Itajaí

Conheça os testes que checam se a sua praia tá bonita na foto

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Por Vânia de Campos

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O verão começou há quase uma semana e, Santa Catarina, um dos principais destinos de férias do Brasil, se prepara para uma temporada de sol e muito calor com temperaturas já batendo os 30 graus nos últimos dias. Até fevereiro o estado deverá receber perto de quatro milhões de turistas brasileiros e do exterior, isso porque nos dois primeiros meses de 2013, a Santur – órgão oficial do turismo catarinense – registrou uma visitação de 3,7 milhões de pessoas. Essa gente toda vem pra cá em busca de sombra, água fresca e mar limpo. Também pudera. Com 500 quilômetros de litoral é quase impossível ficar longe da praia, dos mergulhos, do surfe, dos passeios de barco, do stand up e tantas outras atividades que tem o mar como palco.

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É pra orientar os banhistas que a Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina, a Fatma, acompanha as condições de balneabilidade em 195 pontos do litoral. As placas de local próprio ou impróprio para banhos estão presentes em praias e lagoas de 28 cidades, geralmente os pontos de maior fluxo de pessoas ou mais sujeitos a poluição. Entre abril e outubro as análises são mensais e de novembro a março, semanais. A única exceção é Balneário Camboriú onde, por determinação judicial, o acompanhamento é semanal e durante o ano inteiro. “Essa condição já dura cerca de três ou quatro anos e em março nós deveremos peticionar ao Ministério Público a reinclusão de Balneário Camboriú no padrão que adotamos para os demais pontos que acompanhamos”, diz Haroldo Tavares Elias, gerente de Pesquisa e Análise da Qualidade Ambiental da Fatma.

Haroldo, que é engenheiro agrônomo e doutor em biotecnologia, explica que as condições de balneabilidade de Balneário Camboriú melhoraram nos últimos anos, especialmente pelos avanços no sistema de coleta e tratamento de esgoto da cidade. “As análises que fazemos, além de orientar os banhistas também servem para pautar o poder público quanto à necessidade de obras de saneamento. E quando tá funcionando a gente tem que reconhecer”, explica o técnico. Questionado sobre a necessidade de se manter os nove pontos de coleta ao longo da praia central mesmo após a canalização da rede pluvial na orla e do fechamento das saídas na areia, Haroldo adianta que deverão ser mantidos. Isso porque fenômenos como ressacas associadas ao vento sul acabam pressionando a água doce que corre paralelamente à praia, levando até os banhistas a poluição trazida pelo Rio Camboriú (Barra Sul) e pelo Canal do Marambaia que tem sua foz no Pontal Norte. “E deveremos voltar a coletar amostras de água dentro do canal e do rio para avaliar o índice de poluição que a praia está recebendo nos pontais”, acrescenta.

Amostras têm que ser analisadas em até quatro horas

Após a coleta das amostras da água do mar os técnicos têm no máximo quatro horas para entregá-las no laboratório, em Floripa, caso contrário os resultados não serão confiáveis. Esse é um dos grandes desafios da Fatma que tem quatro equipes que seguem roteiros específicos com o propósito de manter a integridade das amostras. O material é submetido a exames bacteriológicos durante 24 horas. São necessárias cinco coletas semanais consecutivas para se conseguir um resultado tecnicamente confiável. O DIARINHO acompanhou uma das equipes esta semana e viu de perto como funciona o trabalho. Na terça-feira, dia 17, o biólogo Daniel Araújo Costa e o engenheiro sanitarista Camilo Hollanda fizeram o roteiro Itapema, Itajaí e Navegantes. Na praia de Cabeçudas a amostra de 250 ml foi coletada às 11h30 por Daniel, em frente à rua Quintino Bocaiúva. Com botas de borracha e um macacão de plástico para proteção ele avançou alguns metros no mar, soltou o termômetro preso ao pulso e coletou a amostra a um metro de profundidade num saquinho plástico identificado. Camilo anotou os detalhes: hora, condições de vento, maré, se houve chuva nas últimas 24 horas, temperatura do ar e da água – 26 graus naquele momento.

Daniel disse que esse trabalho da Fatma visa dar segurança para o banho de mar e é que claro que os comerciantes não gostam quando o resultado não é bom. “Ninguém quer uma placa de impróprio para banho em frente ao seu restaurante, seu hotel, mas quando ocorre é o resultado do aporte de esgoto nos rios. O poder público e a sociedade precisam estar cientes disso”, explica o biólogo. A comerciante Rosângela Hilda Pereira, há 18 anos em Cabeçudas, se mostrou preocupada com a chegada do final do ano: seu comércio fica próximo à placa da Fatma. “Todo fim de ano eles mudam pra impróprio. Começa assim, próprio, mas antes do ano novo eles sempre trocam. Porque não botam essa placa lá naquela ponta catinguenta?”, questionou, referindo-se ao pontal sul de Cabeçudas. Daniel explicou que é natural que ocorra isso devido ao aumento no fluxo de pessoas e, consequentemente, mais esgoto é despejado nos rios e córregos em locais onde não há sistema de coleta e tratamento.

