Itajaí

Semasa ignora pedido de ligação de água e famílias dependem de São Pedro e caminhão-pipa para viver

Morador criou sistema de captação de água da chuva; tempo firme secou reservatório

Luxo. Há 10 meses, é dessa forma que três famílias da localidade do São Roque, no bairro Espinheiros, em Itajaí, classificam a água que sai pela torneira e cai do chuveiro. Desde o início do ano, quando uma bica naquela região secou, o povão passou a comprar o líquido precioso. De lá pra cá, economiza como pode e, acredite, reza pra São Pedro mandar chuva pra aliviar a dificuldade. “Acho que eu já fiz até dança da chuva”, brinca o vigilante Everson Fabiano da Silva, 29, uma das vítimas da escassez.

Apesar do bom humor, Everson anda furioso com o pessoal do serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e Infraestrutura (Semasa).

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

Apesar do bom humor, Everson anda furioso com o pessoal do serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e Infraestrutura (Semasa).

Continua depois da publicidade

Ele contou ao DIARINHO que desde janeiro faz contato com a autarquia para tentar ligar a rede de água na baia dele. Entre promessas e desculpas, a visita nunca rolou, e o problema da falta de água persiste. “Já colocaram até plaquinhas do Semasa aqui na entrada de casa, mas nunca vieram”, jura.

No último contato telefônico feito com Semasa, Everson ouviu de um dos funcionários que a ligação era economicamente inviável. Segundo a companhia, como as três casas estão a mais de 50 metros de distância uma da outra, uma rede apenas não atenderia a demanda. “Disseram que o custo pra fazer mais de uma rede seria alto e que não compensava”, conta.

Água da chuva armazenada em tanque

O dilema começou há dois anos, quando de uma hora pra outra a casa de Everson e outras duas vizinhas, incluindo a do pai dele, o pedreiro Angelino Bacca, 49, tiveram o abastecimento de água interrompido. Eles passaram a pegar água em uma fonte no alto do morro, a cerca de 800 metros da baia do vigilante. “Quando a fonte secou, todo mundo ficou meio que na mão”, lembra Everson.

De lá pra cá, a rotina da família do cara mudou da água para o vinho, literalmente. No desespero, Everson, que trampa na Viaseg, em Itajaí, bolou uma engenhoca para captar água da chuva. Ele e o pai construíram um minireservatório embaixo da terra que recebe toda a precipitação que desce da calha, no telhado. Por meio de uma bomba-sapo, a água é transportada às caixas da casa de Everson e do pai dele.

O tanque comporta oito mil litros, mas, segundo o vigilante, tem andado praticamente vazio nos últimos meses. “Faz muito tempo que não chove, e quando chove é pouca coisa. A gente faz até dança da chuva pra cair temporal aqui”, brinca.

Com a escassez de chuva, a família do vigilante apela para outros dois meios pra conseguir água.

Um deles é comprando o líquido de caminhões-pipa. “A gente deve ter pedido umas cinco vezes. Eu sempre racho com o pai”, explica Everson. Cada bruto fornece 10 mil litros d’água por R$ 250. “É caro, por isso a gente evita pedir”, revela. Everton também compra bombonas de água de 20 litros, que são usadas para tomar.

Continua depois da publicidade

A economia de líquido precioso é quase uma cultura por lá. O pessoal lava roupa apenas uma vez por semana, bebe o suficiente para matar a sede e agiliza no banho. “A gente procura ficar o menor tempo possível embaixo do chuveiro. Alguns minutinhos, só”, revela.

Semasa diz que vai reavaliar questão, mas adianta que trampo não é fácil

Continua depois da publicidade

De acordo com Theo Sevey, assessor de imprensa do Semasa, a autarquia está ciente dos pedidos daquela comunidade e faz um estudo de viabilidade. “Tem uma questão técnica emperrando. Cada uma dessas ligações tem 196 metros de rede, e teriam de ser três, o que dá mais de 500 metros”, explica. Ainda de acordo com o assessor, seria necesário um buster, que é uma bomba de pressão. “E esse equipamento depende de um investimento”, admite Theo.

O assessor revelou, contudo, que o Semasa fará um novo estudo na região. “Vamos mandar pessoas até o local para analisar novamente a possibilidade de implantar essa rede”, concluiu.

Sabichão culpa estado por deixar famílias na seca

Continua depois da publicidade

Para o cientista político e professor de direito da Univali, José Everton da Silva, as três famílias são privadas de um direito primário de qualquer cidadão. “A Constituição assegura acesso ao básico, e a água está entre esses direitos”, opina o fessor.

Na opinião dele, a indiferença social é culpa do estado. “Sob qualquer lógica, o estado falha. O Semasa não precisa colocar torneira na casa das pessoas, mas tem que fornecer água”, concluiu o sabichão.






Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

WhatsAPP DIARINHO

Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






216.73.216.158


TV DIARINHO


🛤️📍 LIGAÇÃO COM A BR! Balneário Camboriú vai ganhar novo acesso entre a avenida Palestina e a BR 101 ...



Especiais

Vítimas esperam indenizações enquanto sócios vivem em imóvel de R$5 milhões

Caso Backer

Vítimas esperam indenizações enquanto sócios vivem em imóvel de R$5 milhões

EUA gastaram milhões para cooptar PF há 20 anos; processo não foi julgado

POLÍCIA FEDERAL

EUA gastaram milhões para cooptar PF há 20 anos; processo não foi julgado

Após avanço no STF sobre reajuste, idosos podem ter derrota para planos de saúde na Câmara

SAÚDE

Após avanço no STF sobre reajuste, idosos podem ter derrota para planos de saúde na Câmara

Vítimas de nudes com IA sofrem em limbo digital enquanto sites lucram: “Me senti abusada”

PERIGO DA IA

Vítimas de nudes com IA sofrem em limbo digital enquanto sites lucram: “Me senti abusada”

Cidades mineiras se preparam para exploração de enorme jazida de terras raras

EXPLORAÇÃO

Cidades mineiras se preparam para exploração de enorme jazida de terras raras



Blogs

Para não dizer que não falei de flores

Blog do Magru

Para não dizer que não falei de flores

Presidente da casa do povo de Blumenau, denúncia uso irregular de carangas da prefa

Blog do JC

Presidente da casa do povo de Blumenau, denúncia uso irregular de carangas da prefa

Benefícios do orégano

Blog da Ale Françoise

Benefícios do orégano



Diz aí

"Tem que entregar. Ninguém está garantido nesse governo. Nem nós."

Diz aí, Rubens!

"Tem que entregar. Ninguém está garantido nesse governo. Nem nós."

“Acho que a atividade-fim tem que se manter 100% pública, que é a educação”

Diz aí, Níkolas!

“Acho que a atividade-fim tem que se manter 100% pública, que é a educação”

"Nosso projeto é de clube formador, de dar oportunidades aos jovens talentos"

Diz aí, Bene!

"Nosso projeto é de clube formador, de dar oportunidades aos jovens talentos"

“O gargalo que a gente enfrenta é a mão de obra e a qualificação da mão de obra”

Diz aí, Thaisa!

“O gargalo que a gente enfrenta é a mão de obra e a qualificação da mão de obra”

"Comprem em Camboriú porque vai valorizar. Camboriú é a bola da vez"

Diz aí, Pavan!

"Comprem em Camboriú porque vai valorizar. Camboriú é a bola da vez"



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.