Itajaí

Júri do assassino do dotô vai longe

Debate acirrado de promotor e advogado faz julgamento se alongar pra além do esperado

Até o fechamento da edição de ontem, o júri popular que decidiria o futuro de Eder Alves de Macedo, 30 anos, era palco da contenda entre promotoria e defesa. Pro promotor Luis Felipe de Oliveira, da segunda vara do fórum do Balneário Piçarras, não havia dúvidas de que o réu premeditou o assassinato do namorado, o advogado Alessandro Shenkel Fornari, então com 28 anos. O advogado Simon Gustavo Caldas de Quadros, que defende Eder, insistia na tese de legítima defesa. O crime aconteceu há quatro anos, em Penha.

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O júri começou às nove horas da matina. Perto do meio-dia, cerca de15 pessoas assistiam ao julgamento. A maioria era familiares da vítima e do réu. Seis policiais militares foram convocados pelo ...

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O júri começou às nove horas da matina. Perto do meio-dia, cerca de15 pessoas assistiam ao julgamento. A maioria era familiares da vítima e do réu. Seis policiais militares foram convocados pelo juiz Alexandre Schramm pra garantir a segurança. Até as 20h, os jurados ainda não haviam decidido se Éder era mesmo culpado ou não.

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O rapaz é acusado de trucidar o ex-namorado a facadas, em fevereiro de 2010. O crime aconteceu na casa onde Alessandro morava, na rua Capitão Galdino, na prainha do Cascalho, em Armação, Penha. Eder foi preso logo depois. Os vizinhos chegaram a vê-lo cravar a faca no advogado. Com base nos depoimentos colhidos de testemunhas e do próprio acusado, a polícia concluiu, na época, que se tratava de um crime passional.

A previsão inicial era de que o júri popular, que começou às 9h, terminasse apenas perto da meia-noite. Três testemunhas de acusação, todas vizinhas de Alessandro na época do assassinato, foram interrogadas ontem de manhã pelo promotor Luis Felipe de Oliveira e pelo advogado de defesa, Simon Gustavo Caldas de Quadros.

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O primeiro foi o maricultor Guaraci Rangel Victorino, que morava a cerca 500 metros de onde ocorreu o crime. Ele contou que ouviu gritos de “não mata” e, ao correr para a rua, testemunhou uma briga entre os dois namorados, no quintal de Alessandro. “Atirei pedras, pra ver se parava a briga, mas não adiantou”, relatou Guaraci.

A professora Mirian Odete Ferrasso, outra vizinha que testemunhou o assassinato há quatro anos, trouxe uma versão muito parecida. Ao promotor Luis Felipe de Oliveira contou que a vítima tentava se defender com os pés e as mãos dos golpes de faca desferidos por Eder. “Mas ele não parava. Não olhou para lugar nenhum. O olhar dele tava fixo no que ele tava fazendo”, disse.

A calma do assassino após ter dado cabo de Alessandro foi algo que, segundo Mirian, chamou a atenção das testemunhas. “Ele tava muito calmo para o que aconteceu”, comentou a professora.

Terceira testemunha ouvida ontem, o marido de Mirian e também maricultor, Eduardo Wojcieschowski Júnior, o Gariba, lembrou que, além da indiferença que apresentava, incomum pra situação, Eder ainda se justificava. “Ele dizia que não tinha feito nada. Eu pedi que ele se sentasse e não oferecesse resistência à prisão”, contou Gariba.

O maricultor revelou que os vizinhos tentaram agredir Eder com paus e pedras instantes depois do crime. “Eu não deixei que eles batessem nele”, relatou Gariba, que fez questão de dizer que não tinha contato frequente com o advogado Alessandro. “Mantinha com ele uma relação de vizinhos”.

Ao advogado de defesa, Gariba também disse ter visto Eder siqueixar que o namorado o havia deixado na rua. “Ele falava com alguém ao telefone e disse que [Alessandro] o tinha deixado dormir na rua”, depôs o maricultor, sobre uma conversa que ouviu antes do crime.

“Eu não guardo ódio no coração”

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Sentada na primeira fila, a cartorária Ileda Schenkel Fornari deixava escapar uma lágrima toda vez que o nome do filho era citado nos depoimentos. Amparada por familiares, demonstrava também cansaço e parecia viver o dia mais importante e decisivo de sua vida desde 2010. “Eu só quero que isso tudo tenha um fim. Se para um lado ou para o outro, mas que termine hoje”, disse ao DIARINHO a mãe de Alessandro, bastante abalada.

Dona Ileda fez questão de dizer que não torce contra nem a favor de uma pena dura ao acusado. Quer apenas poder tocar a vida sem remoer velhas lembranças dolorosas. “Eu não guardo ódio no coração. A gente precisa começar uma vida nova depois disso tudo”, concluiu, enquanto recebia o abraço de uma filha.

Traição pode ter sido a razão da briga que terminou em morte

A morte de Alessandro aconteceu em 2 de fevereiro de 2010 e chocou a comunidade de Penha, principalmente pela brutalidade com que o advogado foi assassinado. Pela versão da polícia, Eder teria vindo de Curitiba/PR, onde morava, com a intenção de matar o namorado. O motivo do crime era uma suposta traição por parte de Alessandro.

Os dois namorados brigaram no quintal da casa na praia do Cascalho, em Armação. Eder usou uma faca que simulava uma espada. Sete dos golpes acertaram as costas e uma a cabeça da vítima, que morreu no local.

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Depois do crime, Eder correu em direção aos fundos da casa pra tentar fugir. Mas foi segurado por vizinhos, entre eles os maricultores Guaraci e Gariba, que chamaram a polícia e ontem estavam entre as testemunhas de acusação.

O rapaz foi solto um mês depois, por ordem da dona justa. Ganhou a liberdade porque tinha trampo, endereço fixo e, até então, tava com a ficha policial limpa. A alegação de Eder é que foi atacado pelo advogado, que partiu pra cima dele com uma faca. Ainda pela versão do rapaz que ontem encarou o júri, desarmou o namorado e, no calor da briga que continou feia, o matou.




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