Itajaí

“O Facebook é uma feira. É a democratização da coluna social”

Você pode achá-lo engraçado ou inconveniente. Também pode considerá-lo um oportunista ou um empreendedor. É também possível dizer que ele é um bajulador de ricos ou um sobrevivente da pobreza. Independentemente do conceito, há que se admitir: Alex Ferrer é um case de sucesso. De menino miserável de uma cidade-satélite de Brasília a íntimo de celebridades e famosos, essa figura que toma champanhe ou qualquer coisa borbulhante ao invés de água quando está em público, e faz questão de dizer que gosta de oba-oba, de andar com os ricos e de aparecer, desenvolveu a capacidade de fazer com que seus assessorados emplaquem até mesmo em revistas de circulação nacional. Ao jornalistas Hyury Potter e Sandro Silva, como ele mesmo disse, abriu seu coração. Contou como ascendeu de classe social, revelou histórias de sua cara de pau e assumiu que vive como um personagem. Mas não se engane, Alex Ferrer é um articulador nato, daqueles que conseguem jantar lado a lado e às gargalhadas com o vice-presidente da República e fazer fotos produzidas em estúdio junto com a atriz Sharon Stone. Conhecer Alex Ferrer ajuda a entender um pouco mais desse distante mundo das celebridades, onde fazer cena ao aparecer em público é algo primordial. Os cliques são de Felipe VT.

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RAIO X

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RAIO X

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Nome: Alexandre Ferreira

Naturalidade: Taguatinga (Distrito Federal)

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Idade: 36

Estado civil: União estável homoafetiva.

Filhos: Nenhum

Formação: Superior incompleto em jornalismo

Trajetória profissional: Garçom, entregador de panfletos, muambeiro, vendedor de perfume, figurante de filme, apresentador de shows, apresentador de TV, colunista social, assessor de imprensa, promoter

Se a minha casa pegar fogo, eu salvo é a agenda

Nunca sofri preconceito de outra categoria que não fosse jornalista

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DIARINHO - Você foi abandonado no hospital onde nasceu, em Brasília, com três dias de vida. Foi adotado por uma família de cinco irmãos. Com 10 anos de adoção, sua mãe faleceu. Como soube lidar com tantas perdas?

Alex Ferrer - Eu sempre digo que tem gente que diz que começou do nada quando se separa ou quando faliu a empresa. Não vale, pois a pessoa começa do nada com curso superior, carro e casa. Eu realmente comecei do nada, literalmente. Com três dias de nascido, eu tinha a seguinte missão: convencer alguém a me tirar daquela ala do hospital. Inconscientemente, eu tive que fazer isso. Igual cachorrinho que faz carinha pra ser levado, eu tive que fazer o mesmo com três dias de nascido. Eu digo que já comecei aí. Uma enfermeira que trabalhava no hospital era vizinha da minha mãe que me pegou pra criar. Ela disse pra minha mãe que tinha uma criança abandonada no hospital e perguntou se ela tinha vontade de adotar. A minha mãe disse que pegaria, mas perguntou se eu era escurinho, pois meu pai de criação é branco e minha mãe é mulata. A enfermeira disse que eu estava branquinho, mas que ia escurecer com o tempo. Ela me levou. Foi passando os dias, os meses e cada dia eu ficava mais branco. Ela comprou gato por lebre [Risos]. Já tinha pegado e não tinha mais como devolver. Já conversei com vários psicólogos e agentes sociais e soube que não existe na história uma família negra que adotou uma criança branca. Por medo do preconceito. Quando eu era criança, o povo falava que minha mãe era minha babá. Ou então falava assim: “Tá vendo como negro é, quando vai pegar criança pra criar, não pega da cor deles, pega branca”.

DIARINHO - Você se considera um self made man, um homem que se fez pelo próprio trabalho? Está bem estabelecido financeiramente hoje?

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Alex Ferrer - Com certeza. Da pobreza que eu passava, eu sou milionário hoje. É engraçado que muita gente sofre e tá se criando, formando o caráter, sem saber que está passando por isso. Às vezes a pessoa não sabe nem que tá sofrendo, porque ela não sabe o que é bom, ela não tem parâmetro. Então, na minha época, por comer farinha com açúcar todo dia, eu achava que toda casa era daquele jeito. Eu achava gostoso, não fazia falta. Por exemplo, tomar iogurte uma vez no mês, se tirasse boas notas, eu achava que era o normal. Depois que você fica adulto, você pensa: “Meu Deus, como eu consegui”.

