Todos os dias, dona Nilva Damaso, 52 anos, vai ao centro peixeiro cedinho e só volta pra casa no final da tarde. Moradora do bairro Cordeiros, no Jardim Esperança, o conhecido Brejo, ela trampa como cuidadora de idosos. A ida e volta do centro, há tempos, se transformou numa tortura. Nilva carca que os busos da Coletivo, empresa do transporte público em Itajaí, tão em péssimas condições, mais parecendo carroças velhas. E ela ainda solta o verbo por causa dos horários: A gente é pobre e depende da Coletivo pra trabalhar. O ônibus, que era pra ser às 7h10, vai passar pelas 7h20, 7h30. Depois, faz o contorno na Caninana, vai pelo Imaruí, dá uma baita volta pra depois ir pro centro, conta.
Ontem de manhã, a situação piorou. De acordo com dona Nilva, outro latão, que ia pra localidade de Votorantim, quebrou. Ao invés de trocarem de busão, quem teve que sair e dar lugar a esse pessoal ...
Ontem de manhã, a situação piorou. De acordo com dona Nilva, outro latão, que ia pra localidade de Votorantim, quebrou. Ao invés de trocarem de busão, quem teve que sair e dar lugar a esse pessoal foram os passageiros da linha do Jardim Esperança. Hoje, já veio atrasado. Estávamos sentados, mas aí tivemos que desembarcar e pegar outro ônibus com poucos lugares. Eles acham que só porque é bairro pobre tem que se ferrar. Pagamos três reais da passagem pra andar nesses ônibus podres, caindo aos pedaços. Tem dias que não dá nem pra se mexer, pois tá entupido de gente, desabafa.
Pra Nilva, a Coletivo deveria colocar mais linhas e em intervalos menores naquela região. O povo do Brejo cresce, e aqui só passa de meia e meia hora. Estou tão chateada com isso! É uma baixaria.
Falta mobilidade em Itajaí, chora gerente da Coletivo
Questionado sobre o perrengue que os moradores do Brejo tão enfrentando, o gerente operacional da Coletivo, Marco Littig, diz que tá tudo em ordem com os busos e os atrasos são culpa do trânsito da city peixeira. Com o aumento da frota de veículos em Itajaí, o trânsito tá cada dia mais congestionado. Isso provoca os atrasos nas linhas do transporte público. Não há o que fazer, só se a cidade criasse corredores próprios para os ônibus, avalia.
Hoje, a empresa possui 59 latões pro transporte urbano. Segundo Littig, não há uma frota específica pra cada bairro, e os ônibus são distribuídos conforme o encaixe de escalas. Sobre o veículo que quebrou, Marco não soube explicar. Não teve nenhum relato desse tipo hoje (ontem), diz. Os ônibus da Coletivo passam por revisões preventivas e corretivas, acrescentou o bagrão da empresa.