Itajaí
Secretário de Turismo: Agnaldo Santos
Estamos mudando o foco do turismo em Itajaí
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A vinda das regatonas internacionais a Itajaí, a construção da nova marina no Saco da Fazenda, o crescimento da economia da city peixeira, que hoje tem a segunda maior economia do estado, a discussão sobre o calendário dos eventos tradicionais da cidade, como a Marejada e o festival de Música de Itajaí, ou mesmo o carnaval, trazem à tona um tema muito importante para a cidade: afinal, Itajaí tem vocação para o turismo? Para responder a estas e outras perguntas, o DIARINHO deu um plá com Agnaldo Hilton dos Santos, o secretário municipal de Turismo, que também é empresário do ramo pesqueiro e membro do conselho gestor do Marcílio Dias. Nesta entrevista, o abobrão reconhece que o turismo não é muito a sua praia e que sua indicação é política. Mas ele acredita piamente que o turismo em Itajaí pode vingar e trazer muitos frutos para a cidade, ampliando o foco para a área rural, portuária e pesqueira, aproveitando melhor o potencial da city em parceria com a iniciativa privada. A entrevista foi concedia aos jornalistas Adelaine Zandonai e Victor Miranda. Os cliques são de Lucas Correia.
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DIARINHO Um dos desafios propostos pelo prefeito Jandir Bellini (PP) quando empossou você como secretário de Turismo foi o incentivo ao desenvolvimento da rede hoteleira da cidade. Quantos ...
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DIARINHO Um dos desafios propostos pelo prefeito Jandir Bellini (PP) quando empossou você como secretário de Turismo foi o incentivo ao desenvolvimento da rede hoteleira da cidade. Quantos hotéis novos teremos em Itajaí até os próximos eventos internacionais?
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Agnaldo Na verdade, estamos aproveitando agora o que aconteceu com a Volvo [Ocean Race], que incentivou a vinda de mais investimentos. Com o centreventos, começou a se pensar mais em infraestrutura. Temos a estimativa de que Itajaí terá mais cinco hotéis grandes, considerando-se alguns que serão ampliados. Até a Volvo [em abril de 2015], teremos dois hotéis. [E como que a secretaria de Turismo mapeia as condições da nossa rede hoteleira? Como ela incentiva esses empreendimentos?] Eu acho que o nosso portal na internet já é um grande cartão de visitas e também os nossos incentivos fiscais, dando a possibilidade para o empresário fazer o seu investimento. Então, eu acho que a prefeitura de Itajaí tem essa questão de áreas técnicas pra auxiliar a vinda desses investimentos. Nós temos a parceria com as diversas áreas da prefeitura para dar suporte a esses investimentos.
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DIARINHO A partir de uma declaração do prefeito Jandir, surgiu uma discussão sobre a não realização do festival de Música de Itajaí em 2014, pra esperar a Volvo Ocean Race em 2015. Você é a favor da interrupção de um evento cultural que tem 16 anos de tradição para vinculá-lo a um evento náutico?
Agnaldo O prefeito quer fazer o que é bom para Itajaí e para o nosso futuro. Numa reunião recente que fizemos, eu coloquei que muitos dos nossos artistas não concordam em fazer o festival agregado a outro evento. O próprio pessoal da secretaria de Cultura pensa isso de maneira diferente. O Turismo quer englobar tudo, já pensando a questão socioeconômica, trazendo investimentos. Eu acho que neste último evento a coisa ficou muito mal explicada, por causa do incidente que aconteceu [A discussão que rolou quando a organização do evento desligou os microfones no meio do show da cantora itajaiense Giana Cervi]. Nós pensamos num festival atrativo e bom pra cidade. O prefeito não disse que não vai ter o festival, ele vai fazer o possível pra realizar no melhor calendário. Porque 2014 é um ano complicado. Nós não podemos ficar sem a Marejada que, queira ou não, é um investimento na questão turística. O prefeito vai pegar férias agora, mas antes vai definir o cronograma deste ano. [Mas você acha que o festival deveria acontecer separadamente ou tem que acontecer dentro de um evento náutico?] O festival de Música é realizado pela pasta da Cultura. Então, não cabe a mim dizer o que tem que ser. É preciso haver um entendimento dos artistas com o poder público e com a comunidade. Eu, Agnaldo, tenho o entendimento de que é preciso haver cada vez mais pessoas aqui em Itajaí e desenvolver o nosso turismo. O festival de Itajaí tem que acontecer, mas temos que ver o que é melhor para os músicos e para a nossa cidade. Eu não posso fazer um evento no meio das eleições ou no meio dos Jasc [jogos Abertos de Santa Catarina, que em 2014 acontece na city peixeira]. Eu não posso fazer esse evento no meio de um salão Náutico, mas pode ser paralelo, pois nós temos teatros e outros espaços que podem ser utilizados. Uns torcem para o Marcílio, outros torcem para o Barroso, mas nós temos que torcer é para Itajaí. Este tem que ser o foco. E o prefeito vai pensar muito bem qual é a posição pra se fazer esse grande evento.