DIARINHO - Como você se tornou colunista social?

Alex Ferrer - Eu já devo ter sido filho de rico, pois eu sempre gostei do que é bom. Quando eu era criança, eu sempre me identificava com o pessoal rico das novelas. E eu sou uma pessoa muito prestativa. Eu descobri, não por malícia, mas que quando eu ajudava a lavar o carro do vizinho, eu era recompensado; quando acabava o cigarro do vizinho e eu me oferecia pra comprar, eu também era recompensado. Eu criei um mecanismo em que eu era muito prestativo e em troca me ajudavam muito. Na minha entrevista no Jô, eu conto que ia comprar carne, que vinha embrulhada num plástico e num jornal. Não sei por que, eu pedia pra ele embrulhar na página da coluna social. Eu já fiz até terapia pra entender isso, mas ainda não entendo. Eu nem sabia ler direito, mas decorava o nome das socialites de Brasília da década de 70 e 80, enquanto os meninos sabiam o nome dos jogadores de futebol. Via as mulheres brindando e nem sabia o que era a bebida, mas eu tinha fascinação por aquilo. Eu pensava que eu tinha entrar pra aquele mundo e tinha que ser famoso. Já gostava de artista também e adorava televisão. Quando eu tinha 16 a 17 anos, teve o Festival de Cinema em Brasília, que é o mais importante do país depois de Gramado. Esse festival estava cheio de artistas. Um dia apareceu o governador Cristovam Buarque e chamou a Glória Pires, o Zé do Caixão e o José Lewgoy pra um jantar. Aí eu cheguei pro governador, no meio de todo mundo, e disse: “E eu governador? O senhor não vai me chamar, não?” Ele achou engraçado e me chamou. E eu fui no carro oficial cheio de bandeirinha. Lembro que no outro dia saiu no jornal local da Band um cara comentando o bom e o ruim do festival. O ruim eu não me lembro o que era, mas o bom era um rapaz de 16 anos que se convidou pra ir jantar com o governador. Aí saí nos jornais. Eu comprei vários jornais ne distribuí na casa dos vizinhos. Afinal, de que adiantava sair nos jornais sem os vizinhos verem... Como eu comecei a escrever coluna? Naquela época, não tinha e-mail, então tinha que levar foto na redação, e isso quando o povo não levava as notas escritas a mão. Aí uma amiga minha virou miss Taguatinga e foi num jornal tirar uma foto. Eu fui com ela e, enquanto ela tirava foto, eu fiquei conversando com o diretor do jornal, que era pequeno, tipo jornal de bairro. Ele me convidou pra escrever pro jornal. Eu disse que era meu sonho, mas não sabia como fazer. Aí ele me explicou. Eu só tinha um amigo rico, que nem era rico de verdade, apenas bem de vida. Eu pedi uma ajuda pra ele. Pedi pra ele fazer uma festa na casa dele, que era a mais bonita do bairro, que eu ia tirar foto pro jornal DF Notícias, que eu nem lembro se ainda existe. A partir dali, assessor de imprensa começou a me mandar envelope com pauta me convidando pra festa. As pessoas viam aquele rapaz esforçado e me convidavam. Eu tenho foto em festas com o Fernando Henrique Cardoso, na época em que ele era presidente, com o presidente da Itália, com embaixadores. O que acontece, eu era muito cara de pau, ficava amigo do povo. Eu era muito engraçado, eu não tinha vergonha de ir pras festas, eu ia de ônibus, pegava carona. Eu nunca escondi minhas origens e tinha muita gente que fazia isso.

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DIARINHO - Em Brasília, você conseguiu ser o colunista social mais jovem do Brasil. Mesmo com essa história, saiu do Planalto Central e veio para o litoral catarinense. O que te trouxe para a Santa & Bela?

