O pedreiro aposentado Eduardo Dionísio da Silva, 78 anos, passou a vida sem ter problemas com a polícia. Mas agora, encostando nos 80 anos, vai amargar uma cela do cadeião do Matadouro, em Itajaí. Ele foi autuado em flagrante por ameaçar de morte a esposa, dona Iracema Pereira Cunhaco, 70. E tudo por conta da maldita da cachaça, que estragou um relacionamento de décadas. Cansada de ser humilhada e ameaçada, sem dó de ver o marido idoso ir parar no presídio, dona Iracema nem pensa duas vezes em dizer: Quero que ele vá embora. O casal mora no loteamento Promorar, bairro Cidade Nova, em Itajaí, onde rolou a violência doméstica.
Pelo que informou a polícia, lá pelas 14h houve o comunicado de que rolava uma violenta briga de casal no Promorar. Quando uma baratinha chegou na frente da baia, os PMs já imaginavam o que tinha ...
Pelo que informou a polícia, lá pelas 14h houve o comunicado de que rolava uma violenta briga de casal no Promorar. Quando uma baratinha chegou na frente da baia, os PMs já imaginavam o que tinha acontecido. Outro dia, fui na casa atender o mesmo casal de idosos. Ele estava com uma faca na mão, contou um dos fardados que teve no local. .
Na baia, os PMs encontraram o casal batendo boca. Seu Eduardo estava manguaçado, e dona Iracema afirmava que o marido a estava ameaçando de morte. Os dois foram levados à depezona da rótula do Vanolli. Depois de ouvir o casal, o delegado Etelino Pedro Steil autuou o pedreiro aposentado em flagrante por violência doméstica, com base na lei Maria da Penha. O dotô ainda anda deu o arrego pra seu Eduardo pagar um salário mínimo de fiança, mas como o velhinho não tinha grana, ontem mesmo foi levado para o cadeião do Matadouro.
Juliano Stoeber, funcionário do departamento Estadual de Administração Prisional, que comanda o complexo Penitenciário da Canhanduba e também o cadeião do Matadouro, informou que o idoso vai ficar junto com os presos, no que as otoridades chamam de prisão civil. Ou seja, junto com a machalhada que não pagou a pensão alimentícia, por exemplo. Eles ficam em uma ala separada dos presos por outros crimes, explicou.
Bebida provocou o fim da história de amor que nasceu num baile
Dona Iracema e seu Eduardo têm versões diferentes tanto pra datas quanto para a história de amor que viveram e que, agora, chega ao fim com o gosto amargo da discórdia. Para ela, o relacionamento entre os dois durou 20 anos. Para ele, foram três décadas. Desde o dia em que se conheceram, em um baile, e que resolveram morar juntos, muita coisa mudou. Ele vive bêbado. Entra na minha casa e começa a gritar que tudo é dele. Só que a casa é minha, ganhei de meu falecido marido. Quero que ele vá embora, dizia dona Iracema, com todas as letras, ontem à tarde na depezona.
A idosa revelou que há dois anos as coisas não estão bem entre os dois e que seu Eduardo, desde então, dormia no sofá da sala. A culpa pelo fim da história de amor é a cachaça, afirma a velhinha. A situação por conta da bebida chegou a tal ponto que, acusou dona Iracema, seu Eduardo já a ameaçou algumas vezes. Por isso, não tem dó em dizer que quer ver o marido atrás das grades. Imagina se um dia eu tô dormindo e ele me mata. Meus 13 filhos (de outro relacionamento) me cobram que eu mande ele embora, argumenta.
Seu Eduardo, algemado em uma das salas da depezona, se desmanchava em choro ontem à tarde. Já imaginava que iria acabar numa cela de cadeia aos 78 anos de idade. Mesmo com dificuldades na fala, garantiu ao DIARINHO que gosta de dona Iracema e que não ia fazer mal nenhum a ela.
O velhinho admitiu que bebe. Mas, fez questão de dizer, jamais encostou um dedo na esposa. Nunca fiz nada. Até bebo, mas nunca fiz nada, repetia, sem conseguir segurar as lágrimas.