A vendedora Bruna de Souza, 23 anos, comprou duas bandejas de iogurte de morango da marca Tirol, dia 11, no supermercado Koch, no bairro São João, em Itajaí. O produto, que venceria só dia 7 de dezembro, foi consumido pelo filho dela, de apenas dois anos. Foi na segunda bandeja que Bruna percebeu que o leite tava estragado, com marcas de bolor.
A leitora carca que, depois da primeira bandeja, o pequerrucho já começou a passar mal, mas ninguém desconfiava do iogurte. Ele ficou com 40 graus de febre. Só pode ser por isso, acredita. Bruna ...
A leitora carca que, depois da primeira bandeja, o pequerrucho já começou a passar mal, mas ninguém desconfiava do iogurte. Ele ficou com 40 graus de febre. Só pode ser por isso, acredita. Bruna entrou em contato com a fabricante, que prometeu recolher e analisar o produto.
De acordo com Ana Patrícia Ribeiro da Cruz, analista do serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da Tirol, o contato com a consumidora rolou terça pela manhã. Segundo a funcionária, se a mãe apresentar um laudo comprovando que a febre teve relação com o produto estragado, a empresa irá bancar os gastos médicos. Sobre o iogurte embolorado, Ana informou que, após a análise, a Tirol irá ressarcir a grana que Bruna gastou com as duas bandejas.
A analista explicou que o lote só será recolhido se o produto apresentar alteração em relação aos testes anteriores. Será feito um comparativo da bandeja da Bruna com a amostra do lote do produto. Ela contou que um representante da Tirol vai bizolhar se o Koch tá refrigerando direitinho os iogurtes. O bolor só acontece quando há uma alteração na temperatura do produto ou quando existe um furo na embalagem, completou Ana.
O DIARINHO tentou localizar o gerente do Koch. Quem falou foi um funcionário identificado como Saimon Luis. Ele questionou se a consumidora não tinha deixado o iogurte muito tempo fora da geladeira. Depois, apresentou uma alternativa. O consumidor lesado pode trocar o produto se tiver o cupom fiscal. A reportagem quis saber se o Koch desliga os refrigeradores durante a madruga, mas ele negou. Fica tudo ligado à noite toda, garantiu Saimon.
Bolor pode causar câncer, diz sabichona da Univali
A professora da Univali e nutricionista Marla de Paula Lemos explicou que os bolores fazem parte da família dos fungos. Alguns, diz, até fazem bem ao ser humano, auxiliando na produção, como o penicillium gorgonzolae, usado na fabricação do queijo gorgonzola. Outras espécies fazem o papel de deteriorar alimentos, reduzindo o tempo de vida do produto e alterando suas características, como mudanças na cor, odor ou textura, explica Marla, que é mestra em engenharia de produção.
Porém, a professora alerta: existem bolores patogênicos, produtores de microtoxinas. Estes sim fazem mal à saúde, podendo causar câncer de esôfago, fígado, insuficiência renal e outras doenças crônicas. Para evitar a produção destas microtoxinas é necessário que os alimentos, desde a etapa do plantio, colheita, transporte, comercialização e armazenamento não adquiram umidade.
Marla avisa que alimentos com carboidratos também estão na lista dos atingidos por bolores patogênicos, como milho, feijão, amendoim, castanha e arroz. Contudo, a toxina uma vez formada não é eliminada durante o processamento. Por exemplo, uma paçoca feita com amendoim contaminado estará também contaminada, mesmo tendo passado pelo processo de industrialização. Segundo a sabichona, a dica é evitar consumir produtos embolorados e armazenar os que estão livre de bolor e dentro do prazo de validade em locais ventilados.
Tem direito a receber dindim, afirma Procon
De acordo com Rafael Martins, chefão do Procon peixeiro, o consumidor que comprar produto estragado, dentro do prazo de validade, tem direito a receber a grana de volta. Já no caso de consumo, como no caso da Bruna, a marca pode sim exigir que a consumidora apresente um laudo comprovando que o iogurte foi o causador da febre. Só assim Bruna poderá cobrar pelos gastos médicos. Porém, o dotô explica que se o fornecedor não quiser tirar o lote do mercado antes que o resultado do laudo saia, o risco é todo da empresa. Os critérios dessas marcas geralmente são bem apurados. Mas eles sabem que estão assumindo riscos, caso volte a acontecer.