Alex Ferrer - Na época, eu tinha uns 18 anos e dei entrevista pro Amaury Jr por causa disso. Mas rolou muita coisa antes disso. Em Brasília, eu fazia várias festas. Teve uma que foi temática e fez o maior sucesso. Era uma feijoada, mas todo mundo fazia feijoada igual. Eu resolvi transformar a casa de uma amiga na “Bahia”. Entrei em contato com o governo da Bahia e mandaram bandeira do estado, cada convidado ganhava uma fita do Senhor do Bom Fim, tinha uma mulher fazendo acarajé, um cara jogando búzios. Deu senador e um monte de gente importante. E a festa deu o que falar na época. Até que o auge foi eu ter ido no Jô. Isso foi em 2003. Eu fui parar no Jô também por causa de uma festa. Na primeira posse do Lula, de 2002 pra 2003. Foi o primeiro presidente que tomou posse no primeiro dia do ano. Então vários políticos, como presidentes de outros países e senadores, e empresários, pela primeira vez, passaram o Réveillon em Brasília. Foi o Réveillon mais agitado. Mas tinha a polêmica, pois na época o Eike Batista não era famoso, mas ele tinha sido o maior doador da campanha do Lula. Mesmo assim, apenas a Luma de Oliveira, mulher dele na época, recebeu convite e ele não. Ela disse que não ia, porque o marido não tinha convite. Então a Luma saiu em defesa do marido. Outra pessoa que recebeu apenas um convite foi a socialite Vera Loyola. Ela cedeu vários imóveis dela no Rio de Janeiro pras campanhas do PT. Ela pediu uma ajuda pra mim, na época, pois ela só tinha um convite e queria levar o marido. Eu tinha uma irmã que trabalhava no governo e liguei pra ela, pro assessor do Lula e pra todo mudo até conseguir o convite do marido da Vera. Ela ficou super lisonjeada com aquilo, pois sabia da história da Luma e o Eike. Aí ela disse que ia passar o Réveillon comigo. Eu fiz uma festa na casa de uma socialite de Brasília. Várias empresas grandes, como BMW e Coca-Cola alugaram apartamentos para fazer festas e a Vera Loyola, que era super famosa na época, foi passar o Réveillon comigo. Aí a gente foi almoçar no shopping e encontramos com a Mônica Bergamo, colunista do jornal Folha de SP, e a Vera nos apresentou e disse que ia passar o Réveillon na minha casa. E a Mônica me perguntou se podia mandar um fotógrafo lá. Eu disse que podia. Na festa, chega um táxi e desce um fotógrafo com a Danuza Leão, que era o ícone da mulher feminista. O que ela escrevia, as pessoas liam. Quando eu vi, não acreditei. Quando eu olhava o jornal no açougue, lá na minha infância, eu via a Danuza. No outro dia, saiu na Folha de São Paulo. A metade da capa era sobre o Réveillon do Lula, e a outra metade era eu com a Vera Loyola abraçados. Eu tenho o jornal até hoje. Sendo que tinha todas as festas de Rio de Janeiro e São Paulo. O título era “A inacreditável festa na inacreditável Brasília”. Aí a Danuza contou os detalhes da festa e essa história. Ela escreveu que “todo mundo pode esquecer esse garoto, mas eu nunca mais vou esquecer”. O jornal foi parar na mão do Jô, que me chamou pra entrevista. Nessa época, um amigo me chamou pra ir morar na Espanha. Eu dei uma entrevista na quinta-feira, e a passagem estava marcada pra terça-feira seguinte. Foi uma decisão muito forte. Até na hora do aeroporto eu tinha dúvida se ia ou não, porque depois do Jô surgiu muita coisa. Eu tenho impresso numa pasta o monte de convite que recebi depois da entrevista. Pra dar palestras, pra escrever livro, pra fazer parceria com empresa de carro blindado... Eram negócios da China. Fui pra Espanha e não me arrependo, pois foram os dois anos mais legais da minha vida e aconteceram coisas interessantes.

DIARINHO - Como você sobrevivia na Espanha?

Alex Ferrer - Lá eu trabalhei de tudo que você possa imaginar. Em duas semanas, acabou o dinheiro. Eu estava morando na casa de um amigo grego que eu conhecia em Brasília. Eu tinha tentado antes com outro amigo que morava na Nova Zelândia, mas não deu. Aí liguei pra esse que morava na Grécia, mas ele tinha mudado pra Espanha, então a gente foi pra lá. Se ele estivesse morando no Paquistão, era pra lá que a gente ia. Trabalhei com panfletagem, garçom, pintor de apartamento. Isso logo depois de vir de uma época de tanta riqueza, da festa com a Vera Loyola. Mas de duas, uma: ou você é rico e seu pai te manda pra Europa ou você trabalha na Europa. Eu sempre fui bem resolvido com isso. Eu achava engraçado. Eu ligava pra casa e contava essas coisas e ninguém acreditava.

DIARINHO - Qual o momento em que você chegou a Santa Catarina?

