Um povo, aglomerado de pessoas numa terra cheia de praias, coqueiros, aves de cores intensas e variadas, rios límpidos, frutos a se dar às mãos, peixes incontáveis, crustáceos dados às pedras ensolaradas, crianças que se jogavam nos rios e banhos de mar repetidos! Entre tantas extravagâncias havia ali uma árvore cor de brasa ao corte, imensa, com tantas raízes aparentes que se prendia ao chão como se fosse o chão. Moravam ali povoados distintos, carnes à mostra do sol, pinturas sobre o rosto, fortes, sem reservas abdominais. Certo dia observaram naves e gritaram em língua estranha: “Naaves e estrambóticos à viiiista!
A história desse destino se conta pelos estrambóticos. Foi originada em documentos anteriores à posse [Tordesilhas, Espanha, 1494] pelos “lusitanus” [povo celta que resistiu à dominação romana com bravura em nome da liberdade]. Deu origem à colônia portuguesa na América. A terra nova foi dedicada à exploração, um quintal para alimentar os desejos ilimitados do reino que gastava mais do que podia. Daquela terra, toda a riqueza retirada seguia a pagar contas da coroa: ouro e diamantes, especialmente nas minas gerais; pau-de-brasa ou pau-brasil, madeira que servia para tingir tecidos e fabricar móveis e navios; açúcar, que adoçava a vida portuguesa. Tudo lavrado a impostos, taxas. Os custos da monarquia eram muitos!!
Diferente da colonização de outras terras, à qual se mandavam famílias a gerar novos nativos, à colônia lusitana chegaram brancos de aristocracia para o mando, brancos de pouco perigo para exploração ...
A história desse destino se conta pelos estrambóticos. Foi originada em documentos anteriores à posse [Tordesilhas, Espanha, 1494] pelos “lusitanus” [povo celta que resistiu à dominação romana com bravura em nome da liberdade]. Deu origem à colônia portuguesa na América. A terra nova foi dedicada à exploração, um quintal para alimentar os desejos ilimitados do reino que gastava mais do que podia. Daquela terra, toda a riqueza retirada seguia a pagar contas da coroa: ouro e diamantes, especialmente nas minas gerais; pau-de-brasa ou pau-brasil, madeira que servia para tingir tecidos e fabricar móveis e navios; açúcar, que adoçava a vida portuguesa. Tudo lavrado a impostos, taxas. Os custos da monarquia eram muitos!!
Diferente da colonização de outras terras, à qual se mandavam famílias a gerar novos nativos, à colônia lusitana chegaram brancos de aristocracia para o mando, brancos de pouco perigo para exploração; negros-objetos-propriedade de brancos, os quais raramente iam à forra [alforria]. Poucas ou raras famílias pisaram neste sul com o fim de procriar e gerar nativos à história da terra. Certa vez, em um casamento, depois de encontros com Dionísio e Baco, casais se confundiram sem mal-estar: os olhos religiosos sacramentais não vigiam e moralidades eram vácuos. Tudo aqui era apenas para exploração, sem pudor. Talvez, depois de fanadas as riquezas, a terra poderia ser abandonada. Não havia projeto de futuro e as contas reais de agora precisavam ser pagas: banquetes, viagens, médicos, roupas, funerais, títulos, alimentação...
Por desditos do tempo, o filho do imperador resolveu se “rebelar” e decidiu, com a ajuda de mulas e um punhado de serviçais, declarar as terras do sul independentes do cordão lusitano. Pedro gostava da vida delirante e estava pouco afeito às entranhas do poder político. Para tentar construir um Estado, chamou alguns independentes para formar a primeira Constituição, logo destituída pelos dissabores do imperador. Pelas mãos de novos independentes, a Constituição foi refeita, ainda sem ter sido feita – nasceu por emenda e encomendas. Por flagelo do tempo, o filho de Pedro – Pedro II [Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Bourbon], foi declarado príncipe regente aos cinco anos e assume o trono pouco antes de completar seus 15.
Pelas travessuras do tempo, o nacionalismo e o patriotismo sofreram transfusão para o futebol, artéria da glória nacional. Muitas e muitas vezes perdem o controle: jogadores vagam em violência, as torcidas declamam versos de atentados e ameaças, quebradeiras, brigas e mortes. O juiz arbitra e, por vezes muitas, é arbitrário. A vitória de um é festejada como a derrota do adversário. Os jogadores lutam, o juiz sentencia, a torcida declara paixões e guerras. Mera coincidência. Já não há desventuras do tempo, senão cultura política. Falta pátria – e mátria.
Mestre em Sociologia Política