele ainda não explicou o que fazia na casa dele a minha caixa de ferramentas que ele roubou e as facas do crime. Foi ele, até que provem o contrário!, sentencia.
Ao DIARINHO, Fernando disse ainda que nunca conseguiu dormir dentro da casa onde Keia, que estava grávida, foi assassinada. O viúvo se mudou para a casa de um irmão na Meia Praia. Reformada, a baia do casal foi alugada.
Nada a trará de volta, diz a mãe
Dona Maria Dias Correia, 52 anos, mãe de Keia, disse ao DIARINHO que todos da família estão perplexos com a decisão da dona Justa. Sei que nada traz ela de volta, mas a gente achava que com ele na cadeia poderíamos ficar mais tranquilos, comentou.
A mulher diz que encontra forças para se levantar todas as manhãs nos outros filhos, uma menina de 12 e um rapaz de 30. A gente luta porque temos os filhos, e a de 12 anos precisa da gente; ela nos dá força para seguir em frente, contou.
Com a voz trêmula, dona Maria nem gosta de falar muito da filha assassinada para não se debulhar em lágrimas. É triste lembrar, ela está fazendo uma falta tão grande. Era muito querida, desde criança sempre foi muito meiga, bondosa, inteligente, gostava de estudar, de ler, era muito corajosa e sonhadora, diz.
Garota morta estava grávida de quatro meses
Keia era designer de interiores e foi miss Navegantes em 2000. Estava grávida de quatro meses quando Fernando, o marido, a encontrou morta num quarto dos fundos da casa onde moravam, em Navegantes. Pelo que apuraram os tiras da depê de Navega, o assassino teria sido Sandro Roberto Cigerza, que morava e trabalhava como pedreiro numa construção aos fundos da casa de Edicléia. Com o operário ainda movara a esposa e a filha de apenas um mês de vida.
Pelo que a polícia apurou, Sandro teria pulado o muro para furtar a casa da ex-miss, mas foi surpreendido pela moça. Com medo de que ela o denunciasse, a matou.
O fato do pedreiro ter fugido às pressas para Santa Lúcia, no Paraná, sua cidade natal, no mesmo dia do crime, foi um dos motivos para que a suspeita sobre ele aumentasse. As armas usadas para matar Keia também foram encontradas enterradas numa fossa no quintal da baia onde Sandro trampava e morava, que pertence a uma veranista de Blumenau.
Foi com esses elementos que a polícia conseguiu um mandado de prisão contra Sandro. Ele foi preso em 12 de março. Na depê, teria confessado o crime (Veja abaixo qual a versão inicial que ele teria dado pra polícia).
Fernando, o marido da ex-miss, chegou a ser considerado um dos suspeitos no começo das investigações.