Métodos

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O método de análise usado pela Fatma é o de ‘tubos múltiplos’ que se baseia no princípio de que as bactérias presentes em uma amostra podem ser separadas por agitação. Com isso, as bactérias ficam suspensas numa distribuição uniforme em cada amostra e são inseridas em uma série de tubos onde há produtos (meios de cultura) que ajudam no seu crescimento. A amostra, então, é diluída várias vezes até ocorrer o resultado negativo em pelo menos um tubo da série. A combinação de resultados positivos e negativos, por meio de cálculos de probabilidade, dá uma estimativa da densidade das bactérias pesquisadas, no caso da balneabilidade a Escherichia coli (E.c.)– presente nas fezes humanas e de todos os animais de sangue quente, mais conhecida como coliforme fecal.

Para obtenção de índices de balneabilidade, esse método é aceito pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão deliberativo e consultivo presidido pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. A resolução 274/2000 do Conama determina as regras para que um local seja identificado como próprio ou não para banhos:

Próprio

Quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras coletadas nas últimas cinco semanas anteriores, no mesmo local, houver no máximo 800 Escherichia coli por 100 ml.

Impróprio

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Quando em mais de 20% de um conjunto de amostras coletadas nas últimas cinco semanas anteriores, no mesmo local, houver mais de 800 Escherichia coli por 100 ml ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2000 Escherichia coli por 100 ml.

Outro método aceito pelo Conama é o ‘Colilert’ para o qual a Fatma pretende migrar em 2014. “É um método bem mais prático, mais sensível a um espectro maior de bactérias, mas também é mais caro”, explica Haroldo Elias, gerente de Pesquisa e Análise da Qualidade Ambiental da Fatma. Sobre custos, investimentos e atualização de sistemas para que se obtenha melhores resultados com os testes de balneabilidade, Haroldo revela que o laboratório da Fatma deverá ser realocado e novos equipamentos adquiridos para aprimoramento o sistema de qualidade do setor. “Por isso faremos essa migração aos poucos, com investimentos de médio prazo, mas ainda em 2014”, diz.

Sinalização nas praias não acompanha rapidez dos relatórios

O DIARINHO noticiou há poucos dias a falta de placas de sinalização em pontos monitorados pela Fatma em Itapema, além de haver informação errada num deles. Haroldo explica que entregou quatro placas à Fundação Ambiental Área Costeira de Itapema (FAACI), com quem a Fatma mantém parceria. “É complicado. Em Itapema, placas têm sido danificadas propositalmente, assim como em outras praias”, revela o gerente. Quanto à rapidez na divulgação dos resultados em todos os pontos com a substituição dos adesivos e a reposição de placas, ele diz que não dá pra fazer ao mesmo tempo por conta do número de funcionários envolvidos.

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Para resolver esse problema, Haroldo adianta que a Fatma deverá adquirir totens digitais, à prova de choque, para divulgar as informações sobre balneabilidade em tempo real, ou seja, assim que o laboratório liberar resultados das análises semanais os totens serão atualizados por meio de sistema on line. O custo de cada um desses equipamentos está orçado em R$ 10 mil. “Por isso não temos como instalar nos quase 200 pontos que monitoramos, mas vamos começar por Balneário Camboriú, com certeza, e depois seguir para Canasvieiras, Jurerê e outras praias que recebem maior fluxo de pessoas”, completa.

Estado não leva esse problema a sério, diz especialista

“Os métodos tubos múltiplos e colilert são os mais viáveis para aplicação em larga escala, mas existem métodos mais precisos. O grande problema não é o método e sim a amostragem. A coleta nem sempre é feita nos locais mais significativos e por isso a indicação de local próprio às vezes não estará de fato, pois a poluição gerada por fatores diversos nem sempre estará observada pelos procedimentos de coleta feitos pela Fatma.

Com relação à preservação das amostras até chegarem ao laboratório o ideal seria que a análise fosse feita imediatamente. Isso porque no trajeto alguns micro-organismos podem morrer gerando um resultado falso negativo na colimetria. A demora é um problema de logística e o estado não tem uma rede pública de análise. E não há a menor preocupação do governo do estado que não leva a sério a questão da balneabilidade e do tratamento de esgotos.

Há uma despreocupação generalizada nesse sentido. E não estou falando dos técnicos da Fatma e da Casan, a maioria muito bem intencionada. Falo da falta de uma política de governo para essa questão do saneamento quando a economia do nosso estado depende, e muito, da pesca, da maricultura e do turismo. É um setor historicamente desprezado e, em pouco tempo vai nos levar a sérios problemas. Não existe planejamento relacionado a isso. Apesar da nossa vocação histórica para a pesca, para o turismo, não existe aqui o equivalente a São Paulo, onde você tem a balneabilidade diariamente nos jornais. Existem outras prioridades.

É possível mudar essa realidade e não é tão caro assim. Repito, temos pessoas bem intencionadas na Fatma e na Casan, não digo que não estão fazendo o correto. O que falta, infelizmente, é investimento.” Leonardo Rörig, 46 anos, biólogo, doutor em ecologia e recursos naturais.




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