DIARINHO E quanto a Marejada? Por que a festa mais tradicional da cidade precisa estar vinculada a um evento náutico e esporádico?
Agnaldo Há uma cobrança, porque a gente sabe que dificilmente vamos conseguir competir com a Oktoberfest [em Blumenau], que hoje já é tradicional e atrai o interesse da iniciativa privada. O que nós podemos fazer é dar uma repaginada. Por isso que se vinculou a Marejada aos eventos náuticos. Nós temos que ver o que é melhor. O contribuinte cobra pra gente não gastar muito. E sempre dá prejuízo. O evento da Volvo trouxe a dinâmica de fazer eventos; aprendemos, porque eles têm uma equipe própria que vem aqui e monta tudo. A Jacques Vabre, por sua vez, trouxe um diferencial de aglutinar os eventos, atraindo muita gente. Tivemos praticamente 100% dos hotéis da cidade lotados no mês de novembro do ano passado. A festa saiu do foco de outubro, fugimos dos grandes trânsitos de BR e conseguimos fazer a abertura do nosso verão. Então, agora, neste ano (mais uma vez frisando, por ser ano de eleição, os jogos Abertos acontecem aqui, mais a Marina que será inaugurada em novembro), temos que ver a melhor agenda pra se fazer esses eventos. Pensamos em fazer um grande evento em outubro, a Marejada, porque cada vez que fazemos um evento, tá se pensando que temos que fazer um evento melhor que a Volvo e a Jacques Vabre. Então, nós vamos fazer um evento de gastronomia que mostre a cultura portuguesa, mas também que venha a cultura polonesa, a cultura alemã, como aconteceu no último evento, no qual veio pra cá até a cultura chinesa, porque este ano vai acontecer a partida da Expedição Oriente, do Schürmann [Vilfredo Schürmann], trazendo também a culinária japonesa, chinesa, tailandesa, o que for. [Então, há esse pensamento?] Eu acho que o próprio itajaiense tem um referencial que é a Marejada. Eu sempre que viajo por aí é divulgo a nossa Marejada, que é a raiz nossa, peixeira. [Então, a intenção é fazer a festa independente da Volvo?] Esquece Volvo. Vamos fazer uma festa este ano pensando na Marejada. Porque a Aventura pelos Mares do Mundo [evento que reuniu vários eventos da cidade em novembro do ano passado, tendo como destaque a regata francesa Jacques Vabre] não pode se vincular à Marejada, pode ser um acessório. Então, nós temos a música, a gastronomia e a náutica. São coisas diferentes. Vamos diferenciar uma coisa da outra. O que nós temos que proporcionar ao turista e à comunidade itajaiense é fazer um trabalho bom, que não se queime. Hoje, nós conseguimos um grande ganho que foi conseguir fazer 50% com recursos privados.
DIARINHO Quantos navios de cruzeiro ainda atracarão em Itajaí nesta temporada e quantos atracaram na temporada passada? Houve uma redução?
