Baixa autoestima, atitudes agressivas, notas baixas e vontade de ficar bem longe da escola. Estes são sintomas que crianças e adolescentes apresentam quando estão sendo vítimas de bullying, palavra em inglês que define a agressão física ou psicológica intencional sofrida repetidas vezes. A psicóloga educacional da Univali, Leia Viviane Fontoura, explica que o bullying acontence quando existe vítima, agressor e testemunha. Sem testemunha não há violência, por isso é preciso que esses três personagens andem juntos. Um adolescente de Barra Velha sumiu de casa por 17 dias e contou à família que estava sofrendo perseguição na escola. O caso está sendo investigado pela polícia Civil da Terra do Pirão.
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Leia diz que não há faixa etária específica pra palhaçada rolar. O bullying atinge crianças, adolescentes e até mesmo adultos, independente do ambiente social. Toda a escola deve ou deveria abordar ...
Leia diz que não há faixa etária específica pra palhaçada rolar. O bullying atinge crianças, adolescentes e até mesmo adultos, independente do ambiente social. Toda a escola deve ou deveria abordar o tema. É inadmissível um ambiente escolar não falar sobre bullying. As escolas devem organizar debates com os alunos, falar como o bullying atrapalha a vida de uma pessoa e quais as consequências.
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Agonia
A professora S.S.M., 32 anos, passou duas semanas desesperada. O filho, C.E.S.M.B, 14, fugiu de casa, em Barra Velha, e só foi encontrado 17 dias depois, em Lages. Segundo ela, o garoto disse que vinha sofrendo no colégio. Ele não quer de jeito nenhum voltar à escola.
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S. contou à reportagem que a suspeita havia surgido durante a investigação, mas só foi confirmada no reencontro com o adolescente.
Conforme a mãe, durante uma aula um professor teria dado pela falta de um livro e depois achado na mochila de C. Um colega de sala contou que o professor fechou a sala de aula e todo o mundo vaiou meu filho. Ela procurou a direção da escola e denunciou o professor. Isso é uma negligência.
Desde que foi encontrado, o jovem quase não fala, e a mãe diz que irá encaminhá-lo a uma psicóloga. Ele disse que os alunos estavam tirando sarro, dando apelidinhos.
Pelo pouco que falou, a ideia do adolescente era seguir até Lebon Régis, onde morou de fevereiro a setembro com um avô. Ele saiu de casa numa zica e percorreu 117 quilômetros até Apiúna, quando o pneu da bike furou. De lá, andou 77 quilômetros até Pouso Redondo, onde disse que um estranho lhe ofereceu comida e abrigo. Depois, ele foi junto com o homem a Ituporanga, onde trabalhou numa plantação de cebola por alguns dias. Sábado, eles foram a Lages, onde meu menino foi encontrado.
Garoto estava há dois meses em escola nova
Segundo a escrivã da delegacia de Barra Velha, Ângela Parisotto, C. e o homem que o ajudava, identificado como Wilson Varela da Silva, foram localizados numa casa em Lage. Foi o irmão do Wilson que chamou a polícia. O caso ainda não foi encerrado. O menino será ouvido.
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C. estudava há dois meses na escola Estadual David Pedro Espíndola. Segundo a diretora, Elizabeth Nunes Barcelos Giuradelli, apesar de o tema ser abordado na escola, as agressões sofridas por C. não chegaram aos ouvidos da direção. Quando o aluno reclama, a gente ouve os envolvidos e faz um trabalho em cima disso. Porém, ele não veio até nós. Flávia Manhães Sinkdeiner, do conselho Tutelar de Barra Velha, disse que vai ouvir a escola e ajudar a mãe do menor a encontrar atendimento com uma psicóloga.
Sandra Regina Sirena, psicóloga e coordenadora do núcleo de Estudos e Atendimentos Especializados (Neas), da secretaria de Educação, informou que o órgão trabalha desde 2009 com projetos de prevenção ao bullying. De acordo com ela, a agressão causa muitos transtornos psicológicos à vítima. Portanto, é preciso um acompanhamento profissional. Geralmente quem sofre bullying é alguém que se destaca por alguma diferença, por exemplo, crianças obesas, muito magras ou novas na escola (caso de C.).