A selvageria envolvendo torcedores do Atlético-PR e do Vasco, no domingo, em Joinville, ganhou novos capítulos ontem. No principal deles, a polícia Militar e o ministério Público de Santa Catarina não assumem a bronca e jogam a responsabilidade pela briga no colo dos outros. Pra PM, a culpa é do MP. Pro MP catarina, a culpa é do Atlético-PR. E pro Furacão, a culpa é de Eurico Miranda, ex-presidente do Vasco.
Em nota divulgada na manhã de ontem, o comando da polícia Militar catarinense declarou que não colocou policiais dentro da Arena Joinville, onde torcedores do Atlético-PR e Vasco se enfrentaram ...
Em nota divulgada na manhã de ontem, o comando da polícia Militar catarinense declarou que não colocou policiais dentro da Arena Joinville, onde torcedores do Atlético-PR e Vasco se enfrentaram no domingo, em respeito a uma ação civil pública do ministério Público que pede que a Justiça proíba a participação de policiais militares em atividades que fujam da competência constitucional da corporação.
Segundo o ministério Público, é ilegal a destinação de agentes públicos para a proteção do trio de arbitragem e de bens e instalações. Outra atividade tida como ilegal vem a ser a destinação de policiais para compor a chamada barreira, que divide os torcedores. O ministério Público entende que essa atividade é da competência dos organizadores do evento, portanto, de cunho privado, e por eles deve ser exercida, diz texto assinado pelo coronel Nazareno Marcineiro.
O ministério Público da Santa & Bela alega que foi mal interpretado pela polícia Militar em sua proposta de regular o policiamento na Arena Joinville. O promotor Francisco de Paula Fernandes Neto informou, via assessoria de imprensa, que a ação ainda é só uma proposta que não foi apreciada pela Justiça. E, segundo ele, se tivesse sido aceita, só seria aplicada em 2014. O objetivo, segundo o promotor, é evitar desvio de finalidade da polícia Militar. Ele entende que, no estádio, a segurança deve ser feita pelos organizadores do evento, e à PM cabe apenas supervisionar.
Soltou o verbo
Em entrevista pra rádio oficial do clube, o presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, botou grande parte da culpa na conta dos vascaínos. Segundo ele, a turma iniciou a confusão com o objetivo de suspender o jogo e levar a decisão pra a Justiça. Tudo com o aval da diretoria do clube carioca. Vieram, de forma premeditada, criar dificuldades para que o jogo não terminasse. Queriam que fôssemos para o tapetão, o que seria a última esperança de não voltar ao lugar deles, que é a segunda divisão, afirmou o cartola. Quem vem do Rio de Janeiro até Joinville para ver um jogo do seu time que está para cair? É para incentivar o time ou para fazer baderna, violência, quebra-quebra, agressões?, continuou.
Petraglia classificou a confusão de ontem como herança do Eurico Miranda e responsabilizou o clube carioca. Toda essa coisa que nós vimos aqui, infelizmente, é herança desses dirigentes que investem, que prestigiam, que dão dinheiro e ingressos para essas torcidas organizadas, declarou. Sobrou mais um para o caixão do seo Eurico Miranda. Para o paranaense, o Vasco foi aviltado e saqueado pelos últimos dirigentes e não está estruturado para jogar na primeira divisão. Está aí o resultado. Cinco anos, a segunda queda. E vai ficar nesse ioiô, nesse sobe desce. Porque não tem nenhuma estrutura, não se organizou, não se modernizou, disse.
Transferência
O caso está sendo investigado pela polícia Civil de Joinville. Três torcedores do Vasco, detidos em flagrante no domingo, foram transferidos pro presídio da Terra das Bailarinas. Eles foram indiciados por tentativa de homicídio, associação para o crime e incitação da violência, segundo o delegado Dirceu Silveira. Há vários outros envolvidos, e a polícia está empenhada em identificar todos os partícipes do evento, disse o policial. A polícia recolheu filmagens da briga, e espera indiciar outros torcedores em 10 dias.
Dos quatro levados às pressas ao hospital, o único que continua internado é William Batista, de 19 anos, torcedor do Atlético-PR. Ele foi transferido do hospital São José ao hospital da Unimed e, até as 10h de ontem, permanece em estado estável. De acordo com os médicos, ele sofreu traumatismo craniano, mas não corre risco de morte.
Já Estevão Viana, de 24 anos, e Gabriel Ferreira Bitael, de 20, foram liberados pelos médicos às 10h de ontem, depois que passaram a noite em observação neurológica. Diogo Cordeiro da Costa, 29, que teve o mesmo tipo de lesão, já havia sido liberado na noite de domingo.