Claudinei é o funcionário de confiança que foi chamado às pressas no domingo, logo depois da jovem Ana Cristina Araújo, 20, affair do empresário, ter avisado o porteiro do edifício onde o empresário morava que havia encontrado Rogério com um tiro no peito. O cenário da tragédia foi a cobertura do luxuoso Beverlly Hills, num dos metros quadrados mais caros da avenida Atlântica.
Funcionário da empresa há oito anos, Claudinei não consegue tocar no assunto sem se emocionar. Além de patrão ele era um amigo, um pai pra mim. Estou arrasado. Ele me ensinou tudo o que sei, desabafou.
Além de contar o que rolou naquela manhã macabra, o gerente da Embraed fez uma revelação importante. Rogério vinha tomando remédios muito fortes. Também, era muita pressão. Uma empresa com 1700 funcionários... Ele tocava tudo sozinho, assinava cada cheque, cuidava de tudo, diz Claudinei, numa tentativa de justificar o uso dos comprimidos encontrados pelos policiais no apartamento.
O gerente diz que nunca percebeu a suposta depressão de Rogério Rosa, porque o chefe seria extremamente reservado. Ele era muito profissional. Não passava os problemas pra ninguém, não era de se abrir, conta.
Claudinei viu o último suspiro do patrão
O relógio não havia chegado às 8h da manhã quando Claudinei Cândido recebeu a ligação do porteiro do Beverly Hills. O rapaz informou que o funcionário que o substituiria teria faltado e pediu o auxílio do gerente. Segundo ele, cinco minutos depois o porteiro voltou a ligar, muito nervoso. Ele disse pra apurar, porque o seu Rogério tinha se atirado. Eu não entendi direito, perguntei se ele havia se atirado do prédio, e ele explicou que havia sido um tiro, lembra Claudinei, que custou a acreditar no que ouviu. Eu mandei ele parar de falar besteira, mas daí ouvi a namorada dele (Ana Cristina) chorando e pedindo pra eu ir logo, porque era verdade, completou o funcionário da Embraed, deixando escapar uma boa dose de tristeza em cada palavra dita.
Claudinei chegou no closet da cobertura do empresário e viu o patrão estirado no chão, agonizando. Ele acudiu Rogério e chamou os bombeiros. Mas antes de os vermelhinhos chegarem, o empresário deu o último suspiro. Para o gerente da Embraed, é difícil acreditar que Rogério tenha cometido suicídio. Pelo que conhecia, acho que jamais faria isso. A empresa está bem, pra mim isso não tem explicação. Esperava tudo, mas jamais presenciar o último suspiro dele, lamenta.
Pílulas encontradas eram contra depressão e ansiedade
Uma fonte policial ouvida pelo DIARINHO confirmou que o apartamento onde o dono da Embraed foi encontrado morto tinha um monte de remédios ansiolíticos (pra reduzir a ansiedade) e antidepressivos. O delegado Osnei Valdir de Oliveira, da divisão de Investigação Criminal (DIC) de Balneário Camboriú, confirmou que havia remédios no local, mas foi evasivo quando questionado sobre o tipo de medicamentos. Na verdade, vai ser preciso ouvir os médicos, se havia algum médico acompanhando ele, demonstrar qual era o quadro clínico... Mas só através do curso da investigação que vamos ter essa confirmação, esquivou-se.
O dotô confirmou que a mulher que estava junto com o empresário, Ana Cristina Araújo, afirmou ter ouvido Rogério admitir que teria dado cabo da própria vida com um tiro no peito. Apostando na versão de suicídio, o delegado Osnei acredita que Ana Cristina, a única pessoa que estava no local na hora do disparo, não tem participação na morte. A versão que ela apresentou condiz com o que nós colhemos de evidências, através de imagens e relatos de testemunhas, adianta o policial.
As imagens a que o dotô refere-se são as do circuito interno do prédio, que mostram o casal entrando no apartamento no sábado à noite e a guria saindo para pedir socorro no domingo de manhã. A cena do crime também nos leva a crer em suicídio, porque nenhum objeto sumiu e não havia nada bagunçado, o que indica que não houve luta corporal, acrescentou. O delegado ainda investiga de quem era o trezoitão que matou o dono da Embraed, já que nem Rogério nem a moça tinham porte de arma. O inquérito vai apurar de onde veio essa arma, diz. Ele não descartou a possibilidade de ouvir a família do empresário e a moça novamente. Ainda esta semana, o delegado pretende ouvir Claudinei Cândido, um dos gerentes da empresa, que também viu Rogério Rosa morrer.
Empresário andava estranho, disse a namoradinha à polícia
No depoimento dado à polícia, Ana Cristina afirmou que Rogério andava com um comportamento atípico nos dias que antecederam a tragédia. Ela falou que estava nervoso, ansioso e diferente do que costumava ser, revela o delegado Osnei Valdir de Oliveira, da DIC.
Segundo o delegado, em nenhum momento a jovem disse que o dono da Embraed teria reclamado de dificuldades financeiras, como foi especulado pela cidade. Um prestador de serviços da Embraed na área contábil disse que não daria entrevista formalmente, mas confirmou à reportagem que a empresa está bem das pernas e não passava por qualquer dificuldade financeira. Longe disso, garantiu o contador.
Mesmo com os indícios fortes de suicídio, o delegado Osnei diz que só pode dar certeza do que rolou entre a noite de sábado e a manhã de domingo, depois de ter todos os laudos dos técnicos do instituto Geral de Perícias (IGP) em mãos.
Ontem Ana Cristina, que também era funcionária da Embraed, postou a imagem de uma rosa e uma tarja preta com a palavra LUTO em seu perfil do facebook. O DIARINHO tentou contato com a moça, mas ela não respondeu às mensagens enviadas pela rede social.