Alex Ferrer - Depois de dois anos, voltei pra Brasília pra me re-matricular na faculdade, que tava trancada. Um amigo meu veio com um negócio na China. Me convidou pra ir pra Floripa, porque ele tinha comprado um horário na Record de lá. Eu fiquei com a pulga atrás da orelha, pois o cara era meio enrolado. Mas ele me mostrou o contrato com a TV, de seis meses pagos, tinha um apartamento e um salário bom. Pensei: “Meu Deus, será que o cara endireitou?” Lá em Brasília, eu participava de um monte de programa de televisão, mas eu nunca tive um programa. Quando morava lá, eu achava interessante o jeito do povo do sul e eu queria morar aqui. E tudo o que eu falo acontece. Então eu fui pra Floripa. O programa era semanal, todo sábado, mas depois passou pro domingo, na TV Record. O nome era Programa Chique e era uma espécie de Amaury Jr local. O tal produtor se apaixonou por uma mulher e foi embora pra Portugal e me deixou com o programa. Depois, entre aspas, não deu certo.

DIARINHO – Pois é, você ficou conhecido mundialmente como o homem que salvou o casamento do jogador David Beckham. Você afirmou que Rebecca Loos, que então se dizia amante do jogador, gostava mesmo era de mulher. Ainda mantém essa convicção? E chegou a conhecer o jogador de perto? Ele te agradeceu pelo favor?

Alex Ferrer - Aqui no Brasil, fofoca é coisa de Rede TV, Band, essas emissoras de segunda categoria. A primeira revista da Europa, a Hola, de 1960, já tinha foto de paparazzi. Isso, 50 anos atrás. Um exemplo típico aconteceu um pouco antes de eu vir pra cá. Tinha um toureiro, que é tão famoso quanto jogador de futebol lá, que vendeu por um milhão de euros o pacote do casamento e do nascimento do filho, sendo que a mulher nem estava grávida ainda. Aí surgiu uma história de uma ex-assistente, filha de diplomatas, que dizia que teve um caso com o David Beckham, a brasileira Rebecca Loos. Eu já conhecia ela de Brasília. Eu sabia que a história era mentira. Ela tava inventando pra ganhar dinheiro. Eu tava numa boate com um amigo e falei que ia entrar nessa história pra ganhar dinheiro. Ele achou que eu estivesse bêbado. No outro dia, chegou um monte de jornal em casa. Todos os programas pagavam pra dar entrevista, só um que não. Era um programa tipo TV Fama no horário do Video Show, umas 14h. Eu não tinha noção quem era maior ou menor. Era a TV 5, que era do Silvio Berlusconi. No mesmo dia que eu dei essa entrevista, surgiram vários convites.

DIARINHO - E o que você falou da Rebecca Loos?

Alex Ferrer - Eu falei mal dela. Falei que ela era mentirosa, que a história era mentira e que era mais fácil ela gostar de mulher do que de homem. Eles acharam engraçado a forma como eu falei. No mesmo dia, um programa do mesmo canal, igual o da Ana Hickmann da tarde, perguntou se eu queria participar do programa. Eu disse que sim, mas perguntei quanto eles iam pagar, pois eu sabia que eles pagavam pros entrevistados e eu passava por uma dureza na Espanha. Eu morava no apartamento do amigo que ele alugava os quartos e até o sofá. Eu dormia no sofá e ainda assim tinha aluguel atrasado. Eu pensei que se me oferecessem 800 euros, eu ia até sambar pra eles. A produtora me ofereceu 4000 euros e, na época, um euro dava quase quatro reais. Mesmo não acreditando, eu pedi 5000 euros. Eu tive até um agente na Europa por conta dessa história.

DIARINHO - O David Beckham soube da entrevista?

Alex Ferrer - Lá, você ligava a TV e eu estava em todos os canais. Por que, como a Espanha não tem novela, a novela é a vida real. Até então, a Rebecca Loos não tinha dado entrevista em nenhum lugar e ela negociou e foi a entrevista mais cara da Espanha. Tudo dependia dela, pois se ela fosse aparecer num canal, eu ia no outro. E me chamavam de “el brasileño amigo de los periodistas”, pois eu ficava ajudando eles, ficava com dó. Eles ficavam acompanhando minha casa em três turnos, de manhã, de tarde, de noite. Eu servia até lanche pra eles na porta da minha casa. Naquele momento, na Espanha, a história era aquela. O David Beckham não falava sobre o assunto e a Rebecca Loos só deu uma entrevista, então só eu aparecia. Aí o assessor do Beckham entrou em contato comigo e marcou um encontro comigo no hotel Ritz de Madrid. Eu fui e ele não veio. Chegou um assessor com uma camisa do Real Madrid autografada e um cartão sócio real madrilenho. Se eu comprar um ingresso pra um jogo, eu tenho uma cadeira fixa no Santiago Bernabeu, [Estádio] do Real Madrid. Não conheci o Beckham, mas houve um agradecimento da parte dele. Foi muita loucura pra minha cabeça aquilo, pois eu não tinha ido pra Europa pra fazer isso, mas aconteceu.

