O programa tá empacado por conta da burocracia e também por pendências na dona justa em projetos e licitações. Ele estabelece a aplicação de quase 10 bilhões de reales em ações nas áreas sociais e econômicas, como reforma e construção de escolas, hospitais e policlínicas, revitalização de 1,2 mil quilômetros de rodovias, planos de combate à seca, prevenção contra a chuvarada e também na infraestrutura do setor portuário.
Mesmo assim, no último final de semana Colombo fez um balanço sobre o tal do pacto, no programa Com a palavra o governador, produzido pela assessoria de comunicação do estado, onde jurou que em 2014 as coisas devem caminhar. O padreco sigaba de ter conseguido vencer a burocracia em 2013 e que muitas obras estão começando. A gente investiu de 8% a 10% dos valores pra conclusão de todas as obras, revela Colombo, que não chegou a investir 1 bilhão de reales faltando um ano pro término do mandato.
O governador afirma que as obras vão deslanchar em 2014 e diz que muitas já estão em andamento. Segundo ele, a burocracia das concorrências, judicialização dos projetos e dos processos licitatórios e toda aquela burocracia que envolve os papélis é uma etapa vencida, por isso algumas obras já estão praticamente prontas pra serem entregues, com destaque para cinco obras de trechos rodoviários que serão inauguradas no mês de janeiro.
Obras prioritárias
Muitas obronas devem rolar em 2014, ano em que Raimundo Colombo vai tentar permanecer por mais quatro anos no poder. Por isso, os tais investimentos devem sair dos papélis pra mostrar serviço para os eleitores. Com esse foco, o governo do estado tem um olhar especial na conclusão de mais três unidades para o sistema prisional (depois da onda de violência e queimação de busos que rolou por ordem dos bandidões de dentro dos presídios da Santa & Bela) e também na construção e/ou ampliação dos hospitais de Chapecó, Xanxerê, Joaçaba, Lages, Itajaí, Florianópolis e em Joinville.
Existe, também, muita expectativa com relação às obras rodoviárias, reforma da ponte Hercílio Luz, duplicação do trecho entre Guaramirim e Jaraguá do Sul, SC-108 em Blumenau, e com a via rápida de Criciúma, que ficou emperrada por conta de uma intervenção do ministério Público. Além disso, o radar meteorológico chiquetoso será implantado no município de Lontras, possibilitando que a Defesa Civil cubra 100% do território do estado, antecipando a informação sobre a chuvarada. Segundo o governador, o treco deve entrar em atividade no mês de março do ano que vem. O equipamento de 12 toneladas custou 5 mijones e está sendo montado no Alabama, nos Isteites.
Quanto à grana nos cofres da Santa & Bela, Colombo afirma que 2013 foi um bom ano, com muitos contratos e investimentos. O governador considera que as contas estão equilibradas, mas revela que não tem sobras no caixa.
Com pacto pela reeleição de Colombo, Dilma se projeta pra 2014
O programa de Colombo, não por mera coincidência, lembra muito o tal programa de Aceleração do Crescimento (Pac), do governo federal. Em alguns casos, existem recursos do Pac bancando obronas do Pacto por Santa Catarina, embora o governo do estado jure que são programas independentes. Curiosamente, a proximidade entre a presidenta Dilma Rousseff (PT) e o governador Colombo só aumentou de 2012 pra cá, dentro de uma política de alianças e de um projeto para garantir a reeleição de ambos em 2014.
Coordenado pelo secretário de Planejamento Murilo Flores, o Pacto por Santa Catarina define quatro áreas prioritárias: recuperação de 1,2 mil quilômetros de estradas, implantação de sistema de prevenção de enchentes na região da bacia do rio itajaí, ações de prevenção à seca no oeste e melhoria no sistema carcerário. Todas as obronas devem - ou deveriam - ter a supervisão do comitê Gestor, que é formador pelos abobrões de Planejamento (Murilo Flores), da Fazenda (Antônio Marcos Gavazzoni), Administração (Derly Massaud de Anunciação), da Casa Civil (Nelson Antônio Serpa) e pela procuradoria-geral do estado (João dos Passos Martins Neto).
O programa reúne recursos do tesouro Estadual, BNDES (banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Bid (banco Interamericano de Desenvolvimento), Banco do Brasil, Jica (agência de Cooperação Internacional do Japão), AFD (agência Francesa de Desenvolvimento), Caf (corporação Andina de Fomento) e, através dos convênios federais, a massa do bolo acaba se misturando os recursos do Pac.
A recente visita de Dilma ao estado, no finalzinho de novembro, foi o indício mais escancarado das intenções da presidenta no estado e do propósito de união com Colombo. A oposição não poupou críticas. O senador catarinense Paulo Bauer (PSDB) foi um dos que mais fez berreiro sobre visitinha da chefona-mor a Santa & Bela. O verdadeiro objetivo da visita da presidenta é sacramentar sua aliança eleitoral com o governador Raimundo Colombo, no ato final da maior metamorfose política de que se tem notícia em Santa Catarina, disse em discurso no senado, às vésperas da visita oficial.
No dia seguinte, o senador tucano tava acompanhando a comitiva, tentando tirar uma casquinha da visita da toda-poderosa, que passou rapidinho por São Francisco do Sul, Itajaí e Floripa.
Região de Itajaí
Um dos municípios com a maior concentração de recursos do programa de marketing do governo do estado é Itajaí. Como toda e qualquer ação do governo é colocada no pacote do Pacto, alguns milhões estão sendo investidos na city peixeira, como a ampliação do presídio da Canhanduba, a duplicação da Antônio Heil, a ampliação do hospital Marieta Konder Bornhausen, obras que acabaram fechando a composição do partido Progressista (PP), do prefeito Jandir Bellini, com o PSD de Colombo.
O alcaide peixeiro diz que tá por fora dessa história de pacto e que apenas acompanha as obronas que tão pra rolar na city com recursos estaduais. Eu tenho o conhecimento da duplicação da Antônio Heil, entre Brusque e Itajaí, que deve sair e também das obras na rua Jorge Lacerda que já está licitado. Eu conversei pessoalmente com o governador, e ele me garantiu que no primeiro semestre do ano que vem essas obras serão concluídas, revela Bellini.
Gato escaldado na política, o progressista afirma que não gosta de fazer como Colombo, anunciando obronas antes do tempo. Muitas vezes, a gente acaba decepcionando o cidadão, pois é tudo muito complicado. Só quem está no executivo sabe o quanto é difícil fazer uma obra pública, em função da burocracia, reclama o alcaide.