Itajaí

Povão do Padre Jacó breca o trânsito na Osvaldo Reis

Cerca de 50 moradores pediram a instalação de uma galeria pra conter os deslizamentos de terra na encosta do morro do Scaburri. Filas ultrapassaram os três quilômetros

A comunidade do loteamento Padre Jacó, no bairro Fazenda, não fugiu da raia e cumpriu a promessa feita na quarta-feira. Ontem à tarde, aproximadamente 50 pessoas fecharam a rodovia Osvaldo Reis pra berrar contra a situação das famílias que vivem na encosta do morro do Scaburri. Eles pedem uma ação urgente contra os deslizamentos de terra que ocorrem desde o início do ano na região. A culpa pelo perrengue, insistem, é da empresa que, desde abril, toca a construção de um condomínio horizontal na morraria.

Munidos de cartazes, faixas e buzinas, os moradores se reuniram em frente ao posto Shell, no bairro Fazenda, e bloquearam os dois sentidos da rodovia. Muita gente que voltava pra casa após o dia ...

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Munidos de cartazes, faixas e buzinas, os moradores se reuniram em frente ao posto Shell, no bairro Fazenda, e bloquearam os dois sentidos da rodovia. Muita gente que voltava pra casa após o dia de trabalho teve de parar o veículo, ouvir um desabafo animado e, só então, partir. Nem todo o mundo levou na esportiva a paradinha rápida. “Se vocês não têm mais o que fazer, eu tenho que trabalhar”, soltou um dos motoras.

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A manifestação pacífica deixou o trânsito lento por cerca de 30 minutos e gerou filas de pouco mais de três quilômetros. Pelas contas dos agentes da Codetran, a pista sul registrou 2,5 quilômetros de congestionamento. Já a norte, cerca de 600 metros. “A fila na pista sul vai até a Havan”, informou um azulzinho.

O pescador aposentado Heitor Martins, 71, fez questão de acompanhar o filho Everaldo Heitor Martins, 43, que mora em uma das baias na encosta do morro do Scaburri. “A minha casa não corre risco, mas eu vim aqui oferecer minha solidariedade a eles”, comenta Heitor, que também vive no Padre Jacó.

Everaldo erguia uma faixa com uma longa frase de desabafo, mas diz que a preocupação e o sentimento de impotência da família são impossíveis de descrever. “Nós estamos bem desanimados. Com essa obra do condomínio, estamos pensando em nos mudar do bairro”, revela o cara, que mora há 20 anos com a família na rua João Fernandes Vieira Junior.

“Chega de enxurrada. Queremos uma galeria”, dizia a frase escrita à mão no cartaz erguido pela dona de casa Maria Helena Borges, 58. Ela morre de medo que um dia de chuva mais forte traga, além de prejuízos materiais, uma desgraça pra família. “Faz muito tempo que a gente enfrenta problemas com enxurradas, mas com essa construção instalada no morro, virou um pesadelo”, revela.

A secretária Scheila de Souza, 27, exibia um cartaz que resumia a principal reivindicação da comunidade do Padre Jacó: “Queremos o projeto da galeria fora da gaveta”. Elétrica e comunicativa com os motoristas que passavam pela rodovia, Scheila explicou a mensagem escrita na cartolina. “Nós estamos cansados de comício prometendo a galeria. Ela tá na gaveta e nós queremos tirá-la de lá”, berra.

Em meio à massa popular formada na Osvaldo Reis, o advogado Giordano Zaguini Furtado, 32, celebrava o que ele mesmo proclamou como o “pontapé inicial para a preservação dos morros de Itajaí”. Defensor do meio ambiente, ele já participou de outras manifestações em defesa das áreas verdes, especialmente das morrarias, e defende um novo encontro. “Eu quero mobilizar um protesto envolvendo os moradores das encostas da Ressacada, da Fazenda e da Atalaia”, confidencia.

Giordano defende que a área de morraria é uma das que ainda podem ser preservadas, caso o poder público tenha consciência do valor que ela representa para o município. “A lei atual de zoneamento praticamente possibilita que grandes construções possam acontecer nessas áreas. Nós temos que reverter isso”, alerta.

Prefa minimiza perrengue e estuda projeto

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O drama vivido pelas famílias do loteamento Padre Jacó se arrasta desde o início do ano, quando a construtora BRR começou a tocar as obras de um condomínio horizontal no morro do Scaburri. Em 6 de dezembro, algumas casas que ficam na encosta da morraria foram atingidas por deslizamentos de terra. Os moradores culparam a exploração da área pela empresa como causa do perrengue. Além disso, acusaram a empreiteira de mexer em uma área de Preservação Permanente (APP).

Apesar do alarde, o engenheiro civil João Antônio Castro, da fundação Municipal do Meio Ambiente (Famai), procurou acalmar os moradores do Padre Jacó. “Aparentemente, não há risco para as residências”, disse ao DIARINHO na quarta-feira. O sabichão também garantiu que a encosta do morro do Scaburri não é uma APP.

Everlei Pereira, chefão da Defesa Civil peixeira, lidera um grupo de estudos que projeta a ampliação do sistema de drenagem do loteamento, que segundo ele é ocupado irregularmente há 30 anos. “Esse projeto certamente vai minimizar os impactos desses deslizamentos”, garante o abobrão, que não soube dizer quando o tal projeto vai sair do papel.

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