DIARINHO – Hoje, por conta dessa fase econômica do Brasil, os emergentes estão aí cada vez mais comuns...

Alex Ferrer – Olha, não vai me apelidar de ‘assessor de emergentes’, aquilo foi uma brincadeira do Jô [Soares], hein!?

DIARINHO – Pois é, é justamente isso que vamos lhe perguntar. Você se considera um ‘assessor de emergentes’? O que faz um ‘assessor de emergentes’ para sobreviver? O que é mais difícil na assessoria desses novos ricos?

Alex Ferrer – Só pra retificar que esse termo ‘assessor de emergente’ é coisa do passado, foi um apelido carinhoso do Jô Soares. Porém nunca usei isso como cargo ou profissão. Pelo amor de Deus [risos]. Faço lista VIP, organizo eventos e faço assessoria de imprensa. Não tenho nada contra os emergentes, afinal eu sou um emergente assumido. Apenas não assessoro somente emergentes. Então, assim, eu tenho uma agência. Eu tenho uma empresa chamada Agência A. Eu tenho um jornalista que trabalha comigo. Eu faço assessoria de imprensa. Só que, além da assessoria de imprensa, a maior parte do tempo eu faço ‘lista VIP’ [Relação de ricos, artistas e personalidades que possam interessar como nicho de mercado ou como participantes de algum evento]. Por exemplo, no mês passado, teve um empresário que disse assim pra mim: “Olha, eu não sou daí e quero ‘tomar banho e entrar na festa’. O que é que significa? Eu tive que contratar manobrista, segurança, champanhe, tive que colocar nota na imprensa, tive que contratar fotógrafo, fazer lista VIP e tudo. Mas tem gente que contrata só assessoria de imprensa e tem gente que contrata só a lista VIP. Eu fiz um evento que tinha 13 mulheres e vendeu mais de R$ 200 mil em joias. E já fiz evento pra 2000 pessoas. Então, assim, depende do perfil. Me dizem: “Olha, eu tô abrindo uma loja de jet ski, então eu quero homem que tenha dinheiro, na faixa de 40, 45 anos”. Acontece muito disso.

DIARINHO – E como organiza essa lista VIP? É por idade, condição financeira?

Alex Ferrer – Eu não tenho um mailing [lista de e-mails] disso separado. Como é que eu convido? Depende da quantidade de pessoas que você quer. Se você falar pra mim “eu quero vender Rolex” [marca de relógio de luxo]. Você sabe que é um produto que vai de R$ 20 mil a R$ 100 mil. E eu não vou passar vergonha perante o cara que tá me contratando e algum negócio vai ter que sair. Então eu pego a minha agenda – e pode ser a agenda do I-Phone, a agenda do e-mail ou do meu Facebook – e aí eu penso assim: “Quem compraria um Rolex?”. Aí eu pego aqui, junto lá e falo pro cara que me contratou: “Olha, tem 10 pessoas aqui!”. Surgiu, agora há pouco, uma empresa de helicóptero, de São Paulo, que queria levar os convidados daqui pra Angra dos Reis, numa festa, tudo pago tal e tal. E eles queriam gente que tivesse capacidade pra comprar helicóptero. Eles queriam entre 15 e 20 pessoas. Aí eu falei: “Olha, se você quiser que eu te minta, eu mando um monte de gente chique com cara de rico. Mas, que eu conheço, que tá querendo – e que tá querendo comprar tem três – e tem possibilidade de comprar são uns 10”. Então tem esse tipo de coisa. Eu já fiz inauguração de tudo o que você imaginar. Só falta de crematório. Tem todo o tipo de negócio. Tem gente que fala assim: “Eu quero gente de sociedade frequentando a minha loja. Não quero nem vendas, eu quero é gente de sociedade”. E isso depende do produto e eu faço um mailing direcionado a isso. Festa é como se fosse um elenco de novela. Já viu coisa mais chata, festa só de advogado, festa só de juiz ou festa só de médico? A festa tem que ter um elenco. E como é que eu faço um elenco? Eu faço: esse tanto aqui de rico tem que ter gay, tem que ter gordo, tem que ter o animadinho, tem que ter isso... Tem muita gente de coluna social que não compra, mas sai muito em coluna. “Opa! Essa aqui de coluna tenho que colocar”. Tem os “Rico FM”...Sabe o que é “Rico FM”? [Não]. É o “falso milionário” [Risos]. Tem muita gente que pergunta do penetra de festa. Eu adoro penetra de festa. Primeiro, porque ele sabe que é penetra e tem que burlar tudo aquilo, então o penetra se comporta bem e é super agradável. Eu acho que hoje o meu patrimônio, o meu e de um monte de gente que trabalha com isso, são os contatos. O brasileiro tem mania de jogar cartão fora. Eu faço contato com todo mundo que eu recebo cartão. Pode ser do lixeiro ao presidente de uma empresa. Por quê? Porque a vida é business [negócios, em inglês], tudo é contato. Eu acho que o contato é riqueza e você faz muito dinheiro e consegue ter muito êxito com contatos, nessa rede de relacionamentos. Aqui a palavra lobista é muito feia. É uma palavra forte, lobby, lobista, aqui no Brasil. Nos Estados Unidos é profissão registrada. E o que faço é uma forma de lobby. Você põe pessoas em contato.

