Quem conquistar a vitória em 2 de outubro, em Itapema, vai ganhar a responsabilidade de administrar uma cidade de complexa. Vítima de um crescimento acelerado, o que já foi um balneário tranquilo hoje enfrenta problemas típicos de uma cidade grande: crescimento da violência, trânsito emperrado, dificuldades na saúde, perrengues no saneamento básico e na distribuição de água para a população.

Para ajudar você a decidir quem está mais preparado para descascar tantos pepinos, o DIARINHO ouviu o que os quatro candidatos a prefeito têm a dizer. Ivanor de Souza (PRB), Nilza Simas (PP), o professor Willian Meister (PSOL) e o atual prefeito Rodrigo Bolinha Costa (PSDB) explicaram como pretendem resolver situações ligadas à saúde, segurança pública, saneamento básico, mobilidade urbana e qualidade de vida.

Raio X

Quem: Ivanor de Souza (PRB)

Data de Nascimento: 28/06/1965

Local de Nascimento: Palhoça

Estado civil: Separado

Filhos: Seis

Formação: Administração de Empresas.

Experiências profissionais: Administrador de empresas e empresário no ramo de panificação

Raio X

Quem: Nilza Nilda Simas (PP)

Data de Nascimento: 20/05/1969

Local de Nascimento: Tijucas

Estado civil: Divorciada

Filhos: Dois

Formação: Enfermagem e pós-graduada em educação.

Experiências profissionais: Enfermeira da rede pública, já foi diretora de escola, coordenadora do Samu, professora da rede estadual e vereadora no segundo mandato.

Raio X

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Quem: Rodrigo Costa (PSDB)

Data de Nascimento: 30/09/1975

Local de Nascimento: Itajaí.

Estado civil: Casado

Filhos: Três

Formação: Superior incompleto.

Experiências profissionais: Servidor de carreira da câmara de Vereadores, já foi vereador por duas gestões e atualmente é prefeito de Itapema.

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Quem: Willian Diógenes Meister (PSOL)

Data de nascimento: 22/12/1987

Local de nascimento: Canoinhas

Estado civil: Solteiro

Filhos: Não

Formação: Educação física.

Experiências profissionais: Professor de escola pública, funcionário público e personal trainer.

“Itapema precisa ser planejada para o futuro. Ela não pode ser mais empurrada com a barriga”

Ivanor de Souza

“Gestão se faz com a participação social, e disso eu não abro mão”

Nilza Simas

“Nós podemos dizer que Itapema está no caminho, numa vertente correta”

Rodrigo Bolinha

“Propusemos uma rediscussão do contrato para que Itapema possa ter a sua própria empresa de água e saneamento”

Professor Willian Meister

DIARINHO - Nos últimos 15 anos Itapema sofreu um boom imobiliário. Há quem diga que se transformará numa segunda Balneário Camboriú, tamanha é a quantidade de prédios. Como se prevenir dos problemas que esse crescimento traz, como sombreamento da praia, falta de iluminação e ventilação no espaço urbano, veículos concentrados numa só região, emissão excessiva de esgotos?

Ivanor de Souza – Até 1991, Itapema tinha 12.176 habitantes. Em 2000 passou a 25,7 mil, 2010 a 45 mil, chegaremos em 2020 com 100 mil e em 2040 com cerca de 200 mil habitantes. Itapema precisa ser repensada e planejada para o futuro. Ela não pode ser mais empurrada com a barriga de quatro em quatro anos. Para isso, nós vamos implantar o conselho de mandato consultivo. Esse conselho vai ser formado por representantes da sociedade civil organizada de Itapema. E vamos contratar equipes técnicas. Juntos vamos repensar a cidade e planejá-la. Questões como recursos hídricos, que são fundamentais para o abastecimento. E também a questão da preservação do meio ambiente. A questão da nossa praia, nós não podemos deixar que fique poluída. Nós temos que implantar urgentemente a captação de esgoto no município. Hoje tem somente em cerca de 30%, 35% da cidade.

Nilza Simas – Quando se fala em mobilidade urbana e reordenamento da cidade, está dentro de uma questão central que se chama plano diretor. O plano diretor ordena a cidade. Esse plano diretor foi discutido com a comunidade, com delegados, durante dois anos. Ele precisa chegar à câmara de Vereadores, abrir essas peças do plano diretor e, a partir daí, discutir com a comunidade, com todas as entidades, de que forma nós queremos Itapema. Gestão se faz com participação social e disso eu não abro mão. [Mas o plano diretor já foi debatido, não foi?] O plano diretor foi debatido com uma equipe de delegados e foi construído por essas pessoas. Mas ele não entrou na apreciação do legislativo.

