Auri Pavoni (PDT), ex-secretário de Planejamento e pré-candidato a prefeito de Balneário Camboriú, tem 30 dias para pagar mais de R$ 100 mil de multa aos cofres do município.

A carcada rolou numa decisão judicial do ano passado, quando Auri foi condenado por liberar a construção de uma pista paralela à estrada da Rainha. Para Auri, a divulgação da multa em ano eleitoral é uma retaliação política, para prejudicá-lo nas eleições deste ano.

O edital de intimação foi publicado ontem pela prefeitura. Roberto Carlos Castilho, secretário da Fazenda, explica que a procuradoria do município enviou o pedido de cobrança para a pasta da Fazenda em abril. “Nós tentamos mandar ao endereço dele pelos Correios, mas voltou no dia 4 de maio e o último recurso era a publicação do edital”, explica.

Segundo Roberto, os Correios informaram que o número 28 da rua 908, que seria o endereço de Auri, não foi encontrado. Auri tem até o dia 10 de junho para pagar a multa. O valor total é de R$ 104.454,41.

O secretário não soube informar se a grana já tem destino definido. “Vamos esperar receber, porque é um valor significativo”, comenta.

É retaliação política, diz

Auri Pavoni se espantou com o edital e com o argumento da prefeitura para fazer a publicação em jornal. “Eu trabalhei sete anos na prefeitura, tenho três cadastros lá e nunca morei neste endereço. Tá me parecendo retaliação política. Parece que mandaram para o endereço errado só pra publicar o edital depois”, acusa.

Além de um endereço comercial que ele não revelou onde fica, Auri disse que tem residência na rua 1601 e no condomínio Haras Rio do Ouro.

O pré-candidato à prefeitura de Balneário pelo PDT conta que já estava aguardando o boleto pra pagar a multa, pois a decisão saiu em março do ano passado. “Se eu tenho que pagar, vou pagar. A contragosto, porque eu não concordo com a multa, mas vou pagar”, diz.

Mas, afirma Auri, não prejudicou os cofres da prefeitura nem se beneficiou com a obra. “Foi um erro administrativo”, alega.

Acesso vira praça

Fábio Flor, atual secretário de Planejamento, admite que, por enquanto, a estrada não tem qualquer utilidade. “Não há um trânsito intenso ali. Tem ficado mais reservado para as pessoas caminharem”, diz.

Pelo que o DIARINHO viu no local, a rua, que não leva a lugar nenhum, tem servido como estacionamento pro povão e como pista pra rapaziada mais radical do skate ou do roller.

Fábio Flor quer que o local se transforme em uma espécie de praça pública para atividade física e recreação. “O ideal é que fique mais para as pessoas do que para os veículos”, conclui.

Improbidade administrativa e estrago ambiental

A multa é referente a uma ação civil pública de 2010. Auri foi denunciado pelo ministério Público por improbidade administrativa. Pela acusação, teria se aproveitado do cargo como secretário de Planejamento para liberar a construção de uma rua paralela à estrada da Rainha.

Para o MP, a obra era de interesse particular, pois Auri era dono de um terreno ao pé do morro e a estrada iria facilitar o acesso ao imóvel. Isso, sem falar do crime ambiental, já que rolou a retirada de vegetação nativa.

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina decidiu aplicar multa de 10 vezes o salário de secretário e o dobro da verba pública aplicada para a liberação ambiental, que na época dava em torno de R$ 80 mil. Mas com os reajustes, agora a multa chegou a R$ 104 mil.

A promotoria chegou a recorrer ao Tribunal de Justiça para que, além das multas, Auri perdesse os direitos políticos. Porém, o tribunal não aceitou e só manteve a multa.