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Por Vanessa Tonnet - Vanessatonnet.psi@gmail.com
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Como lidar com o luto perinatal
Lidar com a perda de um ente querido é sempre um momento complexo, exigindo cuidado emocional para enfrentar essa realidade. No caso do luto perinatal, é fundamental aprender a integrar a dor à vida, reconhecendo a quebra de expectativas em relação a um futuro que estava apenas começando.
O luto perinatal refere-se ao processo de dor que pais e familiares vivenciam após a perda de um bebê durante a gestação, no momento do parto ou nas primeiras semanas de vida. Essa perda pode ocorrer por diversas razões, como complicações na gestação ou anomalias congênitas. A vivência desse luto é única, envolvendo não apenas a perda do bebê, mas também a perda de sonhos e planos.
É importante ressaltar que, muitas vezes, a sociedade não reconhece plenamente essa dor, especialmente quando a perda ocorre antes do nascimento. O luto se torna não reconhecido. Frases como “você terá outro filho”, “você é jovem” ou “use esse enxoval para o próximo” podem soar insensíveis, pois não há substituição para a criança que foi perdida. Além dos pais, outros familiares, como avós e irmãos, também podem sentir a dor dessa perda.
Cada pessoa vive o luto perinatal de forma singular, e a intensidade da dor pode variar conforme o contexto. Aqui estão algumas sugestões para ajudar nesse processo:
Permita-se sentir: É essencial acolher as emoções que surgem, como tristeza, raiva e confusão. Não há uma maneira “certa” de sentir durante o luto, e ele pode acontecer em fases distintas.
Busque apoio profissional: Profissionais de saúde mental especializados podem proporcionar um espaço seguro para a expressão de sentimentos e regulação emocional, ajudando a viver um luto saudável, já que o mesmo não é uma doença.
Participe de grupos de apoio: Compartilhar experiências com outros que enfrentaram situações semelhantes pode ser reconfortante e ajudar a criar um ambiente de compreensão.
Comunique-se com seu parceiro ou familiares: Compartilhar sentimentos fortalece os laços emocionais e promove apoio mútuo. A comunicação é vital, pois momentos de luto podem impactar os relacionamentos.
Crie rituais de despedida: Rituais simbólicos, como uma cerimônia memorial, podem ajudar a honrar a memória do bebê e proporcionar um fechamento emocional.
Cuide de si mesmo: Priorizar a saúde física e mental é crucial. Isso envolve uma alimentação saudável, descanso adequado e, se necessário, acompanhamento médico.
Esteja ciente das datas importantes: aniversários e a data prevista para o parto podem ser desafiadores. Planejar como lidar com esses momentos pode ajudar a enfrentar e ressignificar a dor.
Seja paciente consigo mesmo: O luto não tem um cronograma fixo. Cada pessoa tem seu próprio tempo para lidar com a dor, e é importante respeitar esse processo.
Explore recursos de apoio: Existem diversos materiais, como livros e sites, que oferecem informações e histórias de pessoas que enfrentaram o luto perinatal.
Cuide de lembranças significativas: Com o tempo, pode ser necessário desapegar de certos itens que constantemente relembram a dor da perda, para facilitar a evolução emocional.
É fundamental observar sinais de que o luto perinatal se tornou intenso. Tristeza persistente, raiva e sentimentos de culpa são comuns. Além disso, a pessoa pode se sentir isolada socialmente, especialmente se o apoio ao redor for limitado. É importante que amigos e familiares estejam atentos a esses sinais e ofereçam suporte.
Se a dor se tornar insuportável ou se a pessoa sentir dificuldade em integrar essa experiência ao seu dia a dia, é essencial buscar ajuda profissional. O acompanhamento psicológico desde a perda pode ser extremamente benéfico, mas nunca é tarde para iniciar um tratamento.
Lidar com o luto perinatal é um processo desafiador, e cada um pode trilhar esse caminho de maneira única. Se você estiver enfrentando dificuldades, não hesite em procurar apoio. Lembre-se de que não há uma forma correta de viver essa experiência.