DIARINHO - Recentemente você emplacou uma nota na revista Veja e em outras dezenas de jornais de uma assessorada sua, a Michele Etzold, que foi dublê da Sharon Stone em uma campanha publicitária. A Michele e suas outras clientes pagam a você para sair na imprensa?

Alex Ferrer – No caso da Michelle, eu faço assessoria pro blog dela. Ela tem um blog chamado ‘Mãe, mulher, empresária’. Eu fiz o lançamento do blog lá no Riviera [Empreendimento imobiliário na Praia Brava]. Foi o lançamento para a imprensa. Fiz a lista de convidados e fiz o lançamento e tal. E saíram várias matérias também sobre isso. Ela me contratou só pro lançamento do blog. Ela me falou: “O que é que eu preciso: de alguns patrocinadores, preciso de convidados VIPs, além dos meus, pra prestigiar o blog e preciso de notas na imprensa antes e depois”. Fechei o pacote. De início era só isso. Só que o trabalho foi tão legal que continuou. Ela vai direto dar entrevista na televisão sobre o blog dela. Eu intermediei o contrato da Sharon Stone com a FG [construtora da região que atua no segmento de luxo]. A FG precisava do trabalho. A agência de publicidade queria contratar a Sharon e quem podia conseguir isso? Aí, a moça, o contato da agência, procurou. E aí, meu Deus, mais um desafio. Bem, eu fiz a ponte entre a empresa e a Sharon Stone, com o agente dela em Los Angeles [EUA]. Aí ela foi contratada. Nesse meio tempo, nesse rolo, precisavam de alguém pra testar a luz, as roupas, o jogo de câmeras e tal, e quem que iria fazer isso? Eu disse: “Gente, olha, conheço uma pessoa, que por coincidência é minha cliente”... é aquela coisa de ligar, fazer contato. Você bota dois clientes em contato e mata dois coelhos. Eu pensei: vou botar a Michele [Etzold] como dublê da Sharon Stone. A Sharon Stone ficou encantada, achou uma moça bonita. Aí, a partir daí, eu comecei a trabalhar as fotos, né!? Quando você trabalha com uma revista nacional, eles pedem não só a notícia de que a empresa fez algo com a Sharon Stone, mas o que tem de interessante além disso. Pra Veja, eu disse: “Olha, tem uma dublê da Sharon Stone”. Pra revista Época “por que você não entrevista a mãe do cara [refere-se ao namorado da Sharon Stone, cuja família mora no Balneário Camboriú]”. São os contatos. Essa história da Sharon Stone eu emplaquei fora do Brasil, porque eu tenho contatos fora. Eu tenho agenda da Europa, agenda Rio-São Paulo, agenda Brasília e agenda daqui. E aquilo ali já me salvou várias vezes, já ganhei dinheiro com aquilo. Se a minha casa pegar fogo, eu salvo é a agenda.

DIARINHO - O que significa o seu novo bordão, repetido pela mulherada de Balneário Camboriú: “Simplicidade do dia por Alex Ferrer”?

