A noite de quinta-feira foi agitada na câmara de Vereadores de Camboriú. Tudo por conta de um projeto encaminhado pela secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social, que prevê a transferência de 390 mil 366 reales, em 12 parcelas, para a instituição Estrela de Isabel, na city peixeira. A grana é pra pagar os custos do acolhimento de crianças e adolescentes vítimas de violência ou em situação de risco social que são encaminhadas pela dona justa ou pelo conselho Tutelar.
Até aí tudo bem, não fosse o fato de que toda essa dinheirama é pra custear apenas nove pequerruchos. O valor representa 3.614,5 reales por mês com cada criança, grana que representa vários meses ...
Até aí tudo bem, não fosse o fato de que toda essa dinheirama é pra custear apenas nove pequerruchos. O valor representa 3.614,5 reales por mês com cada criança, grana que representa vários meses da renda da maioria das famílias brasileiras. Alguns vereadores ficaram putos dos cornos, mas o projeto foi aprovado em primeiro turno, com votos contrários apenas dos vereadores Ângelo Gervásio (PMDB), Má da Madereira (PV), Jane Stefenn (PSDB), Josenildo Rosa, o Guigo (PDT) e Carlos Alexandre Martins, o Xande (SDD).
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O vereador Zé Pedro (PSDB), que coordenou a sessão em função da ausência do presidente Márcio Aquiles da Silva (PSC), não votou, pois o presidente só vota em caso de empate, mas disse que votaria contra. Para o tucano, essa grana toda dava pra alugar um prédio e contratar uma equipe pra cuidar dos pequerruchos ali mesmo em Camboriú.
Isso é vergonhoso, ainda mais em um município pobre como o nosso, reclama a vereadora tucana Jane.
Foi a dona justa quem mandou
A prefa diz que tomou a medida em função de uma determinação da juíza Camila Coelho, que obriga o município a acolher os adolescentes que tiveram o vínculo familiar rompido. Mas o município de Camboriú não tem nenhuma entidade com condições técnicas de acolher esses pequerruchos. A prefa diz que o problema deve ser resolvido com a contrução de uma instituição e a contratação de uma equipe especializada, mas só a partir do ano que vem.
John Lenon Teodoro, secretário de Desenvolvimento e Assistência Social, explica que a prefa simplesmente cumpriu uma ordem judicial. Nós não escolhemos a instituição. Isso foi uma definição da juíza Camila Coelho, que foi pessoalmente visitar a Estrela de Isabel, em Itajaí, e viu as condições técnicas, e conheceu a estrutura. E assim ela determinou, através de um despacho, que o município encaminhasse os adolescentes pra essa instituição. O CMDCA [conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente] liberou, aprovou e encaminhou para a câmara de Vereadores, sisplica.
John Lenon concorda que os valores são altos mas, para o secretário, os valores se justificam, por um lado, pelo fato de que alguns dos adolescentes necessitam de cuidados especiais, com enfermeiras, assistentes sociais, médicos e uma equipe, que se divide em turnos pra atuar 24 horas por dia, sete dias por semana. Das nove vagas ofertadas nesse convênio, três são para adolescentes com necessidades especiais.
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