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A política, o pênalti


A política, o pênalti

O pênalti é a infração suprema, máxima, contra uma equipe cujo atleta tenha realizado uma falta grave em momentos decisivos de conclusão da meta principal: fazer o gol. Pode ser por algo acidental e, portanto, sem comprometimento do caráter do infrator. Ou pode vir a ser um ato de desespero e intencional, o que aguça a análise sobre a capacidade de tomada de decisões em momentos de intensa mobilização emocional.

Definida a punição aos infratores e depois de organizar a consequente luta psicológica entre o cobrador e o goleiro, a trama ocorre como uma correnteza psicológica insaciável entre os atores. Isolados mentalmente dos torcedores e dos membros das equipes, restam-lhes a observação da sonoridade: a autorização para que a narração previsível ganhe energia e ação.

Num campo de forças mentais e de lutas sobre decisões, cada qual sabe que são observados por pulsos como água desabando em cachoeira. O “batedor” se prepara e espera algum sinal do goleiro. As posições dos joelhos, a indicação do tronco, a disposição previa de se arremessar para um lado e abandonar o outro, faz com que o “batedor” possa controlar sua decisão frente a do oponente. O que fará terá na conta o que o goleiro pretende fazer. O “batedor”, com controle emocional apurado e psicológico seguro poderá fazer a gestão do resultado do goleiro.

Ali, suportando os limites das regras sobre movimento, o goleiro procura observar a comunicação do corpo do “batedor”, suas expressões, se a execução se dará com as forças da perna direita ou esquerda, o quão seus olhos observam os espaços, se foge do confronto ocular, ou se leva as mãos à boca para afastar perturbações... O goleiro deverá alocar sua energia e seu corpo somente, e apenas somente, depois do exato momento de o “cobrador” já não poder voltar atrás.

O cenário da carpidação está coberto de olhares afoitos dos torcedores, da apreensão dos árbitros sobre as regras, da manifestação dos outros atletas. O silêncio é gritante e, em poucos segundos, a vibração tomará o ar. O êxito sobre o ato correrá em pés e mãos. A psicologia esportiva haverá de qualificar os integrantes e seus delicados momentos do esporte.

Toda a gestão sobre as decisões recebe um conjunto de informações, e processá-las pelas “artérias” psicológicas levará a controles mais efetivos sobre o próprio desempenho. A psicologia, a despeito de suas matrizes etimológicas, é uma forma de observar o mundo ao redor do indivíduo e suas próprias ações neste ambiente. Em segundos, tempo necessário para sucesso ou desastre, toda a energia poderá tomar fluxos sem retorno.

Na gestão sobre as decisões políticas, semelhante à cobrança de um pênalti, o que será visto e julgado são os efeitos. Para todos aqueles que imaginam que o poder é um patrimônio pessoal, caberá o aviso supremo de um pênalti: o espetáculo político será resolvido em resultado final. A vibração pelo gol ou pela defesa mostrará a identidade e capacidade de controle, confiabilidade e segurança.

A política é um sistema de cobrança alternada e infinita de pênaltis. Ao final, as orientações sensíveis à decisão se referem à vibração da torcida. Como você gostaria de ser visto ao término da gestão? Sair pela porta da frente, aplaudido, com as luzes dia e agraciado para a memória, ou se pela porta dos fundos, já sem companhia, sem aplausos, solitário e disfarçado pela penumbra noturna. A política não tem dono, e o poder atrai mais amigos do que as pessoas em si mesmas. O poder tem muitos amigos!


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