Prof. Willian Meister – Respeitando o plano diretor. Nos últimos dois anos fui delegado eleito pela comunidade para o processo de renovação e reforma do plano diretor e lá a gente conflitou com diversos desses problemas. Os movimentos sociais, os delegados eleitos pela comunidade, como é o meu caso, tensionamos para uma melhoria dos índices construtivos, por melhor qualidade de vida, para aumentar o índice de ventilação e diminuição do sombreamento sobre a praia, mas houve um lobby, inclusive de um setor da construção civil junto à prefeitura de Itapema, e junto aos delegados do governo que tensionaram para que esses índices se mantivessem. Então houve um debate muito grande. Mas, para evitar que esse boom imobiliário traga problemas, tem que insistir no planejamento urbano. Tê-lo como premissa, como meta. Um replanejamento urbano da cidade, respeitando rigorosamente o plano diretor. Aí você consegue distribuir um pouco mais essa urbanização pros bairros, que são deficientes em infraestrutura, desconcentra essa densidade de construções de regiões mais próximas da praia e você consegue dar conta de replanejar a distribuição territorial da cidade.

Rodrigo Bolinha Costa – Há dois anos nós estamos trabalhando, de uma forma muito democrática, a questão da revisão do plano diretor. Principalmente, com essa preocupação com o crescimento da cidade. Visando isso, juntamente com o colégio de delegados, estruturando o novo plano diretor realmente pensando a cidade para o próximo século. E o que foi combatido ali? Principalmente, ter uma qualificação da construção civil no município de Itapema, porque é um fator econômico muito importante. Buscando o cone de sombreamento, que vai colocar uma limitação para não causar sombreamento na orla. Evidente que isso nós temos que ter o cuidado. E, consequentemente, trazer melhores estruturas para a cidade, ao longo do novo plano diretor.

DIARINHO - Principalmente no verão, o caos toma conta do trânsito. Em especial na Meia Praia. Quais seriam as soluções para fazer fluir o trânsito na cidade?

Ivanor – Nós vamos implantar o estacionamento rotativo, que é uma das saídas. Itapema, no ano 2000, tinha cerca de sete mil veículos e hoje nós temos cerca de 35 mil veículos. Então veja que tivemos um aumento de 500%. Isso não era esperado. A cidade não foi planejada para isso. Nós temos que melhorar o sistema do transporte coletivo e implantar o sistema de estacionamento rotativo. Também iremos implantar novas ciclovias, facilitando a ligação entre os bairros, principalmente os calçadões. Pretendemos construir um deque, um calçadão com deque suspenso, interligando a praia do centro à Meia Praia. E, também, construir o calçadão do centro, fazendo essa ligação de toda a orla, com ciclovia e passeios.

Nilza – A principal ação é a continuidade da desapropriação da Terceira avenida. E aí, falo mais, uniformizar todas as calçadas, possibilitando acesso. Muitas das vezes as pessoas com alguma especialidade, uma deficiência física, não conseguem se mobilizar pelas calçadas, acabam utilizando o carro. Mães com bebês, com carrinho, sofrem. Hoje, a nossa cidade não tem padronização e nem acessibilidade. A acessibilidade, com as calçadas padronizadas, traz qualidade de vida, diminui o fluxo de carros, mantém segurança, já que você consegue utilizar as calçadas. Nós temos vários atropelamentos de pessoas porque não existe calçada.

Prof. Willian – O PSOL propõe uma rediscussão da malha viária. Inclusive o próprio plano diretor traz já um redesenho e, inclusive, o planejamento da construção de novas vias. Sobretudo rotas comerciais e vias de acesso para o desafogamento do trânsito. Mas são alguns fatores. Em primeiro lugar, redesenhar o fluxo de trânsito de veículos. Em segundo lugar, com maior planejamento urbano, melhorar as pavimentações, incluir ciclovias, sobretudo nas rotas principais, para que você possa ter um escoamento de trânsito. E investir no transporte público. Para isso, precisa uma revisão do contrato da Praiana [empresa de ônibus], precisa uma distribuição aí de horários e de rotas de ônibus, sobretudo nos bairros, para que a gente possa desafogar o trânsito.

Rodrigo Bolinha – Primeiro, todas as ações efetivas que a gestão pública tem que tomar, precisa planejamento. Diante disso, Itapema tem hoje o seu plano de mobilidade urbana. Está concluído. É o ProMob, como a gente chamou. Além de todas as questões de acessibilidade na área urbana, nós temos nos preocupado, realmente, com essa questão de entrada e saída do município. Porque, hoje, nós temos 38 mil veículos cadastrados no município. E a cidade de Itapema cresce muito. A perspectiva daqui a oito anos é chegar a 120 mil habitantes. Com esse crescimento podemos ter mais de 50 mil veículos cadastrados no município. Então essa é a nossa preocupação.