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Agnaldo Primeiramente, eu não conhecia a questão turística; vim conhecer agora. Quando a gente vem pra cá [pra administração municipal], somos um cargo de confiança do prefeito. Eu conheço sobre pesca, há 10 anos no mercado eu sei muito bem o que é um peixe nacional e importado. Mas nós perdemos, sim. Assim que quando eu cheguei na secretaria, nós tínhamos perdido uma fatia de quase 35%. Porque uma empresa [Íbero] que fazia quase todas as escalas em Itajaí, deixou de operar no Brasil. Consequentemente, perdeu Rio de Janeiro, perdeu Santos e perdeu Itajaí. E você sabe, quando tem essa imagem negativa, você tem que sair da cadeira e dizer: TBC [pronuncia as letras em inglês: ti bi ci]. Tirar a bunda da cadeira! Conheci um grande empresário do setor e falei que eu tava trabalhando na secretaria de Turismo e gostaria de fortificar as nossas escalas. Então, neste trabalho formiguinha, nós conseguimos fazer uma empresa mudar o foco e recuperamos mais 22%. Então, ficamos com uns 10% abaixo do ano passado, porque a Íbero cancelou as escalas, mas a outra empresa nos ajudou a recuperar um pouco. Infelizmente, pelo tamanho dos navios, não conseguimos colocar no nosso porto navios maiores por causa da bacia de evolução. Em Santos, Itapoá, Rio de Janeiro, é caminho aberto. Nosso caso é diferente, por isso perdemos essa fatia [a dos transatlânticos gigantões]. Mas na dificuldade ou não, nós estamos trabalhando pra fomentar o turismo de Itajaí. E nós também pensamos junto com o prefeito, de fazer um grande píer ali no Cepsul (centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul), porque hoje não conseguimos aportar navios maiores. A ideia do Cepsul (que com todo o respeito e conhecimento que eu tenho pela pesca, não funciona) seria a construção de um novo píer, de 300 metros, que facilita a operação desses navios. Então, nós temos que levar o nosso guia e mostrar que existe Itajaí, pois queremos que esses turistas fiquem aqui. Pelo menos que 30% [dos turistas que chegam nos transatlânticos] possam viajar para cidades da região e o restante venha conhecer os nossos pontos turísticos, a nossa cidade, a questão gastronômica...
DIARINHO Quando você assumiu a secretaria de Turismo, foi divulgada a expectativa de que a Marina de Itajaí, na baía Afonso Wippel (Saco da Fazenda) receberia novas embarcações em 12 meses. Portanto, em agosto de 2014 a marina deverá estar pronta. Esse cronograma será cumprido?
Agnaldo O que atrasou um pouquinho foram as questões ambientais, que tivemos que respeitar. Nós temos um criadouro, que é o Saco da Fazenda. Por isso temos que ver o que determina a lei. O prefeito tá tomando esse cuidado pra fazer tudo dentro da lei. E o cronograma de uma obra é uma projeção, mas acreditamos que em novembro ela será inaugurada.
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DIARINHO Que ações a secretaria de Turismo pretende implementar pra aproveitar a potencialidade da nova marina?
Agnaldo Temos a iniciativa privada com interesse em investir na construção de lanchas. Muitos deles [empresários] fazem um produto em Itajaí e não ficam aqui. Acho que o grande investimento será do próprio investidor nosso. Você pode comprar um barco que terá um lugar onde guardar, e isso facilita. Temos, ainda, a questão de visibilidade nossa. Nós temos a nossa Ani [associação Náutica de Itajaí], que forma nossos velejadores. E, quem sabe, em parceria com a iniciativa privada, possamos formar grandes campeões em competições náuticas. Eu acho que o esporte e a cultura podem também transformar o desenvolvimento turístico de Itajaí. O colorido dos veleiros [da Volvo e da Jacques Vabre] que ficaram aqui chamou muito a atenção das pessoas. Nós vamos ganhar muito em investimento. Há projetos dentro da prefeitura que visam à construção de um grande parque, unificando o centreventos com a marina e áreas de lazer. Então, isso é um diferencial.
