Colunas


A necessária redefinição dos partidos políticos


Partidos políticos já foram organizações caracterizadas por conciliar interesses políticos de grupos com a capacidade de representar inclinações de grupos distintos de uma sociedade. Ao se confrontarem em parlamentos, expressam embates e discussões existentes na sociedade: forma de disciplinar dissidências entre grupos sociais e evitar colapsos de confrontos físicos entre os grupos. Transfere-se o confronto violento entre pessoas às discussões políticas entre diferentes. A força física é deslocada a argumentos, posicionamentos, persuasão e, por fim, votos. É para que serve a política: evitar os combates físicos, as guerrilhas, as guerras civis e as guerras entre nações. A política é uma instituição fundamental para a formação do Estado e diminuição da violência. Os partidos políticos serviriam a este propósito que, como por magia, consegue contrair os instintos humanos mais primitivos em organizações sociais e políticas de segurança social para a convivência coletiva.

Canalizar a brutalidade física em aceitação de diferenças é o efeito psicanalítico da política: ideais da política na modernidade. A política produz o efeito de deslocar as vontades pessoais e egoístas para cenários coletivos, generalizantes, para fazer brotar o consenso possível. Esta é a liberdade possível [limitada pela condição de vida em grupo], para a fraternidade [se poder viver em sociedade] e a igualdade [institucional, generalizável porque para todos e cada um]. Mas quando ventos sopram com violência contra os ideários civilizacionais, é chegada a hora de se rever o caminho e a história: observar as ‘pegadas dos mais velhos’ é evitar tropeços.

As experiências dos partidos políticos no Brasil estão muito distantes dos ideais do período moderno. Desde a revolução política [França, 1789] e a revolução econômica ou industrial [Inglaterra, 1760-1850], vivemos a nos inspirar no modelo político europeu, sem sucesso. Aqui, a Constituição da República sofre mudanças e rasgos a cada dia; as “ideologias políticas” são confundidas com comportamentos culturais, como o conservadorismo social e religioso; os interesses coletivos são usados para dissimulações e retóricas afônicas; os eleitores servem para legitimar a distância entre as pessoas comuns [difícil considerarmo-nos cidadãos] e as decisões políticas; os políticos [difícil considerá-los representantes do povo] atuam para si, para seus poderes, para alcançar dinheiro público [público é um ente sem cara, sem braços, sem endereço, sem CPF] como se fosse uma conta privada alimentada com depósitos diários de impostos.

Os partidos políticos precisam ser revistos, reconsiderados, refeitos. Hoje, são organizações privadas, com presidente-proprietário, cúpula de decisões que respira dinheiro público com ...

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

Canalizar a brutalidade física em aceitação de diferenças é o efeito psicanalítico da política: ideais da política na modernidade. A política produz o efeito de deslocar as vontades pessoais e egoístas para cenários coletivos, generalizantes, para fazer brotar o consenso possível. Esta é a liberdade possível [limitada pela condição de vida em grupo], para a fraternidade [se poder viver em sociedade] e a igualdade [institucional, generalizável porque para todos e cada um]. Mas quando ventos sopram com violência contra os ideários civilizacionais, é chegada a hora de se rever o caminho e a história: observar as ‘pegadas dos mais velhos’ é evitar tropeços.

As experiências dos partidos políticos no Brasil estão muito distantes dos ideais do período moderno. Desde a revolução política [França, 1789] e a revolução econômica ou industrial [Inglaterra, 1760-1850], vivemos a nos inspirar no modelo político europeu, sem sucesso. Aqui, a Constituição da República sofre mudanças e rasgos a cada dia; as “ideologias políticas” são confundidas com comportamentos culturais, como o conservadorismo social e religioso; os interesses coletivos são usados para dissimulações e retóricas afônicas; os eleitores servem para legitimar a distância entre as pessoas comuns [difícil considerarmo-nos cidadãos] e as decisões políticas; os políticos [difícil considerá-los representantes do povo] atuam para si, para seus poderes, para alcançar dinheiro público [público é um ente sem cara, sem braços, sem endereço, sem CPF] como se fosse uma conta privada alimentada com depósitos diários de impostos.

Os partidos políticos precisam ser revistos, reconsiderados, refeitos. Hoje, são organizações privadas, com presidente-proprietário, cúpula de decisões que respira dinheiro público com mãos do mundo privado, as mesmas mãos que levam camarões até a boca e que, ao mesmo tempo, deixam mãos que esmolam nas ruas. Mãos que esmolam escolas, hospitais, segurança, infraestrutura urbana, água potável e saneamento básico, transporte público...

A democracia requer investimentos públicos – organização de eleições, motivações aos eleitores, responsabilização de candidatos, previsibilidade jurídica de campanhas... Os partidos políticos, quando não funcionam mais como elementos de democracia e se revigoram como entidades privadas para fins privativos, precisam de necessária redefinição... Por tudo que exalam como senhores privados, políticos e partidos políticos são como o metal da espada que não poupa o próprio ferreiro. É hora de revisão ampla da política e suas entidades.

Mestre em Sociologia Política


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

Qual sua opinião sobre a PEC da Blindagem?



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

Viveiros de Castro analisa três problemas mundiais: crise climática, IA e fascismo

PROBLEMAS MUNDIAIS

Viveiros de Castro analisa três problemas mundiais: crise climática, IA e fascismo

Mulheres da Amazônia cobram espaço nas negociações da COP30

MAIS MULHERES!

Mulheres da Amazônia cobram espaço nas negociações da COP30

Como Lula se opôs a Trump ao defender multilateralismo e convocar a "COP da verdade"

ONU

Como Lula se opôs a Trump ao defender multilateralismo e convocar a "COP da verdade"

“Temos de definir para que as Forças Armadas servem”, diz especialista

Punir não basta

“Temos de definir para que as Forças Armadas servem”, diz especialista

Paciente com câncer denuncia indício de fraude no SUS

“Não fiz o tratamento”

Paciente com câncer denuncia indício de fraude no SUS



Colunistas

Jorginho e Juliana orando juntos

JotaCê

Jorginho e Juliana orando juntos

Drones x aeroportos

Coluna Esplanada

Drones x aeroportos

Demandas prioritárias

Coluna Acontece SC

Demandas prioritárias

Caixas de som nas praias de Itajaí

Charge do Dia

Caixas de som nas praias de Itajaí

Coluna Exitus na Política

A necessária redefinição dos partidos políticos




Blogs

Bolsa é investimento

Blog da Jackie

Bolsa é investimento

🧬 BioFAO ou Ozonioterapia — o que são e do que tratam?

Espaço Saúde

🧬 BioFAO ou Ozonioterapia — o que são e do que tratam?

Up na saúde

Blog da Ale Françoise

Up na saúde






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.