DIARINHO - Assim como em outros municípios da região, o saneamento básico e a captação, tratamento e distribuição de água é um caso polêmico: há aumento de tarifas, acusações de não cumprimento de contratos, vazamento das estações de tratamento de esgoto. Como pretende se relacionar com a empresa que toca esses serviços?

Ivanor – Por isso eu volto a falar: com a criação do conselho de mandato consultivo. Trazendo todas as entidades para dentro do conselho, nós vamos poder sentar com a Conasa e conversar, frente a frente, para forçá-los a cumprir o contrato. Esse contrato tem que ser cumprido à risca, pra que seja implantada o mais rápido possível a captação de esgoto nos bairros. Se não fizer isso o mais rápido possível, a nossa praia vai se tornar imprópria pra banho e nós vamos perder o nosso grande potencial turístico. Porque Itapema é um município que vive diretamente do turismo.

Nilza – Não vou admitir que uma concessionária, em pleno mês de dezembro, acione um tarifaço e triplique o preço da água. Como já aconteceu. As pessoas não podem ser violentadas na sua renda familiar, no bolso. A concessionária tem as suas obrigações, tem seus direitos e tem seus deveres. E nós vamos trabalhar em consonância. E não é só a Conasa para a gente estar conversando. Nós temos a Autopista [Concessionária da BR 101] também, nós temos a limpeza, que é a Ambiental. Eu sou uma pessoa de fácil acesso, de conversa, de diálogo. Mas sou do justo, do correto, do certo! E com verdade. Não abro mão de uma gestão com participação social e, principalmente, baseada na verdade e na honestidade.

Prof. Willian – Olha, teve uma grande mobilização popular em Itapema que questionou toda essa pauta do tarifaço e da qualidade do serviço prestado pela Conasa (Companha Nacional de Saneamento) e teve uma audiência pública que derivou desse processo de mobilização. Nós fizemos duas proposições. A primeira foi uma auditoria minuciosa das contas da Conasa. Afinal, havia acusações de fraude. Porém, a nossa proposição nunca foi acatada: uma auditoria minuciosa das contas e do contrato da empresa. Em segundo lugar, respeitar o plano de saneamento, onde já estão previstas as etapas de avanço do saneamento básico da cidade. E, sobretudo, nós do PSOL propusemos naquela audiência uma rediscussão do contrato para que a médio prazo a cidade consiga ter a sua própria empresa de água e saneamento.

Rodrigo Bolinha – Hoje, um dos pontos principais que corre pelo Brasil é a falta de saneamento básico. E Itapema tem trabalhado para avançar. Nós temos uma concessão e todos sabem que, desde 2007, conforme a lei 11.445, cada município deveria ter seu plano de saneamento. E só em 2013, com o início do nosso mandato, que nós começamos a revolucionar essa questão do plano de saneamento e do saneamento básico. Hoje, Itapema tem um plano de saneamento, que foi consolidado pela população, através de audiências públicas. Inclusive, prevendo direcionamento de investimentos em questão de água e esgoto. Então, hoje, nós podemos dizer que Itapema está no caminho, numa vertente correta. [Qual o índice de captação de esgoto na cidade?] 60%. E dentro do plano de saneamento foi estimado que até 2021 terá que chegar a 90%. Esse foi o norte que o plano de saneamento básico de Itapema deu para a empresa.

DIARINHO - Está cada vez mais comum, nos noticiários policiais, o registro de homicídios em Itapema. A cidade, por conta da expansão populacional, está vivendo um descontrole na segurança pública? Como conter o crescimento da violência?

Ivanor – Itapema, como em qualquer cidade, quanto mais cresce mais problemas aparecem. Nós pretendemos implantar mais câmeras de vídeo-monitoramento. Vamos criar a guarda municipal patrimonial, pra dar segurança nos pontos turísticos, principalmente no calçadão, na Meia Praia, no Mirante, no Canto e todos os prédios públicos. Também vamos reforçar o número de câmeras na cidade e criar o centro de vídeo-monitoramento 24 horas por dia.

Nilza Simas – Nós precisamos, primeiro, criar o contraturno escolar. Ocupar a criança para que ela não tenha tempo ocioso e que não entenda que a vida do crime é a saída. Contraturno com esporte, lazer, cultura e todas as escolinhas. Com câmeras de monitoramento pela cidade funcionando. Hoje todas estão abandonadas. Tem que ser monitoradas pela polícia Militar. Educação e segurança. Não só ter mais policiais na rua. Mas políticas públicas que gerem segurança, através da educação continuada com esses alunos, e principalmente no contraturno.