DIARINHO Quando Itajaí terá um circuito de turismo pra valer, com atrações bem administradas e bem divulgadas, com roteiro e itinerário, como as cidades turísticas da região?
Agnaldo Estamos mudando o foco, buscando alternativa de fazer o turista ficar em Itajaí. Porque nós temos uma bela via gastronômica, nós temos aqui também a consideração de uma cidade maravilhosa. De uma cidade muito bem florida, que todo mundo gosta. Nós temos informações de sistema on-line sobre a Praia Brava e Cabeçudas, como tem o parque da Atalaia. Agora, nós temos que mudar um pouquinho o foco em que infelizmente nós esbarramos, as várias leis, o que eu fico chateado. Eu gostaria de ter um bondindinho [como o de Balneário Camboriú], que pudesse levar o turista pra conhecer uma indústria pesqueira, que ele possa conhecer o que é uma indústria pesqueira. Na Espanha, eu entrei num trenzinho e fui até a indústria saber como funciona o pescado. E nós temos tudo isso aqui. Por exemplo, a Gomes da Costa hoje é uma empresa de Itajaí que nos orgulha com mais de 1600 funcionários. Você vê investimento e vê um passageiro desse, o turista, embarcar na cidade, aqui, e ir até onde vem o pescado, até o seu processamento, pra ele conhecer a qualidade do pescado. Então, nós estamos nesse foco agora, de levar o turista pra conhecer a nossa raiz portuária e pesqueira.
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DIARINHO Outro compromisso assumido por você, quando tomou posse, foi o desenvolvimento do turismo rural e a promoção de uma mudança no perfil do turismo de Itajaí. Como você pretende fazer isso e qual seria o foco dessa mudança?
Agnaldo Vinícola Prando, vocês conhecem? Vamos conhecer um dia. Nós temos uma vinícola ali, que ali faz o próprio vinho espumante. O lugar tem um restaurante próprio, e o que falta é um hotel. [Onde?] Aqui, na Itaipava. Acho que Itajaí tem que sair um pouquinho só de praia. Há muita gente que gosta mais do verde. O empresário já entrou com projeto com a participação de um banco, pra que possamos ali, além da vinícola, a pessoa possa se hospedar, curtir o espaço verde. Vamos fazer uma tirolesa, um parque diferenciado. Ali vai ser a nossa primeira etapa do turismo rural. Vocês podem ter certeza: ali será o pontapé inicial do turismo rural de Itajaí.
DIARINHO O que a secretaria de Turismo tem feito para incentivar o carnaval itajaiense?
Agnaldo Muito! No ano passado, conseguimos um case principal de carnaval de Itajaí, até com transmissão de uma TV. A gente sabe que há uma cobrança das pessoas que fazem parte. Não podemos só injetar dinheiro. Nós temos que fazer a beleza do evento. Nós, itajaienses, também adoramos praia, futebol e carnaval. E o deste ano vai ser um carnaval diferenciado mais uma vez. Uma coisa é você ganhar um título pra demonstrar a evolução do carnaval. Outra coisa é você manter. Nós temos um convênio, pra repassar um recurso, e dentro desses recursos nós trabalhamos pra fazer um belíssimo carnaval e envolver todos. O que estamos pensando é fazer um carnaval diferente este ano, colocando a participação das crianças. Eu, no meu tempo, curti muito o carnaval da Vila, e a gente se encontrava muito no Sebastião Lucas. Era uma integração. E este ano, mais uma vez, nós queremos colocar o baile público pras crianças participarem na Vila, pra que as comunidades mais carentes participem. Porque muita gente não tem a oportunidade de ser sócio de um clube. Estamos com um projeto de um trio elétrico, pra que possamos sair de Cabeçudas e finalizar na Atalaia, encerrando ali o nosso verão e dar a largada pro nosso carnaval. Mas vou ter que respeitar trânsito, porque quando fecha trânsito, o pessoal xinga. Todas essas coisinhas precisam ser pensadas. Então, nós estamos nos planejando neste sentido. Eu adoro carnaval! Eu acho que tem que gostar! Eu estou na área técnica e a gente aprende, conhecendo a área. Se caso não der, pra não ter problema nas praias, vamos mudar um pouquinho o foco. No dia 28, vamos começar com o trio elétrico no começo da via Gastronômica, indo até o bloco dos sujos e finalizar no mercado Público. No dia primeiro, o nosso grande desfile de carnaval será no centreventos, e no dia 2, a gente tem o desfile dos blocos. Agora, neste final de semana [hoje] temos a eleição da rainha [do carnaval] que vai ser meio-dia com uma roda de samba, mudando um pouquinho o foco noite.
