Além do funcionário de plantão do IGP da Maravilha do Atlântico, outro perito criminal e um auxiliar técnico de Florianópolis vieram dar apoio no trampo de apurar vestígios sobre o que aconteceu na cobertura do empresário. De acordo com Lúcia, a equipe manezinha veio dar o reforço porque o caso seria de grande repercussão, já que Rogério Rosa era considerado um dos homens mais ricos da região.
No closet da cobertura do prédio Bevely Hills, na avenida Atlântica, os peritos fizeram a análise completa do local. O cenário da morte, comenta a chefona dos peritos, foi alterado devido à tentativa dos bombeiros de salvar a vida do empresário. A arma um trezoitão - e a bala que atravessou o peito de Rogério Rosa também foram recolhidas e continuam sendo estudadas.
Lúcia diz que, além de analisar cada detalhe do cômodo onde Rogério foi encontrado, os médicos legistas ainda fizeram uma série de análises no corpo do dono da Embraed. Foi coletado sangue, urina, mucosa do estômago e material que fica embaixo da unha. Pra ver se existe possibilidade de haver algum componente tóxico no corpo, explica a perita. Além disso, foi feito o exame residuográfico, que mostra se há algum resquício de pólvora nas mãos e nos dedos do empresário.
Também foram feitas análises de resíduos no corpo da única pessoa que estava no apartamento na hora do tiro: a jovem Ana Cristina Araújo, 20, que se apresentou à polícia como namorada de Rogério. A moça também foi submetida a um exame de lesão corporal no IML, para ver se tinha alguma lesão ou possível marca de agressão.
Os resultados de todas as análises só devem ficar prontos daqui a um mês. As coletas são na hora, mas depende do uso de reagentes, de processamento de laboratório pra dar o resultado, o que leva, em média, 30 dias, que é o prazo do inquérito policial, diz a chefona do IGP.
Vídeos ainda não foram analisados
Até ontem, conta ainda perita, a polícia Civil não havia pedido as análises das imagens das câmeras de monitoramento do edifício Beverly Hills. Ela ressalta que a perícia é necessária para que os vídeos possam servir como provas no inquérito policial. As imagens só vão ter valor depois que forem transformadas num laudo de perícia. Isto exige a intervenção e a análise de um perito criminal. Só as imagens anexadas ao inquérito não têm força probatória, observa.
Cobertura está fechada desde domingo
Desde domingo, quando Rogério Rosa, um dos homens mais ricos de Balneário Camboriú, foi encontrado morto no closet do seu apartamento, ninguém mais entrou ou saiu da cobertura do Bevely Hills. Até ontem, o luxuoso edifício que fica na esquina da avenida Atlântica com a rua 4400, na Barra Sul, continuava fechado, informou um funcionário do prédio.
Na segunda-feira desta semana, o delegado Osnei Valdir de Oliveira, chefão da divisão de Investigação Criminal (DIC), responsável pelo caso, informou que o apartamento estaria liberado, porque todas as perícias já foram feitas. Mesmo assim, nenhum familiar pintou no local macabro até o meio-dia de ontem, revelou o funcionário.
O trabalhador confirmou que só existem câmeras de segurança na parte externa do apartamento e são os porteiros que têm acesso aos monitores. As imagens ficam gravadas por 15 dias.Depois, são apagadas automaticamente, disse. Não existe câmera dentro do apartamento. Lá está tudo lacrado, ninguém vê, afirmou o funcionário.
Pelo que contou ainda o trabalhador, Rogério não faltava à malhação diária na academia que havia no Beverly Hills. Estava sempre por lá por volta das 8h30 da matina, de segunda a sexta-feira.
Tiras vão fuçar a vida do empresário
Tentando resolver o caso sem deixar lacunas abertas, a polícia já começou a tomar o depoimento de familiares e funcionários da Embraed. O objetivo é escarafunchar a vida do empresário Rogério Rosa para ver se ele estava com algum grave problema pessoal.
Quem será ouvido, o delegado Osnei Valdir, da divisão de Investigação Criminal (DIC), prefere não revelar. Mas o dotô diz que será gente bem próxima de Rogério. Tudo está levando ao suicídio, mas pra afirmar com certeza, só depois que recebermos o laudo da perícia, destaca o policial.
Sobre a revelação de que o tiro que matou Rogério Rosa ter sido à queima-roupa, o delegado afirma que não tem qualquer informação sobre isso e que nada lhe foi repassado.
O dotô Osnei espera ter os laudos do IGP em mãos entre 10 e 30 dias e garante que os peritos não lhe passaram nenhum laudo preliminar. Se foi um tiro à queima-roupa, reforça ainda mais a tese de suicídio, especula, fazendo questão de repetir que não recebeu nenhuma informação sobre isso.
Fez fortuna do nada
Rogério Rosa, que era filho de pescador e de uma dona de banca de peixe e já vendeu até cachorro-quente, fez fortuna construindo prédios de luxo entre Itajaí e Balneário Camboriú. Às 8h da manhã do domingo passado, foi encontrado com um tiro no coração. Na página 20 desta edição você lê matéria sobre a sucessão na construtora Embraed.