Alex Ferrer – Meu Deus do Céu! Você sabe que isso virou uma febre nas redes sociais? Você não acredita! Tem na internet aquele hastag, que é o jogo da velha, aí joga “simplicidade do dia-a-dia” e aí cai num álbum. Já olhou o meu Facebook? Meu Deus do céu! Tenho até medo de entrar de tanta riqueza, só riqueza, só champanhe, só glamour. Helicóptero? Eu tenho um álbum de helicóptero. Do famoso Amauri Júnior, eu tenho uma relação bem legal com o Amauri Júnior. Então, é só riqueza. Um dia, a minha amiga elogiou no Facebook: “Ah! Que lugar bonito!”. E eu disse: “É a simplicidade do dia-a-dia”. Eu quis dizer pra ela que aquilo lá é meu dia-a-dia, entendeu? Então a mulherada tá toda usando essa história e já me chamaram até pra fazer uma festa, a “simplicidade do dia-a-dia”. É uma ironia.

DIARINHO - Com o advento da internet, com mídias sociais acessíveis a todos, você acha que as colunas sociais estão fadadas a acabar?

Alex Ferrer – Não, de forma alguma. Enquanto houver jornal vai ter coluna social. Hoje em dia, você pode fazer a sua coluna social. A minha vida pessoal é uma mistura de coluna social com reality show, porque tudo o que eu faço eu tô colocando nas redes sociais. Se você for olhar o meu Instagram ou o meu Facebook, vai tá lá o meu dia-a-dia durante o mês ou a semana o dia inteiro. Tá tudo o que eu faço. Eu almoço, eu coloco. E as pessoas acompanham isso. E eu uso muito redes sociais. Rede social é a coluna social do futuro. Mas acho que a coluna social em jornal não vai acabar, enquanto tiver gente querendo aparecer, ao menos.

DIARINHO - Há preconceito entre os jornalistas em relação aos colunistas sociais?

Alex Ferrer – Meu Deus do céu! Demais! Por quê? Porque ninguém consegue conceber... Tô me vendendo aqui, mas eu acho que sou uma pessoa agradável. Uma pessoa, por exemplo, que tem o pé no chão. Eu vou pra Brasília agora e os meus irmãos, a maioria, saíram da condição ruim igual a mim, mas eu tenho família humilde ainda. Eu tenho família no Rio de Janeiro que mora no morro. Se você me chama prum pagode eu vou. Então eu consigo estar nos dois mundos. Aí a pessoa fala assim: “Aquele lá é um louco. Chegou na redação com champanhe”. E não-sei-o-que, não-sei-o-que... “vive na festa”, “bota ele numa foto de helicóptero e diz que é simplicidade do dia-a-dia”... “é um maluco”... “é um alienado”... Ninguém consegue conceber que pode existir gente legal e que vive a vida. O Alex [refere-se ao colunista social Alex Valter Van], morreu semana passada, coitado, com 40 anos. Eu acho que você pode viver a vida de forma leve e ser simpático. Já sofri vários preconceitos. Mas nunca sofri preconceito de outra categoria que não fosse jornalista. De juiz nunca foi. Já respondi vários processos e o juiz já me conhecia de jornal. Já fui em festa com advogados. Juro, nunca senti preconceito. Mas são sempre os jornalistas que torcem o nariz, que colocam coluna social como inferior no jornal, colocam o colunista como louco, como o cara burro, alienado, que não lê livros... Se olhar lá em casa, tem mais livros que qualquer um. Mas eu vivo um personagem. Eu vivo 24 horas como se fosse um personagem. As pessoas cobram muito isso. A diferença é a seguinte: eu sou o que sou, assumo que gosto do oba-oba, que gosto de aparecer. O colega de trabalho diz que não gosta de aparecer e o colunável diz que não gosta de aparecer, mas cada piscada põe no Facebook, cada vez que sai na coluna põe no Facebook. Eu admito, eu não gosto de aparecer. Eu amo! Adoro aparecer. Aparecendo, ponho comida na minha mesa; aparecendo, eu tenho facilidades em alguns lugares; aparecendo, eu tô aqui sentado com vocês, dando entrevista pra esse caderno maravilhoso em que eu só vi autoridades. Eu quero descobrir, onde é que eu sou autoridade... Tem gente que brinca assim “ah! Você é marketeiro pessoal”. Eu sou marketeiro pessoal. Meu produto é essa embalagem aqui [gesticula, indicando o próprio corpo]. O que é que é o produto Alex Ferrer? Um cara engraçado, que bebe champanhe, que fuma charuto, que conhece vários países, que mora numa casa boa, que anda num carro bom, que come bem, que vai a restaurantes, que ironiza a simplicidade do dia-a-dia. E aí entram aquelas coisas: “Ah! Mas tem gente morrendo de fome!”. Sabe aquelas coisas? Mas esse é meu personagem e é isso que eu levo no dia-a-dia. Eu sempre brinco: minha cota de pobreza já foi. Tudo que tinha pra ser pobre já foi, eu não quero ser mais.