DIARINHO Será o seu primeiro carnaval à frente da secretaria de Turismo. Qual a sua expectativa para o carnaval deste ano? O senhor acha que a cidade aproveita o potencial turístico do feriadão do carnaval? O que é possível fazer para que a cidade melhore nesse aspecto?
Agnaldo Fizemos o réveillon, que não existia em Itajaí. Sem recurso, aos 40 do segundo tempo, terminando uma regata [Jacques Vabre], que é um evento internacional. Eu falei: prefeito, vou fazer; posso? Não consigo avaliar, porque seria muita prepotência minha, mas acredito que foi um diferencial. Tem que fazer o primeiro. O problema é você deixar de fazer. Já pensou se faz Penha, Navegantes, Balneário Piçarras, Balneário Camboriú e não faz Itajaí? O que acontece com o turismo? Tem que fechar as portas. Então, nós demonstramos isso, de fazer um trabalho. Se vocês pegarem a matéria que li sobre a Jacques Vabre, recentemente, vocês vão ver que Itajaí está sim mostrando o que é turismo. Em termo de infraestrutura, em termo de água, que não falta, temos as nossas sinalizações, as quais o pessoal elogia muito. Agora, se eu não pegar a minha retaguarda, não botar pra trabalhar e fazer um trabalho diferente pra atender as pessoas, eu acho que nós perdemos. Então, o carnaval nós temos que fortalecer. E este fortalecimento só se dá se a gente participar. Eu participo do carnaval há muito tempo. [Desfilando em blocos?] Sim. Tem que participar. Nós temos que fazer isso. Vamos colocar painel digital, fazer coisas diferentes, pois nós temos que dar essa informação. Eu falar pra você é uma coisa, mas você produzindo isso, você entra no clima. Então, a gente sabe que está provocando o carnaval. Vamos fazer um diferencial no sábado agora, e queremos que vocês participem com a gente. E pode ter certeza: se ano passado foi bom, neste ano a tendência é fazer muito mais.
DIARINHO Pela primeira vez, em mais de uma década, Itajaí promoveu um réveillon para os moradores da cidade. Como você avalia o evento? Por que sempre ficamos à mercê das festas de cidades vizinhas, se hoje temos um dos maiores PIBs do estado?
Agnaldo Nós temos belas praias, belos comércios, um belo espaço. Creio que este evento foi feito com muita qualidade. Não tivemos nenhum incidente e nos preocupamos em fazer com segurança. Nós não pensamos em quantidade, nós pensamos em qualificar o nosso turista e o nosso itajaiense. Não havia recurso. Por isso eu procurei parceiros, amigos particulares da pesca e da construção [civil] pra me ajudarem a fazer o evento. E eles me ajudaram. Consequentemente, já recebi ligação da cidade vizinha pra que no próximo réveillon possamos fazer juntos, no meio do canal. Nós temos pessoas que trabalham em Itajaí e moram em Navegantes e temos quem mora em Itajaí e trabalha em Navegantes. Precisamos esquecer o lado político da coisa. Nós temos que fazer coisas que possam agregar pessoas, e isso dá satisfação de fazer. Creio que a gente tem que fazer o melhor possível. E não sou só eu; tenho um equipe pra isso.
DIARINHO Há quem diga que a vocação turística de Itajaí é a de turismo de negócios e convenções. O senhor concorda com isso? Por quê?