Prof. Willian – Em primeiro lugar, o planejamento urbano, que vai levar uma maior organização dos bairros, da cidade e isso também leva uma maior qualidade de vida para as pessoas, mais oportunidades, novos eixos comerciais, com geração de emprego e renda nos bairros. Em segundo lugar, a gente precisa ter políticas públicas de segurança. Sobretudo na área de educação, na área de artes, cultura, esporte e lazer, que são eixos de governo que o PSOL se debruçou a debater nos últimos anos, inclusive com representantes da segurança pública nesses debates. Hoje você tem um esvaziamento e abandono do setor de assistência social na cidade. Ao passo que você vê um aumento, sobretudo, no número de usuários de drogas.

Rodrigo Bolinha – Até conversei com o tenente e a polícia Militar, que tem feito um trabalho excepcional dentro do município com o apoio da gestão pública, principalmente na questão de viaturas. Hoje a polícia Militar tem viaturas porque nós doamos. Estamos doando a sexta viatura para fazer as guarnições na cidade. Infelizmente, nesses últimos dias, nesse último mês, realmente teve um número que excedeu até o ano em número de homicídios, né!? A droga, o tráfico são causadores desses homicídios, mas a polícia Militar tem trabalhado muito. Nessa parceria com a polícia Militar e com a Civil, conseguimos avançar e muito.

DIARINHO - Apesar de ter um hospital, Itapema continua enviando grande quantidade de pacientes para Balneário Camboriú e Itajaí. Como tratar as pessoas no próprio município?

Ivanor – Itapema necessita, urgentemente, de um PA 24 horas ou uma UPA 24 horas. Até para aliviar a carga do hospital. Há casos que não têm como serem atendidos em Itapema. Aí, são remetidos a cidades vizinhas. Mas a ideia é, o mais rápido possível, articular junto com Balneário Camboriú, Camboriú, Itapema, Porto Belo, Bombinhas, Tijucas, Canelinha, São João Batista, Major Gercino e Nova Trento para que se construa nessa região – queremos que seja em Itapema, mas se não for em Itapema, que seja dentro dessa região – um hospital regional.

Nilza – Primeira solução: construir quatro unidades de saúde com mais 10 unidades de estratégia da família. É o primeiro passo. [Em quais bairros?] Meia Praia, Morretes, Praia Mar, Areial e Sertãozinho. [Então seriam cinco?] Isso, são cinco unidades de saúde. Pode ser gradativo. Então passa, primeiro, pela construção de um novo hospital e vocacionar esse hospital. Saúde é o nosso maior patrimônio.

Prof. Willian – O problema é gestão. Na verdade você tem hoje dados estatísticos que comprovam que 80% dos casos de saúde se resolve na atenção básica, nos postos de saúde. Ao passo que você vê em Itapema um esvaziamento da qualidade do atendimento nos postos de saúde. Hoje faltam técnicos. O nosso secretário de Saúde, atualmente, não tem especialidade na área, não entende nada de saúde. Tem que se replanejar a saúde. Tem que se voltar a enfatizar o programa saúde na família, tem que focar na qualidade do atendimento nos postos de saúde pra diminuir a quantidade de atendimento na média e na alta complexidade. Mas claro que a médio e longo prazo a cidade precisa, sobretudo por meio da outorga onerosa da construção civil, ter dinheiro suficiente para um hospital de qualidade e referência.

Rodrigo Bolinha – O atendimento hospitalar é um problema em todo o Brasil. Por quê? Porque a gente esbarra no custeio. A estrutura, a gente quer projetar uma estrutura de três, quatro andares, um prédio maior, a gente pode colocar no papel que tem uma certa possibilidade. O problema é a responsabilidade com o custeio. Porque hoje a máquina pública sofre. Não adianta eu montar uma estrutura, como a gente teve exemplo em vários lugares, e ficar quase um ano fechado porque não teve condições de manter. O custeio hospitalar é muito alto. Depender do estado? Sabemos da deficiência e como está o estado de Santa Catarina em relação à saúde. O plano diretor é que vai nos ajudar no futuro a melhorar em muito essa questão. [Por que o plano diretor?] Porque introduzimos instrumentos no plano diretor que vão nos auxiliar na questão de infraestrutura. A cada R$ 100 que entra no município, sobra em média R$ 5 de investimento para a infraestrutura. É o mínimo que sobra. E como nós vamos ter um plano diretor forte, a exemplo de outras cidades que deram certo, esses R$ 5 eu poderei aplicar em assistência hospitalar e segurança pública.