O professor de informática Juari Pinheiro, conhecido como Snague, 28 anos, foi a a 13ª vítima fatal da rodovia este ano. O acidente aconteceu por volta das 22h30 de 8 de outubro, quando ele voltava de Brusque depois de uma aula. Eu perdi meu chão, desabafa Sabrina Antunes Coelho, 29, namorada de Snague. Ela precisou ir atrás de ajuda médica para conseguir superar a dor da perda do grande amor.
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Pra pressionar o governo e não deixar que a duplicação seja promessa de campanha política, Sabrina criou um abaixo-assinado on-line, solicitando a duplicação. Em uma semana, foram recolhidas 233 assinaturas. O objeto é atingir 2000 até fevereiro, pra que o documento, também chamado de petição, seja entregue ao governador Raimundo Colombo (PSD).
A autônoma Patricya Fischer, 33, foi uma das 233 pessoas que colocaram o nome no abaixo-assinado. Ela mora na altura do quilômetro 16 da rodovia, na comunidade do Brilhante um. A casa de Patricyafica bem pertinho da conhecida curva da morte, por isso a moradora da Antônio Heil já se cansou de ver porradaços por lá.
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O acidente que mais a chocou foi o porradaço de um carango contra um carro-forte, que terminou com morte do motorista do possante, um entregador de marmita na região. O último que Patrycia viu aconteceu em meados de setembro, quando dois caminhões colidiram quase que em frente à sua baia. Na ocasião, o carona de um dos brutos morreu e o outro ficou gravemente ferido.
Por tudo isso que Patrycia apoia a petição organizada por Sabrina. Pra moradora da Antônio Heil, a duplicação poderia não reduzir a velocidade do motoras, mas ao menos, diminuíra o número de colisões. Talvez não resolvesse, mas ajudaria em 90%, lascou.
Pra assinar a petição, é fácil. Basta acessar um desses saites: https://www.peticaopublica.com.br/psign.aspx?pi=BR60655 ou https://tinyurl.com/n5xzroj.
Imprudência do motoras é a maior causadora de acidentes, diz patrulheiro
Os dados levantados pela polícia Rodoviária Estadual apontam que, apesar das más condições da rodovia, foi a imprudência que mais matou os motoras na Antônio Heil. Entre as bobagens mais comuns, tá o excesso de velocidade, embriaguez ao volante e ultrapassagens forçadas. Nos dados que eu levantei, não havia relato de acidente provocado por problemas na rodovia, garantiu o sargento Marcelo Vieira Ramos. Questionado sobre o que aconteceu com o professor Snague, que teria se acidentado por conta de um buraco, o sargento argumentou que, em muitos casos, fatores relacionados ao estado do asfalto só aparecem depois, com a investigação da perícia, por isso não constam do relatório da PRE.
Ainda de acordo com o sargento Vieira, a cada hora de fiscalização eletrônica feita na Antônio Heil, uma média de 50 multas são aplicadas só por excesso de velocidade. São atitudes do condutor que podem agravar o número de acidentes, ressaltou o patrulheiro. Nas quatro rodovias que estão sob responsabilidade do posto da PRE de Gaspar, que inclui ainda Penha, Tijucas e Nova Trento, só em 2013 foram 94 mil multas eletrônicas aplicadas e 5549 autuações manuais.
Um outro dado que chamou a atenção da polícia foi a diferença entre os aumentos no número de acidentes em geral, no número de feridos e no número de mortes. Entre 2012 e 2013, as trombadas na Antônio Heil subiram 9,2%. A quantidade de perrengues que resultaram em vítimas cresceu 15,49%. Já o número de pessoas mortas de um ano pra outro bombou em 62,5%.
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Pro sargento Vieira, isso aconteceu porque havia mais pessoas dentro dos carangos nos acidentes considerados graves. Só naquele acidente com o Lancer, foram dois mortos e dois feridos, exemplificou, referindo-se à tragédia envolvendo o Mitsubishi Lancer Evolution, placa NJJ-0222 (Brusque), em 25 de abril, quando os gurizões Walter Schlindwein, 24 anos, e Guilherme Augusto Werner, 29, morreram e os amigos Robson Siegel, 32, e Tiago Werner, 27, ficaram gravemente feridos depois de capotar o carango.
Outro fator que explicaria o aumento no número de acidentes é o crescimento da região. Com mais empresas abrindo ao longo da Antônio Heil, aumentou o fluxo de veículos e, consequentemente, as batidas. Na Antônio Heil vimos o crescimento de pontos logísticos. Em cada empresa são cerca de 300 pessoas. Isso culmina no aumento no número de acidentes, argumentou o patrulheiro.
Obra de duplicação tá rolando meia-boca
As obras de duplicação da Antônio Heil tão divididas em duas partes, como mostrou o DIARINHO na edição de ontem. Em Brusque, o projeto tá sendo bancado por uma empresa particular, que vai ganhar um abatimento nos impostos pelo investimento, e as obras já tão rolando. Já em Itajaí, o projeto já foi finalizado e enviado ao banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que vai financiar a obra.
De acordo com William Ernst Wojcikiewicz, diretor de Planejamento do Deinfra, as licenças ambientais estão aprovadas, mas falta o aval do BID pra abrir a licitação. Além disso, a obra não tem prazo pra ser iniciada. Depende da análise do BID, reforçou William.
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Eu vi o caos que tava aquela estrada
Sabrina Coelho, que foi obrigada a abandonar os planos que tinha com o namorado morto num acidente na Antônio Heil, toca a vida pra frente com novos sonhos. Entre eles, ver a rodovia duplicada. Ela acredita que, com a duplicação da rodovia, os acidentes vão diminuir, já que o projeto conta com com ciclovias, faixas para motos e elevados. Eu sei que isso não vai trazer ele (o namorado) de volta, mas é pras pessoas que moram naquela região e pros turistas também, diz a autora da petição destinada ao governador.
Mesmo passados dois meses, a noite de 8 de outubro não sai da cabeça de Sabrina. Aquela tinha sido a primeira aula que o namorado Snague deu em Brusque, pra alunos de um curso preparatório para concurso público. Sabrina diz pediu para que ele não fosse de moto para lá. Eu vi o caos que tava aquela estrada, recorda.
Com o braço quebrado por conta de um acidente de moto, sofrido 20 dias antes, Sabrina não pôde levar Snague da Brusque, como pretendia. O namorado não quis ir de carro sozinho, insistiu em ir de Biz e nunca mais voltou.
Segundo Sabrina, o relatório da perícia sobre o acidente apontou que um buraco na estrada teria furado um dos pneus da Bizinha. Snague ainda foi acertado por um carro que vinha logo atrás e estaria em alta velocidade. A força da batida foi tão grande que o professor de informática foi arremessado a uma distância de 100 metros do acidente. Se tivesse um acostamento ou iluminação, isso não teria acontecido, acredita Sabrina. Ainda de acordo com a moça, o buraco que teria furado o pneu da Biz foi tapado no dia seguinte ao acidente.
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