Agnaldo Se Balneário está pedindo um centro de eventos, é porque existe essa demanda. Itajaí, por sua vez, proporciona hoje a trigésima maior economia do Brasil. Você sabe que hoje, quando você se torna o primeiro Produto Interno Bruto (PIB) do estado, todo mundo fica sabendo, e os investidores vêm pra cá. Se você tirar uma foto de Itajaí de 15 anos atrás, havia cinco ou seis prédios. Como nós temos o centreventos, não podemos transformá-lo num elefante branco. Temos que transformar isso em negócio, porque todos vão participar da cidade economicamente.
DIARINHO O senhor sempre foi muito ligado ao Marcílio Dias. Já passou pelo departamento de futebol e hoje está fazendo parte do conselho gestor do clube. Quer ser presidente do clube?
Agnaldo A gente não pode veicular muito isso agora, pela questão do meu cargo público, porque senão mistura as coisas. Ah, ele queria ser presidente pra ser prefeito, vão dizer. Hoje, o Marcílio Dias responde por toda a nossa Amfri (associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí), todos os municípios que estão ao nosso redor participam disso. Eu aposto com você que se sair pela rua aqui, se não encontrar pelo menos duas camisas do Marcílio Dias, eu te dou um carro zero. Mas se você encontrar, me paga uma janta. Porque é a paixão nossa. O torcedor itajaiense gosta de futebol. Depois do trabalho, eu tenho uma paixão, que é o Marcílio Dias. E acho que nós temos que pensar turisticamente. Eu tenho o prazer de usar a camisa do Marcílio Dias, a foto da Matriz, do Bico do Papagaio, nossas praias. Fui eu que implantei isso. Porque isso leva Itajaí a outros lugares. Se precisar ser presidente, sem prejudicar algum trabalho, pra minha nação rubro-anil, eu tô aqui pra tudo.
DIARINHO Nos bastidores, comenta-se que o Marcílio quer permutar a sua área física, no coração da cidade, com uma construtora. Isto significa que o clube migraria para um bairro afastado e que uma empresa lucraria milhões de reais fazendo um prédio naquele imenso terreno do clube, cuja area é pública. Isto é justo? Por que não fazer um parque público naquela área, ao invés de entregá-la para a iniciativa privada?
Agnaldo Nós teríamos que fazer ali [onde hoje é o estádio do Marcílio] uma grande praça, por estar atrelada ao centro da cidade. Nós temos que investir no Marcílio Dias é na categoria de base. Lamentavelmente, mais um ano se passou e, em 2014, dos seus 29 jogadores, 27 são de fora. E por que não fazemos essa área, que é de grande concentração, até de negócios, que é no centro de Itajaí, e tirar daqui? O estádio é arcaico. É igual a uma casa. É mais fácil fazer uma nova do que ficar investindo. Colocar mais no interior e investir em treinamento, trazendo as escolas pra dentro do Marcílio Dias, pras crianças dali terem um futuro. Então, esta é uma alternativa pra que possamos fazer nossos futuros craques. Creio que a especulação imobiliária existe. Eu acho que: ou transformamos aquilo ali num grande centro pra questão imobiliária e de negócios, ou shoppings, que façam um diferencial, um parque aglutinado. Mas quando se fala assim, no dia a dia, não sou o presidente, não sou o prefeito; nós somos colaboradores. Eu sou torcedor, e o Marcílio hoje precisa pensar na base. Não precisa ter um Neymar da vida, pra ter problemas financeiramente. [A que ponto essa negociação está avançada?] Houve já, uns dois anos atrás, uma empresa uruguaia que queria fazer um shopping ali, transformar aquilo num campo do Atlético Paranaense, como era a Vila Belmiro. Mas eu acho que foi só especulação. Acho que é mais fácil chamar essas grandes imobiliárias, construtoras, pra sentar, pensar e fazer, quem sabe, um centro administrativo da prefeitura, que não existe hoje. Eu estou aqui [na avenida Beira-rio, em um prédio alugado para o funcionamento da secretaria de Turismo], a [secretaria de] Obras está lá em baixo. Então, nós temos que pensar no que for bom. Aquela área lá é muito valiosa, e eu não gostaria que fosse um campo de futebol. Nós temos que sair daquela área, porque é uma construção arcaica, antiga. Não podemos ter uma construção pra acontecer, futuramente, um acidente com o estádio. Nós queremos fazer um estádio fora e investir em um grande CT (centro de Treinamento), investir nas nossas crianças, que possam ter um projeto maior e melhor no futebol.
