Itajaí

Milheiros de Cabeçudas voltam a trampar

Sem poder ficar na calçada ou na areia, comerciantes improvisam pra ganhar o pão de cada dia

Medo, angústia e ansiedade. Esse misto de sensações faz parte da rotina de Rosângela Hilda Pereira, 45, e do marido dela, Milton Carlos de Andrade, 48. Proprietários de um dos quiosques da praia de Cabeçudas, em Itajaí, que foram demolidos pela prefa em agosto para a revitalização da calçada, eles voltaram a trabalhar, agora na condição de ambulantes. Mas a situação piorou. e o casal não sabe o que vai ser da temporada. “A gente vive disso, não tem outra renda”, admite Rosângela.

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Desde que a prefa liberou um alvará temporário, válido até março para comercialização de milho e churros na orla, os dois vendedores voltaram a trampar em Cabeçudas. Milton e Rosângela chegaram ...

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Desde que a prefa liberou um alvará temporário, válido até março para comercialização de milho e churros na orla, os dois vendedores voltaram a trampar em Cabeçudas. Milton e Rosângela chegaram bem cedo ontem de manhã. Mais do que um capricho profissional, essa pontualidade garante a sobrevivência do negócio. “Se a gente chegar muito tarde, não encontra espaço no estacionamento”, revela.

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O alvará liberado pela secretaria de Urbanismo proíbe o trampo na areia e na calçada. Qualquer outro ponto pode ser ocupado. “A gente optou pelo estacionamento, que é mais próximo de onde a gente trabalhava. Mas é muito difícil”, conta.

Desde 1º de outubro, quando o casal voltou a trabalhar em Cabeçudas, a família inteira, incluindo a filha Ariana Pereira de Andrade, 26, ajuda a tirar o carrinho de churros da picape. “Quando dá 20h, 20h30, a gente tem que colocar de novo no carro. Imagina isso todos os dias”, lamenta Milton. Ele sugere que a prefa deixe os ambulantes tramparem na areia. “Poderiam colocar um tablado e deixar a gente trabalhar em cima”, palpita.

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Ariana morre de pena dos pais. “Me corta o coração ver a mãe trabalhar assim, debaixo de Sol. Cada vez que chove é uma loucura. A gente não sabe o que faz, nem o que pensa”, desabafa.

João Passos Alves, o João do Milho, 65, trabalha há 34 anos em Cabeçudas. Ele voltou a trampar há cerca de 30 dias, depois de dois meses parado. “O prefeito ligou me chamando de volta. Eu não tenho outra renda. A gente vive há mais de 30 anos só disso”, afirma.

Seu João minimiza o incômodo, ao instalar o carrinho de milho e churros sobre um caminhãozinho. Mas as condições de higiene, a falta de água e a desconfiança da clientela o acompanham desde o retorno. “Caiu o movimento em, pelo menos, um terço. Eu já falei pro prefeito fazer um piso sobre a calçada pra que a gente possa colocar o carrinho”, conta.

O auditor fiscal Marcelo Fóes, da secretaria de Urbanismo de Itajaí, deu um bizu na situação ontem à tarde. Ele confirma que os dois ambulantes têm alvará para trampar até março de 2014, quando termina a temporada. “Até o fim do verão, eles vão ter que ficar por aqui mesmo, pois não há outro lugar”, afirma.

Marcelo diz que não há possibilidade de os ambulantes se instalarem na areia da praia, muito menos na calçada. “Pra ocupar a areia, eles deveriam ter a permissão da secretaria de Patrimônio da União”, justifica.

Apesar dos perrengues listados pelos ambulantes, Marcelo diz que o grande problema é com a higiene. “Eles usam um balde pra lavar as coisas. Há uma dificuldade com as condições de higiene”, admite. O auditor carca que ninguém da vigilância Sanitária bateu o olho no local desde o retorno dos comerciantes.

O DIARINHO tentou contato com Luis Antonio Espinosa, diretor de vigilância Sanitária de Itajaí, mas o bagrão estava em uma reunião ontem à tarde e não pôde atender a reportagem.

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Prefa enxotou 11 carrinhos

Os quiosques de Rosângela e João do Milho foram dois dos 11 pontos comerciais escorraçados da praia de Cabeçudas em agosto. No local, estão sendo tocadas as obras de revitalização da calçada. A justificativa da prefa é que os carrinhos construídos ao longo dos 700 metros da faixa de areia atrapalhariam o andamento da reforma.

O pessoal ficou chupando dedo entre agosto e outubro, até que o pessoal conseguiu um alvará temporário para voltar a trampar. Segundo Paulo Praun Cunha Neto, secretário de Urbanismo, quando a obra terminar, uma licitação será aberta para a contratação de vendedores. Trocando em miúdos, nem seu João nem dona Rosângela têm a garantia de que irão voltar a trampar. “A questão sobre eles poderem ou não voltar a trabalhar ainda vai ser resolvida pela procuradoria geral do município”, explica.

As obras de revitalização da praia de Cabeçudas não têm prazo definido para terminar.

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