Itajaí
Giovani diz que Zé da Codetran era mesmo o chefão do esquema
Júlio Fernandes enrola novamente e não presta depoimento-bomba; mesmo assim, funcionário diz que Alvercino era o capoJulio Fernandes ficou quieto, de novo, na CPI. Dono do pátio disse que não viu 700 motocas sumirem do local
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A CPI da Codetran deu uma esquentada na tarde de ontem, apesar do empresário Júlio César Fernandes estar presente no plenário e novamente não falar nada. O acusado sequer sentou na cadeira dos interrogados, como era previsto, e frustrou quem esperava um depoimento-bomba por parte dele. Quem protagonizou a sessão foi o funcionário dele, Giovani Cândido, que não gaguejou quando declarou que quem mandava e desmandava no pátio licitado pela prefeitura e onde ficam os carangos apreendidos pela Codetran. Segundo ele, o vereador José Alvercino Ferreira, o Zé da Codetran (PP), era o chefão do esquema.
O vereador, segundo o depoente, dava ordens arriviria pra liberar os veículos sem papel algum ou pagamento das taxas, e até mesmo sem o conhecimento de Júlio. Ele mandava, disse o funcionário do pátio, situado na rua José Pereira Liberato. E algumas vezes eu não conseguia falar com Júlio, então ele (José Alvercino) mandava liberar os veículos assim mesmo, disse o rapaz. Em alguns dos casos, o proprietário dos carangos ia até o depósito e mandava o funcionário ligar ao Zé, que autorizava a liberação, sem a documentação da delegacia Regional ou da Codetran, e sem o pagamento das taxinhas. Zé ligava quase todo dia pra liberar veículos algumas vezes, várias ocasiões no mesmo dia.
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Júlio tava só de zólho
Giovani negou que tenha feita alguma liberação por conta própria ou ter presenciado negociações pra aumentar o número de apreensões de carros em Itajaí. Já sobre o sumiço das 715 motos furtadas do local, ele jurou de pé juntinho que só soube dos furtos pela imprensa assim como possíveis furtos de peças. A segurança do local seria garantida por câmeras, muros altos e cercas de 4m de altura.
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Outra confirmação do depoente é que o pai de Everson Gama, atual coordenador da Codetran, trabalha em um dos pátios de Julio, como motorista. A cada informação dada pelo funcionário, Julio acompanhava atentamente do plenário. Ambos chegaram a trocar informações durante a sessão da CPI. Na segunda-feira que vem, volta a novelinha do depoimento do Júlio, novamente intimado. Foram ainda convocados Jorge Luiz Zunino, também funcionário do pátio, e o ex-coordenador de Trânsito de Itajaí William Gervasi.
Papélis demorados
Mais uma vez os vereadores que compõem a CPI abriram o berreiro em relação à demora do Executivo na liberação de documentos solicitados pela comissão. A Comissão tem um prazo de 60 dias úteis pra apurar as denúncias, prorrogável por mais 45. Ou o governo quer esclarecer o fato ou não, debulhou o presidente Thiago Morastoni (PT).
Nova desculpa do Júlio emputece o Lamim
Júlio Fernandes, que havia se comprometido na primeira sessão da CPI, em 28 de setembro, a esclarecer todos os fatos assim que fosse homologado o seu acordo de delação premiada, entrou com nova desculpinha e revoltou alguns parlamentares. Ontem, o figurão justificou que não faria as declarações porque foi notificado pela CPI só na terça-feira, dia 13. Aproveitou o vacilo da comissão e alegou que o advogado constituído pra acompanhá-lo tava em Porto Alegre.
A desculpa foi aceita pela comissão, com BRONCA, RECLAMAÇÃO - ">chiadeira do vereador Laudelino Lamin (PMDB), que declarou ser a última vez a aprovar um novo pedido de intimação, já que considera fraca a desculpinha de Júlio. Isso não justifica. Ele poderia estar acompanhado de outro advogado. Que isso não sirva de exemplo pros demais, porque essa casa merece respeito, disse Lamin.
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