DIARINHO O senhor é empresário da pesca e ligado ao Marcílio. Ou seja, entende de pesca e futebol. O que o qualifica para ocupar a cadeira de secretário de turismo de Itajaí? Sua indicação é mais política do que técnica? É isso?
Agnaldo Eu acho que ninguém nasce sabendo. Se você foi indicado pra um cargo de confiança, você tem que ir até o fim. Eu, por exemplo, cada vez que tem uma reunião no sindicato, os meus diretores falam: Pô, só vai puxar o saco do turismo? Tenho que focar o turismo. Atrás de mim, além do prefeito, existem 200 mil habitantes, que confiam em mim. E eu tenho que demonstrar o carinho que tenho pelo turismo, por isso brigo e provoco briga, pra lutar pela minha cidade.
DIARINHO Então, quais serão as suas brigas em 2014? Pelo que você vai brigar dentro da prefeitura?
Agnaldo Brigar não, porque temos um colegiado que participa com a gente. Eu não consigo fazer nada sozinho. Sou bem sincero. Não tenho recurso pra isso. Eu não quero gastar dinheiro público. Porque é muito fácil gastar. Nós temos que buscar. Quando fui secretário da Pesca, todos os eventos, todo o investimento na questão do mercado Público, caminhão do peixe e tudo mais, dificilmente era usado dinheiro público. E eram as contrapartidas. Por isso que eu tô sempre buscando recursos extras. O que eu gostaria de fazer é transformar Itajaí numa das melhores cidades, sempre com a participação, junto com a [secretaria de] Obras, Segurança e tudo o mais [...] Você tem que pensar em segurança e dar essa infraestrutura. Nós queremos fazer transformação turística portuária. Se a nossa economia é portuária, por que não conhecer o porto? Se a nossa economia é pesqueira, por que não conhecer as empresas da pesca? Então, nós temos tudo isso pra crescer. Nós temos aí até três anos pra fazer neste governo, e eu estou aqui de passagem. O prefeito pode ligar daqui a 10 minutos e dizer: Muito obrigado, vai embora. Infelizmente, não podemos misturar o lado político. Na atual conjuntura, 2014 vai ser um ano de decisão. Ninguém sabe se vamos tocar o barco juntos ou separados. Mas eu acho que nós temos que dar continuidade ao trabalho. Por isso, aqui dentro da secretaria de Turismo, eu sempre provoquei isso, incentivando as pessoas que são efetivas. Não adianta eu pensar em mim, porque quando der errado, eu sou o culpado; quando dá certo, parabéns à equipe. Este é um jogo de equipe de bom senso. Porque é muito fácil ganhar os parabéns, quando vou à TV, numa rádio, quando vocês vêm aqui. Mas se a minha turma não me ajudar, não adianta.
RAIO X
Nome: Agnaldo Hilton dos Santos
Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ)
Idade: 46 anos
Estado Civil: casado
Filhos: duas filhas, uma de 17 e outra de 12 anos
Formação escolar: economista
Experiência profissional: ex-bancário, empresário do ramo da pesca, membro do conselho Gestor do Clube Náutico Marcílio Dias, secretário da Pesca de Itajaí (de 2009 a 2012). Atualmente, é secretário municipal de Turismo de Itajaí
Experiência política e administrativa: está na vida pública desde 2009, quando começou a integrar a equipe do prefeito Jandir Bellini.
Estamos mudando o foco, buscando alternativas para fazer o turista ficar em Itajaí
Neste final de semana [hoje], temos a eleição da rainha [do carnaval], que vai ser meio-dia com uma roda de samba, mudando um pouquinho o foco da Noite
Fizemos o réveillon, que não existia em Itajaí. Sem recurso, aos 40 do segundo tempo, terminando uma regata [Jacques Vabre]