DIARINHO - Você já foi processado por colocar a foto de uma moça de biquíni no jornal com uma legenda que comentava que ela é herdeira de uma grande fortuna. Colunismo social também pode desagradar os colunáveis ou isso foi um acidente de percurso?

Alex Ferrer – Sempre digo, né, gosto é de aparecer. E o que é que eu quero dizer com isso? Que muita gente, muitas fortunas, muitos cargos, muitas pessoas, muitos nomes são feitos em aparições. O político que tem uma boa assessoria e que aparece muito ele se destaca, o delegado, o policial... Vocês sabem muito bem disso. Querendo ou não, até quem não faz nada preza por aparecer. E, nesse caso, foi uma infelicidade de várias circunstâncias. Essa moça, eu tava conversando com ela no Facebook e ela falou que ela tava em Miami. Ninguém fala prum colunista social que tá em Miami se não quer aparecer. A própria pessoa que põe em rede social é querendo que alguém veja, ou o colunista social ou não. E aí, nesse caso, a pessoa falou que tava em Miami. “Ah! Que legal e tal. Tem foto?”. Aí ela: “tem no álbum [do Facebook], olha lá”. Aí tinha uma foto normal e uma foto que ela tava de biquíni. Aí, óbvio que, linha DIARINHO, eu quis pegar a de biquíni. Uma moça muito bonita, por sinal, de rosto e de corpo. E autorizou pegar a foto. Só que eu acho, e é o meu achômetro, segundo me falaram, que o pai dela ou alguém da família dela viu que quando digitava o nome dela ou da empresa, caía na moça de biquíni. Aí ficou um constrangimento. Imagina: vai pesquisar se vai comprar no prédio, um apartamento da empresa tal, e digita no Google o nome do prédio, da empresa, e sai uma mulher de biquíni dizendo que é filha do dono da construtora. Mas é assim: fui autorizado, é normal. Acho que os juízes têm que entender que hoje existem dois mundos. Esse que a gente tá aqui e enquanto a gente tá aqui o pau tá comendo lá no Facebook. É gente falando mal, gente falando bem, gente se oferecendo. O Facebook é uma feira. É a democratização da coluna social. Todo mundo pode ser colunista e todo mundo pode ser colunável. Deixa eu tomar mais um gole de champanhe [Alex trouxe uma cava espanhola pra beber enquanto dava a entrevista].

DIARINHO - Você coleciona fotos com pessoas famosas. Há flashes com políticos, modelos, artistas etc. Na recente visita do vice-presidente Michel Temer a Balneário Camboriú, você foi um dos únicos que fez várias poses ao lado dele como se fossem os melhores amigos. Qual o seu segredo para se aproximar de gente poderosa? Você realmente conhece intimamente essas pessoas ou é apenas uma jogada para alavancar sua imagem pessoal?

Alex Ferrer – Olha minhas mensagens aqui [Mostra o celular]: Roberta Britto, irmã do Romero Britto [pintor e escultor pernambucano]; ó... mulher de ministro; vamo vê aqui... Chris Flores, apresentadora do Hoje em Dia; Solange, ex-BBB; ó... Cacau Menezes; Álvaro Garnero [empresário da Brasilinvest e apresentador da TV Record] aqui. [Mas você tem realmente relações com essas pessoas?] Cada caso é um caso. Eu faço muito evento e então eu contrato artistas pra vir pra cá. Agora eu tô até brincando com a história, que é o povo perguntar “ah! Quanto é pra contratar artista?”. Eu digo que eu tenho de R$ 1 mil a R$ 1 milhão. Então assim, eu tenho de BBB até astro de Hollywood. A história Sharon Stone. Essa foto é eu com a Sharon Stone. Mas não é foto tremida não, é foto produzida e tal. Então você vê que eu passei muito tempo com ela e houve uma interação. Com o Amaury Júnior, eu tenho um álbum no Facebook só com ele, beijando ele, ele me agarrando, eu agarrando ele, ele me apertando. Óbvio que tem gente que eu não sou amigo mesmo, mas há também amizade.




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